Na minha infância se dizia que “guerra avisada não mata aleijado”. Em Mato Grosso vem matando por inação dos setores públicos nessa delicada questão das vias de escoamento da produção, a chamada logística. Em aproximadamente 30 anos, Mato Grosso tornou-se uma das regiões agrícolas mais produtivas do Brasil.
Em 1990 o Brasil produziu 58 milhões de toneladas de grãos e Mato Grosso 5 milhões. Em 2010 o Brasil produziu 150 milhões de toneladas e Mato Grosso 34,9 milhões. Mato Grosso expandiu em 656% sua produção de grãos, que o colocou em 2010 como o maior produtor de grãos do país.
Esse salto estadual de produção deu-se em três polos regionais principais: Primavera, Campo Verde e Rondonópolis; Sinop e de Sorriso para o Sul até Nova Mutum; Chapadão do Parecis, incluindo Tangará da Serra, Diamantino, Campo Novo do Parecis e Sapezal. Importante localizar essas regiões para anunciar que elas enfrentam uma imensa dificuldade para escoar sua produção dentro do próprio Estado e para os portos do Sul e Sudeste.
A estimativa é que os 12,8% de aumento da produção de 2010/2010 para 2013/2014, sofram pouca variação. Mas que sela seja mínima, vai esbarrar na logística de escoamento, que em 2013 está revelando a sua verdadeira face. Basta ver os 140 km de fila de caminhões na rodovia BR-364 para descarga nos terminais ferroviários de Alto Araguaia e de Alto Taquari. Vai piorar a cada ano sem que a logística tenha um planejamento razoável para o futuro de cinco anos próximos.
A rodovia Cuiabá-Santarém na direção norte está para ser pavimentada desde sua construção em 1976. A BR-158 que sobe de Barra do Garças para o Pará na mesma situação, de promessa em promessa. Seriam escoamentos estratégicos para portos do Norte do Brasil e daí para o exterior. O sistema ferroviário é vergonhoso. A Ferronorte depois de 30 anos vai morrer em Rondonópolis e deixa um vácuo de logística entre o Norte do estado, com Cuiabá no meio.
A tão propalada ferrovia FICO, que sairia de Goiás, cortaria Mato Grosso de Leste para Oeste, passando em Água Boa e Lucas do Rio Verde até Porto Velho, esbarra na burocracia e na corrupção federal. É projeto para, no mínimo, dez anos, uma eternidade!
Em 2013 a logística de Mato Grosso chegou ao seu limite com o pleno congestionamento de caminhões nas principais rodovias. No ano que vem, com maior produção, o limite vai se esgotando até esbarrar na plena incapacidade de tráfego em três anos. Enquanto isso algumas coisas acontecem: a inatividade política parlamentar e governamental matogrossenses, a falta de organização e incapacidade das entidades representativas estaduais dos setores de produção para mobilizarem os políticos. Nesse cenário, uma série de outros desdobramentos que abordaremos em artigos próximos nos conduzem para, por exemplo, a fuga de investidores de Mato Grosso. Aliás, essa fuga já é muito representativa. No Centro-Oeste Goiás e Mato Grosso, com melhor logística, estão sem preferidos por grandes investidores até de indústrias de madeira, porque Mato Grosso não oferece logística e nem licenciamentos ambientais em tempo decente.
Fonte: Onofre Ribeiro
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