Cinquenta mil pessoas participaram da marcha das
centrais, segundo estimativas dos organizadores. No início da tarde, os
presidentes das seis entidades tiveram uma reunião de 15 minutos com o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e esperam que a pauta
trabalhista destrave no Parlamento. Eles também acreditam que a manifestação de
ontem (6) representa uma reabertura de negociações com o governo. Os discursos
reforçaram a necessidade de unidade na ação das centrais, mas alguns
desentendimentos ficaram visíveis.
A CUT, por exemplo, informou que não iria à
audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). E declarações do
presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho
(PDT-SP), apontavam um rompimento com o governo. "A presidenta fechou a
porta para os movimentos sociais", disse o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação Nacional dos Trabalhadores
Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres.
Renan não falou com os jornalistas após a
reunião com as centrais. Ele recebeu a pauta das entidades, que inclui itens
como fim do fator previdenciário, redução da jornada e ratificação da Convenção
151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo relatos dos
participantes, o presidente do Senado se colocou "à disposição", mas
lembrou que alguns itens da pauta estão na Câmara, como o fator previdenciário.
De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), Renan
teria tido que "uma aproximação maior com nosso povo passa
por uma articulação com o movimento sindical". Sobre queixas de alguns
sindicalistas sobre a necessidade de mais diálogo entre governo e centrais, ele
comentou que "é importante que a presidenta Dilma possa ouvir".
"Acho que pode melhorar (a relação entre governo e movimento social)",
comentou. A pauta das centrais, acrescentou só pode avançar com movimentos como
o de hoje. "Com essa pressão, acho que ajuda", afirmou Paim, ao falar
especificamente do fator previdenciário, item mais citado nos discursos.
"Toda as conquistas que obtivemos foi quando
tivemos unidade das centrais", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.
"Nossa marcha precisa ter uma conquista. Espero que (a reunião com Dilma)
seja a abertura de um processo de negociação." Segundo ele, os
empresários, que "ganharam a desoneração da folha de pagamento", têm
de "engolir" a redução da jornada.
Paulinho anunciou que os portuários farão
nova greve nacional de 24 horas, no próximo dia 19. O objetivo, segundo ele, é
"agilizar a negociação" sobre a Medida Provisória (MP) 595, que trata
de mudanças no setor.
A marcha ocupou toda a extensão, em um dos
lados, da Esplanada dos Ministérios. Foi interrompida durante 20 minutos,
porque o principal carro de som, que levava os presidentes das centrais, não
passava por um viaduto – as grades tiveram de ser abaixadas. A manifestação foi
reforçada por manifestantes da Contag, que fazem congresso nacional, dos
servidores federais, que estavam reunidos para discutir a campanha salarial, e
de trabalhadores sem-terra, acampados diante do Incra.
FONTE: Rede Brasil Atual, 07 de março de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário