Quando e
onde, essa é a dúvida. Depois do anúncio do Governo do Estado de que as
rodovias estão autorizadas a iniciar a cobrança de pedágio dos veículos
comerciais contabilizando os eixos suspensos, líderes sindicais e caminhoneiros
da região preparam atos de repúdio à determinação. “Não há dúvida que haverá
manifestação, mas a faremos de surpresa”, garante o presidente do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de Contêineres de Guarujá (Sindcon), José Nilton
Oliveira.
Segundo ele,
ainda não há dia, nem hora para começar, mas é certo que ocorrerão protestos e
bloqueios nas rodovias contra a cobrança de todos os
eixos. “Estamos nos preparando. O caminhoneiro precisa sentir no bolso para
poder se mobilizar”, diz. O sindicalista ressalta que o movimento é da
“categoria”, por isso é preciso consultar o maior número de motoristas para se
tomar uma decisão e articular uma possível manifestação, assim como ocorreu no
início do mês.
“Estamos
indo nos terminais, falando com cada caminhoneiro. O sentimento de revolta já é
geral e eles querem fazer algo”, comenta. A expectativa é de que o início da
próxima semana seja de caos nas estradas que servem de acesso à Baixada
Santista, principalmente aquelas que são utilizadas pelos caminhões que seguem
até o Porto de Santos, como a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-248/55), para
o Guarujá e Cubatão, e a Via Anchieta, na entrada de Santos.
Cobrança
Na prática, o início da cobrança significa que
a tarifa dos caminhões passa a ser calculada considerando todos os eixos que
compõem os veículos, independente de estarem em contato com o pavimento ou não,
assim como já acontece nas rodovias federais. Cabe as concessionarias adaptarem
seus sistemas de cobrança e identificação de veículos para efetivar a cobrança.
A
cobrança do eixo suspenso já havia sido anunciada há um mês como uma das
medidas adotadas para possibilitar o reajuste zero das tarifas de pedágio esse
ano – contratualmente era previsto um aumento de 6,5% em todas as praças
da malha estadual no dia 1º de julho. Os novos valores foram adiados devido às
manifestações que bloquearam rodovias por mais de 24 horas.
Segundo o Estado, a medida está
alinhada a uma política de transporte público do governo estadual que tem como
objetivo baixar os custos do transporte e torná-lo mais eficiente e mais seguro, ao reduzir as ocorrências de suspensão de eixo em
movimento com o veículo carregado. A cobrança permite, ainda, uma concorrência
mais justa entre os transportadores e reduz o desgaste do pavimento.
De acordo
com a Artesp, a adoção do novo método de cobrança também é necessária para a
ampliação do Sistema Ponto a Ponto para os veículos comerciais e sua expansão
para todo o Estado. O sistema, que permite o pagamento de pedágio por trecho
percorrido, torna o modelo de cobrança mais justo. Segundo a agência, na SP 360
– primeira rodovia a receber o Ponto a Ponto, os usuários economizaram cerca de
R$ 600 mil em um ano de utilização.
Manifestação
No início do mês, em 2 de julho,
depois de 25 horas de manifestação promovida pelos caminhoneiros, a Rodovia
Cônego Domênico Rangoni (SP-248/55), na altura do Km 250 (praça de pedágio da
Área Continental de Santos). A Tropa de Choque de São Paulo, com 120 militares,
conseguiu dispersar os caminhoneiros que não concordam com a cobrança
individual de caixa eixo dos veículos comerciais.
“Eles chegaram atirando bombas de
gás lacrimogêneo. Não respeitaram ninguém”, disse o presidente do Sindicato dos
Caminhoneiros do Litoral de São Paulo, José Nilton Oliveira. Segundo o sindicalista,
não houve negociação. Apesar de os motoristas apresentarem resistência, a ação
da polícia não deixou feridos. A desobstrução da rodovia foi rápida e durou
pouco mais de 30 minutos.
Depois do enfrentamento na
Domênico Rangoni, José Nilton também pediu para que fosse liberada a entrada do
Porto de Santos pela Avenida Engenheiro Augusto Barata (Retão da Alemoa). “A
cobrança (dos eixos) foi suspensa temporariamente, então o protesto para hoje”,
afirmou. Se o Governo do Estado determinar a nova obrigatoriedade do pagamento
dos eixos desses veículos, poderá haver outros bloqueios.
Fonte: Jornal A Tribuna
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