Isolado
das demais entidades representantivas dos caminhoneiros, o Movimento União
Brasil Caminhoneiro convocou uma “paralisação pacífica”, das 6 horas da manhã
da segunda-feira (1º) às 6 horas da manhã quinta-feira (5). Uma das
reivindicações é a aprovação imedita da minuta do projeto que muda
completamente a Lei do Descanso (12.619), sancionada há pouco mais de um ano.
“Recomendamos
a todos a não programarem viagens para esse período, de maneira a reduzir o
número de veículos de carga em tráfego nas rodovias e, consecutivamente,
eliminar qualquer possibilidade de transtornos aos demais usuários”, afirma
nota divulgada pelo MUBC. O movimento não diz no documento se fará
piquetes nas rodovias e a Carga Pesada não conseguiu entrevistar seu
coordenador, Nélio Botelho.
As demais
entidades se manifestaram contrárias ao movimento. A Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), que representa os
caminhoneiros empregados, defende a Lei 12.619 da forma como se encontra hoje.
E, por isso, não vai apoiar o movimento. “Entendemos que os outros pontos de
reivindicações são legítimos, mas não podemos apoiar paralisação que vai contra
o descanso da categoria”, afirma o dirigente da entidade, Luís Antonio Festino.
Na
terça-feira, quando a comissão da Câmara dos Deputados irá discutir a minuta
que muda a Lei do Descanso, a CNTTT pretende fazer uma mobilização em Brasília,
contrária à alteração da lei. Caso a proposta avance no Congresso, a entidade
promete realizar um movimento maior no dia 5.
Em nota
enviada à Carga Pesada na manhã desta sexta-feira (28), a Confederação Nacional
dos Transportadores Autônomos (CNTA), disse que, “através de sua base sindical
em todo País já havia recebido um conclame para mobilização da categoria para
realização de manifestos”. Mas afirma que levou ao governo federal as queixas
do setor, que teria se comprometido com a CNTA a dar “resposta a várias
questões pendentes de interesse dos caminhoneiros autônomos até a próxima
segunda-feira (1º)”. Na nota, a confederação não diz quais são essas “questões
pendentes”.
A UNICAM
(União Nacional dos Caminhoneiros) também não vai aderir ao movimento. Em
nota, a entidade entende que ”a regulamentação da profissão de
motorista foi um grande avanço para o transporte rodoviário de cargas e para a
sociedade como um todo, já que a atividade era totalmente desregulamentada”.
A UNICAM
entende que a legislação carece de ajustes “mas não acreditamos em um
movimento grevista mobilizado por empresários travestidos de transportadores
autônomos, que usam esses profissionais para atingir interesses próprios, se
aproveitando de uma oportunidade política no Brasil, com as manifestações
populares vistas nas ruas nas últimas semanas”. Para a UNICAM “a melhor
forma de (promover as) mudanças necessárias nas legislações do setor é por meio
do debate e da busca por soluções conjuntas, e não através de um movimento
grevista”.
O SETCESP –
Sindicato das Empresas de Transporte do Estado de São Paulo – também é contra o
movimento. Em nota, o sindicato de empresários diz que não vai aderir nem
apoiar, além de orientar seus associados para que não façam parte desta greve.
“A entidade acredita no diálogo e na boa interlocução com os órgãos públicos e
governamentais para buscar seus objetivos. Sofremos todos os dias com a
falta de valorização de nossa atividade, mas nem por isso deixaremos as vias de
diálogo com as esferas governamentais, pois este é o caminho para resolver os
problemas do setor”.
Já o
procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Paulo Douglas de Almeida
Moraes disse à Carga Pesada que o órgão estará de plantão durante a próxima
semana e não descarta entrar na Justiça contra possíveis bloqueios de
rodovias. “Um movimento contra a lei 12.619 é um movimento contra os
caminhoneiros e não tem legitimidade. Se o MUBC fizer bloqueio de rodovias
vamos pedir providências na Justiça para garantir o direito de ir e vir dos
demais cidadãos”, declara.
Para o
promotor, o MUBC fala em nome dos caminhoneiros, mas na verdade representa os
interesses do agronegócio.
Fonte: Fetropar
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