Veículos que transitam em rodovias com
pavimentos classificados como bom ou ótimo estado podem ser até 5% mais
econômicos que aqueles que passam por estradas com pavimento ruim ou péssimo.
No entanto, a realidade brasileira aponta que uma parcela considerável das vias
do país não está conservada. Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2012, por
exemplo, 45,9% dos pavimentos das rodovias brasileiras são classificados como
regular, ruim ou péssimo. Resultado: o consumo de óleo diesel poderia ser menor
do que o atual.
De acordo com dados que constam no
“Relatório Síntese de Informações Ambientais”, elaborado pelo Programa
Ambiental do Transporte, Despoluir, da Confederação Nacional do Transporte, se
a infraestrutura fosse melhorada, isso geraria uma economia de combustível de
cerca de 616 milhões de litros, o que representa R$ 1,29 bilhão por ano.
O documento foi feito a partir da
pesquisa “Caminhoneiros do Brasil: Empregado de Frota e Autônomo”, da CNT, Sest
Senat e Escola do Transporte. O objetivo da pesquisa é ampliar o conhecimento
sobre as atividades do caminhoneiro autônomo e do caminhoneiro empregado de
frota, a fim de aprofundar as informações econômicas, financeiras, sociais e
ambientais relativas ao setor de transporte rodoviário, além de traçar um breve
perfil do caminhoneiro.
Para o levantamento, foram feitas mil
entrevistas em 63 postos de combustíveis de 35 municípios, de 11 estados, entre
os dias 11 e 19 de julho de 2011.
Renovação
Os dados da pesquisa confirmam que a
maior e a mais velha frota brasileira de caminhões pertence aos autônomos: 60 %
dos entrevistados pertencem a esta categoria e possuem veículos com idade média
de 17 anos, contra oito anos dos pertencentes às empresas de transporte.
A maior parte da frota do país
concentra-se nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Os estados
com menor frota são Acre, Maranhão, Piauí e Distrito Federal.
A idade avançada da frota é sinônimo
de inúmeros problemas. Os veículos mais velhos precisam de um maior número de
manutenções. Quadro agravado entre os autônomos, uma vez que mais de 50% dos
seus veículos já foram retificados ou não possuem motor original, contra 21,8%
dos veículos das empresas. “Esta característica, além de gerar maiores gastos,
representa nos veículos perda de confiabilidade, possível redução de potência,
aumento de consumo e maior emissão de poluentes atmosféricos”, detalha o
relatório da CNT.
A quilometragem rodada dos veículos
também guarda uma relação com a idade da frota, pois, quanto mais velhos, menor
a confiabilidade para rodar grandes distâncias. Observa-se que a frota com mais
de 17 anos, média de idade da dos autônomos, roda aproximadamente 24 % a menos
que um veículo novo.
Assim, fica claro na pesquisa que a
capacidade de carga também é prejudicada nos veículos mais antigos. As novas
tecnologias dão, aos caminhões modernos, maior capacidade de carga e um melhor
desempenho.
A poluição atmosférica é outro grave
problema relacionado à idade da frota. A média de 17 anos dos caminhões dos
autônomos representa maior emissão de poluentes, pois os motores destes
veículos correspondem à fase P2 do Proconve. Atualmente os veículos produzidos
no país na fase P7 chegam a emitir até 90% menos poluentes em relação à fase
P2. A título de exemplo, um veículo da fase P2 chega emitir a quantidade de MP
equivalente a 30 veículos da P7.
Com esse cenário, o estudo aponta a
“necessidade de um plano de renovação de frota, voltada especialmente para
caminhoneiros autônomos que, devido às condições de mercado, têm grande
dificuldade para substituir seu veículo velho por um mais novo”. Além da
renovação de frota, a pesquisa sugere a adoção de ações que otimizem a
eficiência energética dos veículos e dos deslocamentos, com o intuito de
reduzir o impacto do setor de transporte no meio ambiente.
Os dados levantados servirão como
subsídio para a formulação de políticas públicas e, principalmente, para a estruturação
de ações do Despoluir, Programa Ambiental do Transporte e para a construção de
premissas básicas confiáveis para o desenvolvimento de estudos, metodologias,
planos, programas e ações do governo voltados para a qualidade ambiental.
Perfil dos deslocamentos
Segundo os profissionais
entrevistados, eles rodam, em média, 10.400 km por mês, o que representa um
total de 125 mil km por ano. Aproximadamente 90% deles transitam,
predominantemente, com velocidade média acima de 60 km/h.
A principal carga transportada é
fracionada e variada. Quase 80% dos entrevistados rodam com os caminhões
vazios. Destes, quase 30% da quilometragem rodada total é feita com o caminhão
vazio.
A quantidade de carga média carregada
é de 19,5 toneladas. Sendo 18 toneladas dos autônomos e 21,6 toneladas dos
empregados de frota. “Melhor roteirização, planejamento logístico e
operacional; e a construção de centros de distribuição e de terminais
intermodais são ações que impactariam positivamente no meio ambiente e na
logística brasileira, proporcionando um desenvolvimento mais sustentável ao
país”, assegura o relatório.
Perfil dos profissionais
Dos profissionais entrevistados, 59,7%
são autônomos e 40,3%, empregados de frota. A grande maioria, 99,5%, são homens
com idade média de 42,2 anos. Desses, 43,7% cursaram apenas o Ensino
Fundamental (antigo Ginasial), 34,7%, o Ensino Médio (antigo Colegial) e 15,8%,
o primário. Apenas 2,9% têm ensino superior e, 0,2%, pós graduação.
A renda líquida mensal dos autônomos é
de R$4.902,40, enquanto a dos empregados de frota é de R$ 3.166,20.
Fonte: Agência CNT de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário