Os caminhoneiros que utilizam a
Rua do Adubo, em Guarujá, no litoral de São Paulo, para acessar os teminais da
margem esquerda do Porto de Santos, aguardam ansiosamente por uma solução para
os congestionamentos registrados no local, principalmente durante as super
safras de grãos. Governos do Estado, Municipal e empresas portuárias se uniram
para criar uma alternativa para o problema.
O caminhoneiro Sérgio Campos, de
45 anos, está na estrada há 25. Desses, 10 anos em Guarujá. Ele diz que já
cansou de ter prejuízos por conta da Rua do Adubo, atualmente a única ligação
entre a Rodovia Cônego Domênico Rangoni e a Avenida Santos Dummont, onde se
concentra a maioria dos terminais portuários. “Além da rua ter muitos buracos,
quando tem a safra de grãos tudo fica parado. Já cheguei a pegar fila em
Cubatão. Em um mês normal, faço entre cinco e seis viagens por semana. Já na
época da safra faço no máximo duas. Isso porque eu nem sou graneleiro, trabalho
só com contêiner, mas todo mundo fica parado. O prejuízo mensal chega a cerca
de R$ 8 mil líquido”, lamenta.
Onesmo Coelho Pinto, de 55 anos,
trabalha há 20 como motorista na região, também exclusivamente com contêiner.
Desde quando começou, ele enfrenta os mesmos problemas durante as super safras.
“Eu já cheguei a ficar nove horas na fila para carregar ou descarregar. Não tem
onde estacionar, onde comer, não tem banheiro, não tem estrutura. É uma falta
de respeito, uma vergonha”, desabafa o caminhoneiro.
O motorista Henrique Fernandes,
de 35 anos, enfrenta as dificuldades impostas pela Rua do Adubo há menos tempo,
oito anos, mas já tem motivos de sobra para se revoltar. “Do jeito que está não
tem condições. Além da demora, a rua tem muitos buracos, quebram peças dos
caminhões, estouram pneus, fora o desgaste e o gasto de combustível por ficar
acelerando e parando toda hora. E se você tentar ir por outro lugar leva multa
e ponto na carteira. Eu moro em Guarujá, tenho que andar com um comprovante de
residência para provar que moro na cidade, do contrário não consigo ir para
casa”, diz Henrique.
Soluções
O Governo do Estado de São Paulo
divulgou a construção de um novo acesso que vai ligar a Rodovia Cônego Domênico
Rangoni aos terminais da margem esquerda do Porto de Santos. A obra foi
anunciada no final do mês de março e deve ter a participação das empresas
portuárias e da Prefeitura de Guarujá.
O novo acesso vai possibilitar
que, pelo menos, cada uma das vias tenha uma mão de direção, ao contrário da
Rua do Adubo, que tem mão dupla. De acordo com o governo, tudo deve estar
concluído em três meses. Os terminais portuários também se comprometeram a
trabalhar dentro de suas capacidades. Além disso, três áreas serão analisadas
para serem utilizadas como estacionamento de caminhões.
Provisoriamente, os terminais da
margem esquerda resolveram se antecipar e construir um caminho alternativo para
desafogar o trânsito na Cônego Domênico Rangoni. A solução encontrada foi
alugar um terreno particular, que deve ser desapropriado pelo governo. Para não
aguardar o processo, as empresas irão custear a obra e pagar aluguel até que o
processo judicial termine.
O novo acesso terá 600 metros e
vai ligar a rodovia à Avenida Santos Dummont. A Rua do Adubo ficará como
alternativa. Segundo a prefeitura de Guarujá, o aluguel dessa área custará na
faixa dos R$ 60 mil, até que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)
faça a desapropriação. A Rua do Adubo vai ficar com os contêineres e os grãos.
Já os caminhões com líquidos virão para esse novo acesso. A prefeitura calcula
que haverá cerca de 40% de redução no trânsito do atual acesso.
A nova rua terá três faixas.
Quando o governo assumir a obra, será ampliada para seis, além de ter um
viaduto. Quando a obra definitiva estiver concluída, a Rua do Adubo,
finalmente, será fechada para o trânsito de caminhões. A Prefeitura de Guarujá
pediu ainda ao Governo do Estado para investir na construção de uma pista
marginal na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, para uso exclusivo dos caminhões,
além de um pátio para receber os veículos.
Histórico
O excesso de caminhões na Rodovia
Cônego Domênico Rangoni gerou congestionamentos quase todos os dias, do final
do mês de fevereiro até março, no sentido Guarujá. O problema começou após o
dia 20 de fevereiro, quando uma grande quantidade de veículos comerciais passou
a carregar e descarregar mercadoria no Porto de Santos na super safra de grãos.
Muitos terminais trabalharam acima da capacidade e os caminhões tinham que
esperar na rodovia, provocando quilômetros de congestionamento.
Durante esse período,
caminhoneiros fizeram greve e reclamaram da falta de estrutura dos terminais
para receber grande quantidade de veículos. Ruas foram bloqueadas e os
congestionamentos aconteceram quase todos os dias, na rodovia e nas vias que as
ligam ao Porto de Santos, como a Rua do Adubo. Houve reuniões entre terminais
portuários, prefeitura e autoridades do setor, mas o problema não foi resolvido
até que a demanda de grãos diminuísse.
Prejuízos
Os congestionamentos de caminhões
nas rodovias que dão acesso ao litoral de São Paulo causaram enormes problemas
financeiros e logísticos para o Porto de Santos, o maior da América Latina.
Segundo o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo
(Sindamar), o prejuízo, até o dia 20 de março, chegou a R$ 115 milhões somente
para os agentes marítimos, sem contar o prejuízo por parte dos exportadores,
importadores e terminais portuários.
Fonte: G1
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