A partir
de jan/2014 todos os veículos vendidos no país deverão ser
equipados com freios ABS, incluindo ônibus, caminhões e semi-reboques. Será
hora de capacitar motoristas, experientes ou novatos, para utilizar essa
novidade. Frear um veículo equipado com freios ABS requer uma mudança de hábito
porque quem não estiver acostumado poderá reagir de forma incorreta.
Quando os sensores do ABS
percebem que pode ocorrer o travamento das rodas, o sistema alivia a pressão e
o pedal transmite uma vibração nitidamente sentida pelo pé. Uma reação comum é
tirar o pé do freio, o que é não apenas errado, mas tremendamente perigoso em
determinadas situações. Por mais experiente que seja o motorista, é uma tecnologia desconhecida e,
portanto, requer treinamento.
É muito importante que frotas e
empresas de transporte, seja de carga ou de
passageiros, tenham em seu quadro um motorista instrutor para treinar os
demais, receber novos veículos e novas tecnologias e transmitir isso aos
demais.
E os motoristas que hoje compõem o quadro
da empresa, sejam eles contratados ou agregados, será que estão adequadamente
treinados? Será que realizam as tarefas corretamente? Em vista dos acidentes
que vemos diariamente no noticiário, em especial com veículos de carga, é certo
que boa parte não atende aos requisitos necessários.
Em matéria publicada na revista
Transporte Mundial, edição 117 de março deste ano, tratando dos desafios do
transporte da esperada safra recorde de grãos, havia um quadro com
recomendações para cuidar bem dos implementos (reboques e semirreboques) e,
dentre as recomendações citadas, vou destacar apenas duas:
- verificar semanalmente as
condições da quinta-roda e pino-rei
- regulagem do ajustador de
freio-mecânico a cada 2.000 km.
Vamos, então, fazer uma
simulação. Uma viagem de ida e volta entre São Paulo – SP e Belém – PA, são
quase 6.000 km. Se o ajustador de freio deve ser regulado a cada 2.000 km,
saindo de São Paulo a primeira regulagem será em Colinas do Tocantins – TO,
pouco antes de Araguaína. A segunda, próximo a Guaraí, também no Tocantins. E a
terceira já de volta a São Paulo.
Quantos motoristas fazem isso? Se
não houver uma oficina ou um mecânico para fazer a regulagem, o motorista está
capacitado para realizar ele mesmo essa tarefa? E a empresa, orienta para que
isso seja feito e dá o treinamento necessário? Vou mais além: a empresa tem em
seu quadro alguém capacitado para dar tal treinamento e verificar, no retorno à
base, se foi feito?
Um amigo sempre diz que, quando
estamos numa transportadora, é fácil saber quem é motorista: é só procurar um
grupo reunido jogando palitinho. Brincadeira à parte, um fato sempre me chama a
atenção em tal situação.
Num grande pátio, com diversas
docas com caminhões estacionados, nunca vejo os motoristas aproveitando o tempo
enquanto aguardam o carregamento ou descarregamento da carga para verificar
pneus, luzes, nível de água ou óleo, estado dos limpadores de para-brisas, etc.
Mesmo naquelas raras frotas que
fazem uso de um check-list, é difícil encontrar um motorista aproveitando esse
tempo parado para fazer algo útil e que trará mais segurança para sua viagem e
para ele próprio.
É triste ver um equipamento que
custa tão caro ser mal utilizado e mal cuidado. E quando o acidente acontece,
vem a velha e esfarrapada desculpa de que “o freio falhou”. Pode até ser, mas
muito antes falhou quem tem obrigação de cuidar dele.
Fonte: Editora Na Boléia
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