O governo derrotou os trabalhadores em relação ao
reajuste do seguro-desemprego com base no aumento do salário mínimo no Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), segundo o presidente
da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do
Estado de São Paulo (Fequimfar), Sergio Leite, que também é primeiro
secretário-geral da Força Sindical. Segundo o sindicalista, o placar foi de 9 a
7 para o governo. Assim, o reajuste terá como base o INPC, como queria o
governo.
No total, o conselho tripartite é formado por 18
membros - dois do setor patronal estavam ausentes. Do lado do governo, os seis
votos foram pelo uso do INPC para reajustar o seguro-desemprego. Dos
trabalhadores, também houve unanimidade, mas pelo aumento vinculado ao do
salário mínimo. O primeiro, representa uma taxa de reajuste 6,2% e o segundo,
de 9%.
Dos quatro empresários presentes, 3 votaram com o
governo e apenas um com os trabalhadores. "A pressão do governo sobre os
empresários foi fundamental para o resultado. Fomos derrotados e o governo vai
economizar cerca de R$ 700 milhões", avaliou Leite.
Antes da reunião desta quinta-feira, 15,
empresários informaram ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência
Estado, que receberam ligações do Ministério da Fazenda com argumentos para que
votassem junto com o governo. Dois deles disseram, porém, que os argumentos não
convenceram.
O único empresário a votar ao lado dos
trabalhadores, no entanto foi Luifi Nese, da Confederação Nacional de Serviços
(CNS). "Os demais que estavam aqui não eram presidentes da entidade e,
tenho certeza, não votaram com o coração", disse Luifi.
Mantega vitorioso
Com o resultado, sai vitorioso o ministro da
Fazenda, Guido Mantega. No final do mês passado, Mantega disse em entrevista ao
Broadcast que a posição do governo para a reunião do Codefat seria contrária à
elevação do seguro-desemprego a benefícios atrelada ao mínimo. Mantega afirmou
que a mudança na fórmula de cálculo do reajuste foi definida no início deste
ano e permaneceria assim. Ele temia o aumento de gastos em um momento de
contenção de despesas.
A abertura da posição de Mantega foi feita dias
após o Ministério do Trabalho informar que o conselho deveria aprovar um
reajuste do seguro-desemprego até o final do ano.
A Força Sindical avaliará com seu departamento
jurídico a possibilidade de entrar contra o governo no Supremo Tribunal Federal
(STF). "Não nos demos por vencidos", disse Leite. Os trabalhadores
voltarão a colocar o tema em pauta em setembro, segundo o sindicalista. Ele
admitiu que dificilmente haverá mudança no resultado, mas quer manter o assunto
em dia para não deixar "esfriar". Com isso, a intenção é evitar que o
governo use novo ad referendum para decidir sobre o critério de reajuste do
benefício. "A estratégia das centrais é a de que o assunto volte ao
tema."
Fonte: Gazeta do Povo
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