quarta-feira, 27 de março de 2013

Faltam 12 mil motoristas em SP



Está difícil encontrar motoristas qualificados para trabalhar com transporte de cargas. Estimativa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta uma necessidade de cerca de 12 mil profissionais para atender a demanda do mercado só no Estado de São Paulo.
O número salta para 40 mil no território nacional. E as oportunidades incluem salários que podem chegar a R$ 4 mil, dependendo do porte da empresa e do tipo da carga transportada.
A demanda inclui motoristas para trabalhar com transporte de produtos químicos, containers, produtos fracionados e safra de grãos, por exemplo. A falta de mão de obra qualificada é explicada por uma combinação de fatores. De acordo com Flávio Benatti, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp) e da seção de transporte de cargas da CNT, o próprio crescimento econômico contribui para a situação, com o aumento dos serviços e contratações.
Outro fator é a falta de interesses dos jovens pela profissão. “As proibições de mobilidade urbana e os acidentes nas estradas criam uma imagem negativa para o segmento”, afirma Benatti. Segundo Adauto Bentivegna Filho, advogado e assessor da presidência do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), os jovens querem seguir outra profissão.
“Boa parte dos motoristas tem alguma ligação familiar com alguém que já foi motorista. Hoje, os pais preferem que o filho siga outra atividade”, completa o advogado do Setcesp.
Para dirigir um caminhão não é só preciso ter carteira de habilitação que seja da categoria C (para veículos usados para transporte de carga, cujo peso bruto total seja superior a 3,5 mil quilos) ou categoria E (inclui veículos que tenham parte articulada com peso bruto total igual ou superior a 6 mil quilos). Atualmente os caminhões estão mais modernos e tecnológicos. E os profissionais precisam estar capacitados para lidar com essa tecnologia.
“Nessa atividade, não pode ter só uma carteira de habilitação. É preciso ter um período de experiência, preocupação com direção defensiva, direção econômica, estar capacitado e conhecer os conceitos. O profissional deve saber aproveitar o máximo do equipamento, dentro do menor custo, para fazer a entrega dentro do prazo, além de prezar pela conservação do equipamento”, afirma o diretor de recursos humanos da Braspress, Gustavo Brasil. Do total de vagas abertas no Brasil, a empresa tem dificuldade na contratação de pelo menos 30% delas.
Alternativas
Uma das saídas para suprir a falta de profissionais é incentivar a mão de obra feminina. Na Braspress, 40% dos motoristas são mulheres. As empresas também investem no treinamento interno para profissionais recém-chegados e no incentivo para os auxiliares de transporte tirarem a carteira de habilitação.
“Além da qualificação técnica, o motorista precisa ter consciência do risco da atividade profissional para ele e para sua família. Ele pode ter uma jornada de trabalho que inclui fins de semana”, alerta o diretor da Braspress.
O advogado do Setcesp informa que algumas empresas estão investindo na aproximação com associações de estrangeiros, como bolivianos e peruanos, como alternativa para as contratações. “Existe uma burocracia maior, mas é uma alternativa”, diz Bentivegna.
As empresas também investem na remuneração. O Setcesp aponta uma média salarial de R$ 1,6 mil, mas pode chegar a R$ 3 mil e R$ 4 mil dependendo da carga.
Um dos caminhos para a qualificação é procurar o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), que têm o objetivo de valorizar os trabalhadores do setor. As entidades promovem programas de aprendizagem, que incluem preparação, treinamento, aperfeiçoamento e formação profissional.
Em 2010, a Fetcesp firmou parceria com o governo estadual para promover a qualificação. Por meio do programa Via Rápida Emprego, o profissional será treinado para atuar nas empresas de transporte de cargas e de logística.
Os candidatos selecionados recebem material didático e subsídio de transporte de R$ 120. Já quem estiver desempregado, sem benefícios previdenciários, recebe bolsa-auxílio de R$ 210.


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