Um estudo realizado pela consultoria de negócios
Bain & Company aponta que o Brasil precisaria de 21 mil quilômetros de
autoestradas para aumentar a integração nacional e melhorar a mobilidade
rodoviária no país.
O investimento
necessário seria de até R$ 250 bilhões, afirmou nesta quarta-feira o sócio da
Bain & Company e um dos autores do estudo, Fernando Martins.
Conforme dados
divulgados pelo documento, o programa poderia ser executado no período de seis
a oito anos – sem considerar possíveis atrasos de licenciamento, desapropriação
e execução de obras – e impulsionaria o crescimento do PIB brasileiro em até
1,25% por ano.
Focado
principalmente em autoestradas (rodovias duplicadas), o estudo traz uma
comparação de índices como amplitude e cobertura da rede, condições de
segurança e custo do transporte, condições de manutenção, nível de
investimentos anuais.
Segundo Fernando
Martins, as motivações para a realização da pesquisa foram os trabalhos de
logística que a empresa faz e as constantes reclamações de seus clientes em
relação aos custos, fretes e horários. Ele explica que o documento aponta a
ampliação de rodovias já existentes no país.
“A definição de
autoestrada usada no estudo é rodovia duplicada, duas pistas pra ir e duas pra
voltar, separadas no meio, sem travessia de nível e sem semáforo, sem impedimento.
Elas teriam que ser construídas na forma de duplicações e não construções
completamente novas, porque é mais fácil. O custo inserido no estudo inclui
também melhorias nas vias e não apenas as duplicações, coisas como túneis e
viadutos”, explicou.
Outro motivo para
acelerar o investimento em autoestradas, segundo Martins, seria o alto custo do
transporte e sua importância para a competitividade de custo da indústria
brasileira.
“De acordo com uma
pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2008 a América
Latina gastava 7% do valor das exportações com frete, quase o dobro dos
3,7% gastos pelos Estados Unidos. Parte desse alto custo se deve ao fato de
nossa matriz de transporte ainda ser excessivamente dependente de estradas (60%
da nossa carga transportada é deslocada por estradas, contra 26% no território
americano). E isso só se modifica com pesados investimentos em modais como
ferrovias e hidrovias”, afirmou.
No Brasil, durante
o governo de Juscelino Kubitschek, na década de 1950, houve um impulso ao
sistema rodoviário, principalmente em função da instalação da indústria
automobilística no país, priorizando este modelo no lugar do ferroviário ou hidroviária. Como estes
dois sistemas são algumas vezes mais baratos e vantajosos, a empresa pretende
fazer um novo estudo levando em conta a malha ferroviária brasileira.
Fernando Martins
declara, no entanto, que em função do atraso existente não se pode ignorar os
investimentos necessários também nas rodovias.
“Queremos fazer um
novo estudo de natureza similar sobre qual é o tamanho da malha ferroviária atual e o que a gente
precisaria ter como ideal. Nos Estados Unidos, há uma malha ferroviária
incrível de 200 mil quilômetros de ferrovias cobrindo o país inteiro enquanto,
no Brasil, temos cerca de 20 mil quilômetros ao todo. O tamanho do salto que
teríamos que dar nas ferrovias é tão grande que abandonar as estradas é
inviável”, afirmou.
O estudo atual
sobre o sistema rodoviário deve ser entregue a secretarias de transporte e
órgãos do Governo Federal.
Fonte:
Exame
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