quarta-feira, 3 de abril de 2013

Apagão logístico anunciado




Na minha infância se dizia que “guerra avisada não mata aleijado”. Em Mato Grosso vem matando por inação dos setores públicos nessa delicada questão das vias de escoamento da produção, a chamada logística. Em aproximadamente 30 anos, Mato Grosso tornou-se uma das regiões agrícolas mais produtivas do Brasil.

Em 1990 o Brasil produziu 58 milhões de toneladas de grãos e Mato Grosso 5 milhões. Em 2010 o Brasil produziu 150 milhões de toneladas e Mato Grosso 34,9 milhões. Mato Grosso expandiu em 656% sua produção de grãos, que o colocou em 2010 como o maior produtor de grãos do país.

Esse salto estadual de produção deu-se em três polos regionais principais: Primavera, Campo Verde e Rondonópolis; Sinop e de Sorriso para o Sul até Nova Mutum; Chapadão do Parecis, incluindo Tangará da Serra, Diamantino, Campo Novo do Parecis e Sapezal. Importante localizar essas regiões para anunciar que elas enfrentam uma imensa dificuldade para escoar sua produção dentro do próprio Estado e para os portos do Sul e Sudeste.

A estimativa é que os 12,8% de aumento da produção de 2010/2010 para 2013/2014, sofram pouca variação. Mas que sela seja mínima, vai esbarrar na logística de escoamento, que em 2013 está revelando a sua verdadeira face. Basta ver os 140 km de fila de caminhões na rodovia BR-364 para descarga nos terminais ferroviários de Alto Araguaia e de Alto Taquari. Vai piorar a cada ano sem que a logística tenha um planejamento razoável para o futuro de cinco anos próximos.

A rodovia Cuiabá-Santarém na direção norte está para ser pavimentada desde sua construção em 1976. A BR-158 que sobe de Barra do Garças para o Pará na mesma situação, de promessa em promessa. Seriam escoamentos estratégicos para portos do Norte do Brasil e daí para o exterior. O sistema ferroviário é vergonhoso. A Ferronorte depois de 30 anos vai morrer em Rondonópolis e deixa um vácuo de logística entre o Norte do estado, com Cuiabá no meio.

A tão propalada ferrovia FICO, que sairia de Goiás, cortaria Mato Grosso de Leste para Oeste, passando em Água Boa e Lucas do Rio Verde até Porto Velho, esbarra na burocracia e na corrupção federal. É projeto para, no mínimo, dez anos, uma eternidade!

Em 2013 a logística de Mato Grosso chegou ao seu limite com o pleno congestionamento de caminhões nas principais rodovias. No ano que vem, com maior produção, o limite vai se esgotando até esbarrar na plena incapacidade de tráfego em três anos. Enquanto isso algumas coisas acontecem: a inatividade política parlamentar e governamental matogrossenses, a falta de organização e incapacidade das entidades representativas estaduais dos setores de produção para mobilizarem os políticos. Nesse cenário, uma série de outros desdobramentos que abordaremos em artigos próximos nos conduzem para, por exemplo, a fuga de investidores de Mato Grosso. Aliás, essa fuga já é muito representativa. No Centro-Oeste Goiás e Mato Grosso, com melhor logística, estão sem preferidos por grandes investidores até de indústrias de madeira, porque Mato Grosso não oferece logística e nem licenciamentos ambientais em tempo decente.


Fonte: Onofre Ribeiro       

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