A praça
do município de Barreiras poderia ostentar a tranquilidade comum a qualquer
centro de cidadezinha do interior do país, não fosse o vaivém barulhento de
caminhões lotados de carga, que todos os dias cruzam a via principal da cidade.
Hoje, a única rota disponível para escoamento dos grãos produzidos no oeste da
Bahia é a BR-242, que corta o Estado em um traçado similar ao que está previsto
para a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
No caso da
BR-242, porém, o destino final é o porto de Salvador. Nesta época do ano, em
plena safra do algodão, nada menos que 1,5 mil caminhões têm circulado diariamente
no eixo que liga as cidades de Luis Eduardo Magalhães, Barreiras e São
Desidério. Para complicar a situação, a estrada de pista simples passa
diretamente pelo centro das cidades, em vez de contorná-las. O asfalto da
BR-242 acusa o golpe.Nas entradas e saídas dos municípios visitados pelo Valor,
o peso das carretas abre valas profundas no
chão. Carros são obrigados a circular em ziguezague para tentar fugir dos
buracos. Os acidentes são frequentes.
No rastro de
filas intermináveis dos caminhões brota o comércio das rodas. Em Luis Eduardo
Magalhães, município de 70 mil habitantes, os moradores da cidade ainda não têm
acesso a uma sala de cinema ou mesmo um shopping center para fazer compras.
Para os caminhoneiros, no entanto, sobram ofertas no agitado Shopping dos
Caminhões, ponto de parada para quem chega e sai da cidade.
"Hoje
nossa situação é essa. Os caminhões estão ai, passando sem parar na nossa
cara", diz o diretor de relações institucionais da Associação de
Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Ivanir Maia, ao abrir a janela de
seu escritório, instalado de frente para a BR-242. NaBahia, afirma Maia, o
papel desempenhado pelos caminhões tem extrapolado a mera função de meio de
transporte. "Hoje também sentimos falta de estruturas para armazenamento.
Nosso principal local para estocagem de grãos hoje se chama caminhão."
O escoamento
da produção agrícola encontra meios de se viabilizar pelo transporte
rodoviário, apesar do alto custo e das dificuldades enfrentadas. No caso do
minério baiano, a única saída comercial possível é a ferrovia. Pelos trilhos da
Fiol está previsto o transporte de 52 milhões de toneladas de carga em meados
de 2018. A maior parte - 45 milhões - será de minério de ferro.
Fonte: Valor Econômico
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