segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Terminais de Fortaleza viram ponto de uso e tráfico de droga


Crianças e adolescentes fazem destes equipamentos sua morada, praticando furtos e pedindo esmola

Aproximadamente 1 milhão de pessoas utilizam diariamente os terminais de ônibus da Capital. Pelo menos é o que apontam os dados da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza S/A (Etufor). Boa parte do tempo destes usuários é gasto nestes locais. Entre o desembarque e a espera por outra condução, estes cidadãos são testemunhas oculares da drogadição, que vem tirando a vida de milhares de jovens, adolescentes e crianças.

Estes meninos e meninas têm os terminais como pontos de uso e tráfico de drogas, assim como fazem deles sua morada. Esses locais são de onde tiram o sustento para o vício, seja praticando furtos ou pedindo esmolas nas filas de cada coletivo. Em visita a cinco dos sete terminais de Fortaleza, a equipe do Diário do Nordeste presenciou a rotina destes jovens, assim como escutou, tanto dos usuários do transporte público quanto dos que neles trabalham, o pedido de socorro para a situação ali exposta.

É cena comum, em ambos os equipamentos, tanto na entrada quanto dentro das plataformas, ver estes jovens e adolescentes dormindo no chão e, quando não, pedindo esmolas ou entorpecidos pelas drogas. A integrante da Guarda Municipal Viviane Coutinho, que está lotada no Terminal de Messejana, conta que a situação é crítica e piora aos domingos. "Somos apenas três guardas aqui em Messejana e, aos domingos, isso complica, não tem como darmos conta. Além disso, sofremos com a lentidão de órgãos responsáveis, como o Conselho Tutelar", disse Viviane.

Ela relata que, certa vez, sua equipe conseguiu deter dez crianças usuárias de drogas, e ligaram durante todo o dia para o Conselho Tutelar, mas este não atendeu. "Quando conseguimos, eles disseram para gente esperar 48 horas. Este tempo não dá, como poderíamos manter dez crianças dentro de uma sala?", indagou.

A situação se repete no Terminal do Siqueira, considerado o mais crítico por um dos funcionários da Etufor, que não quis se identificar. "Não temos preparação para este tipo de abordagem, mas isso tem sido dito nos relatórios que enviamos rotineiramente para a Etufor. Colocamos nestes documentos a necessidade de uma maior fiscalização, tendo em vista que aqui também existe a questão do tráfico".

A equipe de reportagem passou pelo seguintes terminais no último fim de semana: Papicu, Messejana, Siqueira, Parangaba e Antônio Bezerra. Com exceção deste último, todos tinham a presença da Guarda Municipal, com um efetivo de dois ou três guardas. Número considerado pela população e pelo próprios guardas insuficiente. Este quantitativo é sazonal.

Capacitação

A Secretaria Municipal de Segurança Cidadã de Fortaleza informou, por meio de nota, que a Prefeitura de Fortaleza e a Secretaria Nacional de Segurança Pública realizou, em agosto, uma capacitação para 400 guardas municipais com o tema: "A Guarda Municipal, Segurança Pública e Direitos Humanos", na qual o tema da drogadição foi abordado, assim como repassados conhecimentos sobre como encaminhar pessoas com dependência química.

Além disso, comunicou que, por meio da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas, está com vagas de acolhimento para o tratamento de usuários de álcool, crack e outras drogas.

A gestão acrescentou, também, que a Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra) faz visitas rotineiras a esses equipamentos para oferecer abrigo e outros benefícios às pessoas em situação de rua que estiverem lá.

Ressaltaram a inexistência de uma lei que proíba pessoas em situação de rua ou dependentes químicos de frequentarem os espaços públicos municipais. Portanto, os guardas não podem impedi-los de entrar.

A reportagem tentou entrar em contato com a Etufor, o Conselho Tutelar da Regional VI, e a Coordenadoria Especial de Políticas Sobre Drogas do Município de Fortaleza, porém, não obteve sucesso.

Fonte: Diario do Nordeste


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