quinta-feira, 7 de março de 2013

Sindicalistas esperam que governo 'reabra negociação' sobre pauta trabalhista



Cinquenta mil pessoas participaram da marcha das centrais, segundo estimativas dos organizadores. No início da tarde, os presidentes das seis entidades tiveram uma reunião de 15 minutos com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e esperam que a pauta trabalhista destrave no Parlamento. Eles também acreditam que a manifestação de ontem (6) representa uma reabertura de negociações com o governo. Os discursos reforçaram a necessidade de unidade na ação das centrais, mas alguns desentendimentos ficaram visíveis.
A CUT, por exemplo, informou que não iria à audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). E declarações do presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), apontavam um rompimento com o governo. "A presidenta fechou a porta para os movimentos sociais", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres.
Renan não falou com os jornalistas após a reunião com as centrais. Ele recebeu a pauta das entidades, que inclui itens como fim do fator previdenciário, redução da jornada e ratificação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo relatos dos participantes, o presidente do Senado se colocou "à disposição", mas lembrou que alguns itens da pauta estão na Câmara, como o fator previdenciário.
De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), Renan teria tido que "uma aproximação maior com nosso povo passa por uma articulação com o movimento sindical". Sobre queixas de alguns sindicalistas sobre a necessidade de mais diálogo entre governo e centrais, ele comentou que "é importante que a presidenta Dilma possa ouvir". "Acho que pode melhorar (a relação entre governo e movimento social)", comentou. A pauta das centrais, acrescentou só pode avançar com movimentos como o de hoje. "Com essa pressão, acho que ajuda", afirmou Paim, ao falar especificamente do fator previdenciário, item mais citado nos discursos.
"Toda as conquistas que obtivemos foi quando tivemos unidade das centrais", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas. "Nossa marcha precisa ter uma conquista. Espero que (a reunião com Dilma) seja a abertura de um processo de negociação." Segundo ele, os empresários, que "ganharam a desoneração da folha de pagamento", têm de "engolir" a redução da jornada.
 Paulinho anunciou que os portuários farão nova greve nacional de 24 horas, no próximo dia 19. O objetivo, segundo ele, é "agilizar a negociação" sobre a Medida Provisória (MP) 595, que trata de mudanças no setor.
 A marcha ocupou toda a extensão, em um dos lados, da Esplanada dos Ministérios. Foi interrompida durante 20 minutos, porque o principal carro de som, que levava os presidentes das centrais, não passava por um viaduto – as grades tiveram de ser abaixadas. A manifestação foi reforçada por manifestantes da Contag, que fazem congresso nacional, dos servidores federais, que estavam reunidos para discutir a campanha salarial, e de trabalhadores sem-terra, acampados diante do Incra.
FONTE: Rede Brasil Atual, 07 de março de 2013

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