quinta-feira, 7 de março de 2013

PREÇO DO DIESEL TEVE REAJUSTE DE 5% A PARTIR DESTA QUARTA



O preço do diesel nas refinarias de todo o país teve um reajuste de 5% a partir da meia-noite desta quarta-feira (6). A informação foi repassada pela Petrobras por volta das 20 horas desta terça (5). O valor sobre o qual incide o reajuste anunciado não inclui os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS.
Segundo a Petrobras, o reajuste foi definido de acordo com a política de preços da companhia, “que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo.”
O novo reajuste deve colaborar para reduzir a defasagem entre os valores praticados pela Petrobras no mercado interno e a cotação internacional, que tem provocado perdas para a estatal por conta de um aumento na importação de derivados. A alta do diesel deverá ainda dar fôlego para a Petrobras desenvolver seu bilionário plano de investimentos.
Para o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, o reajuste não deve demorar muito para chegar até o bolso da população. “Eu acho que esse impacto vai ser sentido já a partir de amanhã (quarta). Os postos não têm como segurar o valor como era. Por causa da baixa rentabilidade, o repasse vai ser meio que imediato”.
De acordo com Fregonese, até então, os valores do diesel em todo o estado variavam entre R$2 e R$ 2,10. A partir desta quarta, os três tipos deste combustível disponíveis no Brasil – o S 1.800, S 500 e S 10 – poderão ter um aumento que varia entre R$ 0,05 a R$ 0,10 por litro.
Já de acordo com o Luiz Carlos Podzwato, superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga no Paraná (Setcepar) o aumento vai impactar diretamente os custos nos fretes de todo o país e prejudicar de imediato as empresas de transporte, que dificilmente terão condições de repassar o reajuste total para o mercado.
Além disso, Podzwato aposta que, com o reajuste anunciado, a variação no preço dos fretes pode chegar a subir cerca de 3%. “As cargas de baixo valor agregado, como a da soja, do milho e do adubo, por exemplo, serão mais afetadas. Acho que esses são pontos fundamentais desse impacto, porque as empresas terão muita dificuldade em negociar o repasse do reajuste”, explicou.
O aumento do combustível, utilizado principalmente em caminhões, carretas, ônibus e tratores, deve ter impacto em outros produtos que dependem do transporte rodoviário. Os reflexos também devem ser sentidos entre os usuários do transporte público e, no caso de Curitiba, pode influnciar o preço da passagem de ônibus, que deve ser reajustado nos próximos dias pela prefeitura de Curitiba.
Resultados
Em 2012, o lucro da Petrobras caiu 36,3%, para R$ 21,182 bilhões. O resultado foi pior que o esperado por analistas, que estimavam queda de cerca de 30%. A receita líquida da empresa foi de R$ 281,3 bilhões, 15% maior que a verificada em 2011, de R$ 244,1 bilhões.
Segundo Graça Foster, o resultado se deu “pelo aumento da importação de derivados a preços mais elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto nosso resultado financeiro como nossos custos operacionais, pelo aumento de despesas extraordinárias como a baixa de poços secos e pela produção de petróleo”, afirmou.
Aumento do diesel é o segundo do ano
O aumento anunciado nesta terça-feira (5) é o segundo para o combustível do ano, após a estatal ter elevado em 30 de janeiro os preços da gasolina e do diesel, em 6,6% e em 5,4%, respectivamente.
Este é o quarto aumento do diesel desde o início de 2012. A gasolina teve dois aumentos no mesmo período. O reajuste de janeiro provocou o primeiro impacto no bolso do consumidor desde 2005 -desde lá, o governo optava por abrir mão na arrecadação da Cide (imposto federal dos combustíveis) para anular a alta nos postos. No fim de 2012, o imposto foi zerado e não pode mais compensar os reajustes.
Em fevereiro, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que lutava por novos aumentos no preço dos combustíveis, em “busca permanente pela paridade com os preços internacionais” do petróleo e derivados.
CNT: frete rodoviário subirá 1,25% com alta do diesel
O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, disse nesta quarta-feira (6) que o reajuste de 5% do preço do óleo diesel anunciado na terça-feira (05) pela Petrobras provocará um impacto médio de 1,25% sobre o valor do frete. “É sempre uma pressão inflacionária, já que 60% do transporte de carga no País é sobre rodovias”, afirmou.
A Petrobras informou na noite de terça-feira (05) um reajuste de 5% no preço de venda do diesel nas refinarias, a vigorar a partir da 0h00 desta quarta-feira. Segundo comunicado da empresa o reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que “busca alinhar o preço dos derivados aos valores do mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo”.
Clésio Andrade, que é senador pelo PMDB de Minas Gerais, participa nesta quarta-feira de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro promoveu reunião com representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional do Comércio (CNC), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Confederação Nacional de Serviços (CNS) para discutir o tema “conjuntura”.
Alta do diesel na bomba será menor que nas refinarias, prevê Sindicom
O reajuste do preço do diesel de 5%, anunciado na véspera pela Petrobras, deverá ser repassado nas bombas em um percentual inferior, mas os custos maiores com o combustível terão impacto na economia, especialmente para a agricultura, avaliou nesta quarta-feira (6) o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
A alta do diesel, o combustível mais usado no Brasil, respondendo por entre 45% e 50% do consumo total de combustíveis no país, deverá resultar em elevação de custos para a economia como um todo, já que é usado no transporte rodoviário de cargas e em vários outros setores.
“Os preços são livres, mas estimamos que o repasse seja inferior a 5 por cento”, afirmou o presidente do Sindicom, Alisio Vaz, preferindo não fazer projeção de quanto seria o reajuste nos postos, até como forma de evitar alguma meta de reajuste para o setor.
Segundo ele, o repasse imediato é menor porque o diesel tem uma mistura de biodiesel, de 5 por cento, que dilui em parte o reajuste. Além disso, existem as margens dos postos, das distribuidoras, que também interferem no valor vendido na bomba.
“Isso (eventual projeção de alta) pode ser visto como uma indução, só digo que o reflexo é inferior ao índice na refinaria, existem parcelas no preço que não sofrem o reajuste, certamente o índice será inferior”, afirmou à Reuters nesta manhã.
A Petrobras informou que o reajuste nas refinarias vale a partir desta quarta-feira, buscando alinhamento aos valores praticados no mercado internacional e reduzir os prejuízos verificados em sua divisão de Abastecimento.
Como o diesel é o combustível mais usado, certamente ajudará a reforçar o caixa da empresa.
Segundo Vaz, o reajuste anunciado na terça-feira pegou o setor de surpresa, até porque foi o quarto registrado desde junho do ano passado.
No final de janeiro, a Petrobras anunciou uma alta de 5,4 por cento no diesel. Em 2012, a estatal promoveu dois reajustes no combustível: um de 6 por cento, em julho, e outro de quase 4 por cento, em junho.
“Pegou completamente de surpresa, ninguém esperava tão cedo, pouco depois do reajuste de janeiro”, afirmou.
Vaz comentou que a alta nos custos deverá impactar empresas de transporte de passageiros, de cargas, a geração elétrica –já que algumas centrais termelétricas usam diesel– e especialmente a agricultura, que utiliza o combustível em todas as etapas, da preparação do solo até a colheita e o transporte da mercadoria.
“O diesel movimenta a economia… A agricultura é fortemente impactada”, disse ele, ponderando que os custos dos agricultores, que deverão colher uma safra recorde no país este ano, certamente vão subir.
Fonte: Gazeta do Povo

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