No
passado, um pneu de carga no Brasil era recapado em média duas vezes. Hoje,
esse índice caiu para alguma coisa entre 1,3 e 1,8. Apesar da queda, recapar
pneus ainda é interessante para a maioria das empresas de transportes e
caminhoneiros. É o que revelam os números da Associação Brasileira do Segmento
de Reforma de Pneus (ABR). Enquanto em 2009 as 1.600 recapadoras brasileiras
fizeram 7,8 milhões de recapagens, no ano passado este número chegou a 8,8
milhões.
Os pneus
importados, sobretudo da China, poderiam explicar a queda no índice: mais
baratos e sem a mesma qualidade dos nossos, suas carcaças talvez não
suportassem tantas recapagens. Mas hoje isso mudou. “A melhor qualidade ainda é
a dos pneus nacionais. Mas a qualidade dos importados também melhorou”, diz
Carlos Tomaz, diretor executivo da ABR.
E o
número de pneus importados também cresceu. Segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, saltou de 1,4 milhão em 2009 para 2,9
milhões em 2011 e 2,5 milhões no ano passado. Conforme comentário de um
especialista na área, é como se mais uma fábrica de pneus tivesse se instalado
no Brasil, onde foram vendidos sete milhões de pneus novos no ano passado.
Gerenciamento
Na
discussão entre recapar um pneu ou comprar um novo, a recapagem leva grande
vantagem no preço: custa 40% do valor do novo. De acordo com especialistas
ouvidos, sempre vale a pena recapar, uma vez que o pneu foi feito para
proporcionar até duas reformas. O bom gerenciamento do ciclo de vida do pneu é
o ponto central para reduzir custos por quilômetro rodado.
Carlos
Eduardo Sacco, executivo da Vipal Borrachas/Fate Pneus, que atua tanto no setor
de recapagens quanto no de pneus novos, observa que, se o transportador
utilizar o pneu de maneira adequada, poderá fazer mais recapagens e reduzir
seus custos. “Se chegar a uma terceira reforma, a redução do custo por
quilômetro rodado fica perto de 60%”, afirma.
Para
garantir uma vida mais longa para os pneus é preciso adotar alguns cuidados
essenciais. O executivo da Bridgestone/Bandag, Marcos Aoki, destaca cinco
pontos, chamados por ele de “ladrões de quilometragem”. São eles: alinhamento,
balanceamento, calibragem, desenho adequado e emparelhamento. Segundo Aoki,
quem administra bem estes itens reduz em 85% os problemas com pneu.
“Os
cuidados vão desde a manutenção adequada do veículo até não carregar excesso de
peso”, recomenda. Também é preciso observar o melhor momento para fazer a
recapagem. Segundo Sacco, depende do modelo e do tipo de serviço em que o pneu
é empregado. “O que não pode é esperar o pneu chegar até o TWI (indicador de
uso da banda, na sigla em inglês). Este índice serve de alerta, e pela
legislação, quando o pneu atinge esse nível de desgaste, deve ser retirado de
circulação”, comenta.
Sacco
afirma que os pneus devem ser enviados para recapagem com índice de resíduo de
borracha entre três e quatro milímetros. “É importante contar com uma rede de
reformadores qualificada, de um fabricante de banda que possa fazer o
monitoramento do pneu”, afirma.
Aoki
observa que os transportadores, de modo geral, têm prestado mais atenção à
manutenção correta dos pneus, principalmente nas grandes frotas. Segundo ele, o
trabalho de orientação realizado pelas empresas junto aos transportadores
contribui para essa melhora na manutenção. “O que tem prejudicado mesmo é o que
chamamos de ‘tsunami dos importados’. Isso tem feito muito transportador a
pensar só no preço inicial, e não no custo final. Mas quando ele percebe que
não pôde recapar, acaba voltando para o nosso modelo de negócio, que é ter o
ciclo de vida completo do pneu.
Dicas de
manutenção de pneus
O gerente
de recapagens da Continental Pneus, Wilson Ronzella, informa o que fazer para
uma boa manutenção dos pneus. Levando em consideração que o pneu é um dos itens
que mais pesam nos custos de uma frota, sempre vale a pena recapá-lo.
Entretanto, esse processo aparentemente simples deve levar em consideração
algumas questões básicas.
São elas:
A carcaça
deve ser de boa qualidade, estar em bom estado de conservação e apresentar, no
mínimo, dois milímetros de borracha remanescente.
A
recapagem deve ser feita por uma recapadora que empregue produtos e processos
de qualidade e tenha o selo do Inmetro, que através da Portaria 444 obrigou as
reformadoras de pneus de carga a estabelecer um melhor padrão de qualidade,
segurança e maior vida útil dos pneus.
A pressão
dos pneus deve ser checada (sempre a frio) a cada 15 dias pelo motorista.
Estudos mostram que 50% dos motoristas dirigem com baixa pressão nos pneus.
Rodar com sobrecarga também reduz muito a vida do pneu, além de colocar em
risco a segurança.
É
recomendável que o motorista dirija sempre com atenção, evitando buracos ou
freadas que possam causar arraste lateral.
Também se
deve evitar roçar o pneu contra as guias. Em estradas em condições ruins, a
cautela deve ser redobrada.
Fonte:
Revista Carga Pesada
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