quarta-feira, 10 de abril de 2013

Onde está a nova BR-364 anunciada em meados de 2010?



 
Era 2 de fevereiro de 1960 quando o então chefe de governo do Território de Rondônia, coronel Paulo Nunes Leal, travou o seguinte diálogo com o presidente Juscelino Kubitscheck:

_Sr. Presidente, o Sr. Já ligou Brasília a Belém e a Porto Alegre, e a está ligando a Fortaleza. Por que não completa o outro braço da cruz construindo a rodovia Brasilia-Acre?
 
_ Uai, Paulo. E pode?
 
_ Pode, presidente, mas é negócio pra homem.
 
_ Então vai sair.
 
Em meados de março já estavam selecionadas as seis empreiteiras que iriam abrir a estrada com lotes concedidos a cada uma elas. Antes, em 10 de fevereiro, o diretor de Construções do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), engenheiro Pires de Sá, disse em solo portovelhense: “Governador, vamos enfrentar o problema mais difícil de que já participei no setor de construções, dado o pouco tempo que dispomos e o desconhecimento da região. Mas vamos cumprir as ordens do presidente.”

Em dezembro daquele ano, após 10 meses de intenso trabalho, extrema ousadia e compromisso de engenheiros, técnicos e trabalhadores recrutados em todo o país, a BR-29 (hoje 364) tinha o pleno caminho, de Vilhena a Porto Velho, totalmente traçado. Ordens cumpridas.
 
De Ariquemes a Vilhena era a selva amazônica, desconhecida e assustadora, sem qualquer apoio que pudesse servir de substancial ajuda a uma obra como a que se pretendia realizar, diz Paulo Nunes Leal no livro em que conta a saga da empreitada, O Outro Braço da Cruz.
 
Em outro momento, registra: Transpor sete grandes cursos de água, que são os rios Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Jaru, Branco, Preto, Jamari e Candeias, além de inúmeros outros de tamanho médio ou pequeno, sujeitos às surpresas de cada hora, coube a parte mais difícil e dura da construção da BR-29.
 
Depois de ler o importante conteúdo histórico de Leal, empenhado de forma convincente na execução da obra, me ocorre perguntar: se em 10 meses, sem tecnologia, sem aeroporto, com dificuldade no transporte de equipamentos e máquinas, a BR-364 passou a existir, por que diabos em três anos a revitalização prometida dessa mesma estrada, asfaltada na década de 80, não sai do papel?
 
Onde está a nova BR-364 anunciada em meados de 2010 – no PAC desde 2009 - pelo então superintendente regional do DNIT, José Ribamar Oliveira?
 
Em toda a extensão da rodovia haverá sinalização vertical e horizontal, acostamentos e faixa de manutenção. A rodovia será finalmente capacitada para permitir a operacionalização do grande volume de carga pesada diariamente por ela movimentada, disse o superintendente, exonerado por conta da Operação Anjos do Asfalto, que acusou desvio de recursos federais para estradas e prendeu servidores do DNIT.
 
Até agora, o maior investimento rodoviário do governo federal em Rondônia só produziu mortes, essas sim operacionalizadas em profusão no traçado de buracos intermináveis, lotes suspeitos cancelados e promessas vãs em Brasília.
 
Não há quem me convença do contrário: a gana patrimonialista domina o espírito de homens públicos mais do que ontem, em contraponto ao verdadeiro compromisso com programas e projetos de envergadura, vitais para o desenvolvimento regional e para a população.
 
A corrupção aumentou, a ousadia cede espaço para a tibieza e a qualidade dos homens públicos só piora. E não venham me dizer que no tempo de JK não tinha controle externo e órgãos de fiscalização vigilantes na licitação, “empacando” obras como nos dias atuais. Esse discurso é permissivo com o malfeito, enoja cada vez mais e não justifica o inaceitável descaso com Rondônia.
 
Nova tentativa
Neste final de semana, continuaram os protestos contra a presença do deputado pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Um deles foi em Copacabana, no Rio. Mais uma tentativa para que renuncie ao cargo será feita nesta terça-feira pelo Colégio de Líderes, em reunião marcada pelo presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB-RN).


Fonte: Rondônia Dinâmica

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