O preço do diesel nas
refinarias de todo o país teve um reajuste de 5% a partir da meia-noite desta
quarta-feira (6). A informação foi repassada pela Petrobras por volta das 20
horas desta terça (5). O valor sobre o qual incide o reajuste anunciado não
inclui os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS.
Segundo a Petrobras, o
reajuste foi definido de acordo com a política de preços da companhia, “que
busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado
internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo.”
O novo reajuste deve
colaborar para reduzir a defasagem entre os valores praticados pela Petrobras
no mercado interno e a cotação internacional, que tem provocado perdas para a
estatal por conta de um aumento na importação de derivados. A alta do diesel
deverá ainda dar fôlego para a Petrobras desenvolver seu bilionário plano de
investimentos.
Para o presidente do
Sindicato dos Postos de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto
Fregonese, o reajuste não deve demorar muito para chegar até o bolso da
população. “Eu acho que esse impacto vai ser sentido já a partir de amanhã
(quarta). Os postos não têm como segurar o valor como era. Por causa da baixa
rentabilidade, o repasse vai ser meio que imediato”.
De acordo com Fregonese,
até então, os valores do diesel em todo o estado variavam entre R$2 e R$ 2,10.
A partir desta quarta, os três tipos deste combustível disponíveis no Brasil –
o S 1.800, S 500 e S 10 – poderão ter um aumento que varia entre R$ 0,05 a R$
0,10 por litro.
Já de acordo com o Luiz
Carlos Podzwato, superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de
Carga no Paraná (Setcepar) o aumento vai impactar diretamente os custos nos fretes
de todo o país e prejudicar de imediato as empresas de transporte, que
dificilmente terão condições de repassar o reajuste total para o mercado.
Além disso, Podzwato
aposta que, com o reajuste anunciado, a variação no preço dos fretes pode
chegar a subir cerca de 3%. “As cargas de baixo valor agregado, como a da soja,
do milho e do adubo, por exemplo, serão mais afetadas. Acho que esses são
pontos fundamentais desse impacto, porque as empresas terão muita dificuldade
em negociar o repasse do reajuste”, explicou.
O aumento do
combustível, utilizado principalmente em caminhões, carretas, ônibus e
tratores, deve ter impacto em outros produtos que dependem do transporte
rodoviário. Os reflexos também devem ser sentidos entre os usuários do
transporte público e, no caso de Curitiba, pode influnciar o preço da passagem
de ônibus, que deve ser reajustado nos próximos dias pela prefeitura de
Curitiba.
Resultados
Em 2012, o lucro da
Petrobras caiu 36,3%, para R$ 21,182 bilhões. O resultado foi pior que o
esperado por analistas, que estimavam queda de cerca de 30%. A receita líquida
da empresa foi de R$ 281,3 bilhões, 15% maior que a verificada em 2011, de R$
244,1 bilhões.
Segundo Graça Foster, o
resultado se deu “pelo aumento da importação de derivados a preços mais
elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto nosso resultado
financeiro como nossos custos operacionais, pelo aumento de despesas
extraordinárias como a baixa de poços secos e pela produção de petróleo”,
afirmou.
Aumento do diesel é o
segundo do ano
O aumento anunciado
nesta terça-feira (5) é o segundo para o combustível do ano, após a estatal ter
elevado em 30 de janeiro os preços da gasolina e do diesel, em 6,6% e em 5,4%,
respectivamente.
Este é o quarto aumento
do diesel desde o início de 2012. A gasolina teve dois aumentos no mesmo
período. O reajuste de janeiro provocou o primeiro impacto no bolso do
consumidor desde 2005 -desde lá, o governo optava por abrir mão na arrecadação
da Cide (imposto federal dos combustíveis) para anular a alta nos postos. No
fim de 2012, o imposto foi zerado e não pode mais compensar os reajustes.
Em fevereiro, a
presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que lutava por novos aumentos no
preço dos combustíveis, em “busca permanente pela paridade com os preços
internacionais” do petróleo e derivados.
