RIO - Apesar dos esforços do governo para manter a inflação sob controle, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, garantiu que a estatal ainda não jogou a toalha e continua brigando por um novo aumento no preço dos combustíveis. "É um assunto sobre o qual estamos trabalhando intensamente, no sentido de buscar o alinhamento dos preços internacionais", disse.
Ao mesmo tempo que pressiona o governo para uma correção nos preços, a Petrobrás acena com a possibilidade de distribuir cerca de R$ 600 milhões em dividendos adicionais aos detentores de ações ordinárias (ON). Como a União tem a maioria das papéis ON, a medida serviria um empurrão para alcançar a meta de superávit para as contas públicas.
A notícia da distribuição de dividendos teve reflexo imediato na valorização das ações Petrobrás. Mas, ao longo do dia, o sinal se inverteu e as ações da estatal fecharam entre as maiores quedas do Ibovespa: - 3,22% para as preferenciais (PN) e -1,49% para as ordinárias (PN).
"Num primeiro momento o resultado foi visto como positivo e a expectativa de dividendos ajudaram, mas o bom humor durou pouco e o mercado começou a olhar o endividamento e o consumo de caixa", disse um operador do mercado, que não quis se identificar. Outro operador destacou que a percepção geral é que se o governo não autorizar o aumento da gasolina a companhia não conseguirá reduzir a queima de caixa.
Defasagem. O último aumento autorizado pelo governo para os combustíveis foi em janeiro, de 10,5% para o diesel e 6,6% para a gasolina. Segundo especialistas, a defasagem entre o preço no Brasil e os praticados no mercado internacional estaria, no segundo trimestre na casa de 20%. Agora já teria ultrapassado 25%.
Barbassa admite que a defasagem se agravou nas últimas semanas com a disparada do dólar. Nesse cenário, sem um novo aumento de preços, a Petrobrás já trabalha com uma piora na relação entre sua dívida e a capitalização líquida até o fim do ano. "É esperado um crescimento (no indicador) da alavancagem", diz. Pelo balanço do segundo trimestre, a Petrobrás trabalha com uma alavancagem de 34%, sendo que a meta da companhia é não ultrapassar 35% do endividamento líquido.
Em relatório, os analistas do HSBC, Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, ressaltam níveis para o fim deste ano superiores àqueles estabelecidos pela estatal. A previsão é que a alavancagem possa atingir 37%. Um aumento de preços elevaria a receita e reforçaria o caixa, reduzindo a relação de alavancagem.
O diretor garantiu que a nova prática de contabilidade de hedge, que minimiza o impacto das variações cambiais, "veio para ficar". Mas disse que a Petrobrás teria fechado no azul mesmo sem essa novidade contábil.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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