Um
empregado da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte S/A
(DATANORTE) que tirou férias no período certo, mas só recebeu o pagamento após
o gozo do direito, receberá em dobro o que lhe era devido. A decisão é da Sexta
Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que deu provimento a seu recurso de
revista e condenou a empresa ao pagamento dobrado.
Nos termos do artigo 134 da CLT, as férias devem ser concedidas nos 12
meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito e, no
caso de descumprimento desse prazo, será devido o pagamento em dobro da
remuneração de férias, incluído o terço constitucional. O artigo 145 determina
que o pagamento das férias deverá ser feito até dois dias antes do início do
período. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, contida na Orientação Jurisprudencial n° 386 da Subseção Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1), determina que, ainda que as férias sejam usufruídas dentro
do prazo, o atraso no pagamento implica a remuneração em dobro. Estes foram os
fundamentos adotados pela Sexta Turma ao acolher o pedido do empregado da
DATANORTE.
Inconformado com o atraso
no pagamento da remuneração de férias, ele pleiteou em juízo seu pagamento em
dobro. A empresa se defendeu alegando que o empregado teria saído de férias no
período correto e recebido o terço constitucional antes da fruição do direito,
e apenas o restante após seu término.
O juízo de primeiro grau
deu razão à empresa e julgou improcedente o pedido, o que o levou a interpor
recurso ordinário no Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (RN),
reforçando as alegações da inicial. Mas os desembargadores concluíram que a
atitude da empresa foi legal, já que observou o prazo para a concessão das
férias. "Não houve pagamento do direito do autor em data posterior ao
estabelecido na lei, haja vista que o terço constitucional era pago antes da
fruição das férias", concluíram.
Ao analisar o recurso de
revista do empregado para o TST, o relator, ministro Aloysio Corrêa da Veiga,
concluiu que a decisão regional contrariou o disposto na OJ n° 386. Ele
explicou que dois requisitos devem ser observados pelo empregador quando da
concessão de férias: o pagamento antecipado da remuneração e o afastamento do
empregado das atividades. Caso não seja observado o prazo previsto na CLT,
"as férias deverão ser pagas em dobro, pois desvirtuada a finalidade do
instituto, que requer que se propicie ao empregado o desenvolvimento de
atividades voltadas ao seu equilíbrio físico, emocional e mental, os quais
dependem de disponibilidade econômica", concluiu.
A decisão foi unânime.
Processo: RR-400-72.2012.5.21.0005
Fonte:
TST
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