CNT: frete rodoviário
subirá 1,25% com alta do diesel
O presidente da
Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, disse nesta
quarta-feira (6) que o reajuste de 5% do preço do óleo diesel anunciado na
terça-feira (05) pela Petrobras provocará um impacto médio de 1,25% sobre o
valor do frete. “É sempre uma pressão inflacionária, já que 60% do transporte
de carga no País é sobre rodovias”, afirmou.
A Petrobras informou na
noite de terça-feira (05) um reajuste de 5% no preço de venda do diesel nas
refinarias, a vigorar a partir da 0h00 desta quarta-feira. Segundo comunicado
da empresa o reajuste foi definido levando em consideração a política de preços
da companhia, que “busca alinhar o preço dos derivados aos valores do mercado
internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo”.
Clésio Andrade, que é
senador pelo PMDB de Minas Gerais, participa nesta quarta-feira de reunião com
o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro promoveu reunião com
representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação
Nacional do Comércio (CNC), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Confederação Nacional do
Transporte (CNT) e Confederação Nacional de Serviços (CNS) para discutir o tema
“conjuntura”.
Alta do diesel na bomba
será menor que nas refinarias, prevê Sindicom
O reajuste do preço do
diesel de 5%, anunciado na véspera pela Petrobras, deverá ser repassado nas
bombas em um percentual inferior, mas os custos maiores com o combustível terão
impacto na economia, especialmente para a agricultura, avaliou nesta
quarta-feira (6) o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
A alta do diesel, o combustível
mais usado no Brasil, respondendo por entre 45% e 50% do consumo total de
combustíveis no país, deverá resultar em elevação de custos para a economia
como um todo, já que é usado no transporte rodoviário de cargas e em vários
outros setores.
“Os preços são livres,
mas estimamos que o repasse seja inferior a 5 por cento”, afirmou o presidente
do Sindicom, Alisio Vaz, preferindo não fazer projeção de quanto seria o
reajuste nos postos, até como forma de evitar alguma meta de reajuste para o
setor.
Segundo ele, o repasse
imediato é menor porque o diesel tem uma mistura de biodiesel, de 5 por cento,
que dilui em parte o reajuste. Além disso, existem as margens dos postos, das
distribuidoras, que também interferem no valor vendido na bomba.
“Isso (eventual projeção
de alta) pode ser visto como uma indução, só digo que o reflexo é inferior ao
índice na refinaria, existem parcelas no preço que não sofrem o reajuste,
certamente o índice será inferior”, afirmou à Reuters nesta manhã.
A Petrobras informou que
o reajuste nas refinarias vale a partir desta quarta-feira, buscando
alinhamento aos valores praticados no mercado internacional e reduzir os
prejuízos verificados em sua divisão de Abastecimento.
Como o diesel é o
combustível mais usado, certamente ajudará a reforçar o caixa da empresa.
Segundo Vaz, o reajuste
anunciado na terça-feira pegou o setor de surpresa, até porque foi o quarto
registrado desde junho do ano passado.
No final de janeiro, a
Petrobras anunciou uma alta de 5,4 por cento no diesel. Em 2012, a estatal
promoveu dois reajustes no combustível: um de 6 por cento, em julho, e outro de
quase 4 por cento, em junho.
“Pegou completamente de
surpresa, ninguém esperava tão cedo, pouco depois do reajuste de janeiro”,
afirmou.
Vaz comentou que a alta
nos custos deverá impactar empresas de transporte de passageiros, de cargas, a
geração elétrica –já que algumas centrais termelétricas usam diesel– e
especialmente a agricultura, que utiliza o combustível em todas as etapas, da
preparação do solo até a colheita e o transporte da mercadoria.
“O diesel movimenta a
economia… A agricultura é fortemente impactada”, disse ele, ponderando que os
custos dos agricultores, que deverão colher uma safra recorde no país este ano,
certamente vão subir.
Fonte: Gazeta
do Povo
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