quinta-feira, 4 de julho de 2013

É JUSTO PRORESTAR!


No meu trabalho eu procuro ser imparcial, mas é evidente que faço uma defesa pelos direitos dos bonscaminhoneiros, dos profissionais de verdade. Eu entrevisto caminhoneiros há dez anos. Já vi motorista chorar jogado à beira do acostamento com a carreta quebrada, sem nenhuma assistência da rodovia que cobra pedágio caro. Liguei para a Concessionária e em quinze minutos chegou um guincho para rebocar o caminhão e levar a um local seguro. Eu fiquei indignado com esse descaso da Concessionária, que só prestou o serviço por que um repórter ligou.
Esse descaso está em muitos lugares. A vida na estrada é cruel. Assalto, corrupção, acidente, restrição à circulação, caminhão feito de armazém, longas horas de espera, falta de estrutura para receber a esposa e o filho que acompanham o caminhoneiro, semanas sem ver a família, sem acompanhar o crescimento dos filhos de perto… E tudo isso para ganhar pouco, trabalhar muito e deixar o dinheiro no pedágio.
É preciso por um basta nisso. Pra mim a Lei do Descanso é o caminho para mudar essa situação. Sobre fazer protesto, sou a favor. É legítimo reivindicar. Sobre fechar rodovia, é outra história, porque distancia ainda mais a sociedade de uma causa legítima. Acho que o correto seria ficar em casa com a família.
Escrevo isso, por que hoje algumas pessoas imaginaram que eu critiquei as manifestações dos caminhoneiros em editorial do jornal O Estado de S.Paulo. Quem escreve é algum diretor ou articulista no espaço destinado a dar a opinião do jornal.
Eu nem trabalho no Estadão. Só leio. E como o Estadão é um importante formador de opinião, eu compartilhei com vocês o artigo “Locaute dos caminhoneiros”(Para ver a matéria original CLIQUE AQUI). Trata-se de uma crítica às manifestações. O jornal tem liberdade para criticar o que quiser, mas me pareceu bastante simbólico, pois é uma demonstração de como os caminhoneiros estão isolados neste protesto.
Alguns me cobraram por que eu não faço alguma coisa. Acontece que não sou representante dos caminhoneiros. Sou repórter. O que faço é dar voz aos caminhoneiros. Observe o trabalho que a gente faz no Pé na Estrada e me responda: algum setor da imprensa dá mais espaço para os caminhoneiros falarem do que a gente?
Fonte: Pé na Estrada


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