A reversão da matriz de transporte de cargas deve
demorar ao menos 15 anos. E até lá o país será predominantemente rodoviário. A
tese é de José Vicente Caixeta, professor titular da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
O docente citou
alguns dos trajetos mais longos de commodities agrícolas feitos por caminhões.
A soja, por exemplo, percorre 3.283 quilômetros para chegar de Campo Novo (RS)
a Porto Velho (RO). O milho viaja 2.037 quilômetros de Nova Mutum (MT) para
Maraú (RS), enquanto o arroz sai de Bagé (RS) e percorre 3.595 quilômetros até
Recife (PE), também de caminhão.
“Não podemos nos
iludir que da noite para o dia vamos ter ferrovias, hidrovias ou qualquer outro
modal. Vamos continuar sendo um país ‘rodoviário’ pelos próximos quinze, vinte
anos”, alertou Caixeta no painel “Mineração e agronegócio: superando obstáculos
para o escoamento da produção”, durante o 8º Encontro de Logística e
Transportes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
“Temos de ter um
plano muito bem estruturado para usar rodovias nos próximos 15,20 anos, e ao
mesmo tempo fazer as coisas acontecer nos outros modais”, explicou.
Caixeta também
engrossou o coro de que não há um planejamento integrado no Brasil para
logística e os transportes.
“Não há uma ação
orquestrada para o país. Nós percebemos uma série de esforços importantes, mas
liderados principalmente por embarcadores que querem resolver seu problema,
como o caso da mineração, que em função de ter um pequeno numero de agentes
envolvidos na produção daquele tipo de carga deu-se uma solução muito
interessante”, disse.
Capacidade de
armazenagem
Segundo a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil conta com uma capacidade estática
instalada para 143 milhões de toneladas, enquanto a produção brasileira de
grãos deve chegar a 184 milhões de toneladas, 460 mil toneladas a mais que o
previsto pela companhia anteriormente.
O Brasil está
despreparado logisticamente tanto para escoar quanto para armazenar sua
produção de grãos, uma vez que a localização dos depósitos nem sempre é
adequada, segundo o professor Caixeta.
“Do final de
janeiro até início de maior existe essa concentração muito forte de colheita no
país e todo mundo quer movimentar seu produto, se a demanda pelo transporte
aumenta, naturalmente o valor do frete também vai ser elevado”, explica
Caixeta. “Então, se tivéssemos uma rede armazenagem bem localizada, isso
amenizaria o problema no curto prazo”, completou.
Fonte: Fiesp
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