O
Condomínio Residencial Spazio Luxor, em Belo Horizonte (MG), terá de pagar
todos os direitos e salários relativos ao período de estabilidade provisória a
uma auxiliar de serviços que rejeitou a oferta do patrão para voltar ao
trabalho, quando ainda estava no início da gravidez. De acordo com a Quarta
Turma do Tribunal Superior do Trabalho, a recusa não tem por consequência a
renúncia à estabilidade, uma vez que nem mesmo a gestante pode dispor do direito
daquele que ainda irá nascer.
Segundo a
informou na reclamação trabalhista, a empregada foi demitida dois meses depois
de ser contratada, imediatamente após informar ao condomínio que estava
grávida. A empresa, por sua vez, afirmou que não teve conhecimento da gravidez
e, na audiência de conciliação na 10ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (MG),
colocou o emprego à sua disposição, mas a oferta foi rejeitada.
A
trabalhadora recorreu ao TST depois que o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região (MG) julgou improcedente o pedido de pagamento de indenização
substitutiva pela estabilidade da gestante. Para o Regional, ao recusar a
oferta de reintegração ao emprego sem motivo algum, a auxiliar agiu com abuso
de direito "por demonstrar o intuito de receber a vantagem monetária sem
executar a sua obrigação de oferecer o labor que constitui sua obrigação".
TST
Ao
examinar o recurso da reclamante, a relatora dos autos nesta Corte, ministra
Maria de Assis Calsing, ressaltou que o Tribunal Superior do Trabalho, por meio
de seus diversos órgãos, tem entendido de forma diversa, ou seja, que a
negativa da gestante ao oferecimento de retorno ao emprego não implica renúncia
à estabilidade, garantida no artigo 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Isso porque a garantia tem como principal finalidade proteger o direito do
nascituro, do qual nem mesmo a mãe pode dispor.
Ao final
do julgamento, a Turma destacou que o direito à garantia de emprego da
trabalhadora gestante não está condicionado ao ajuizamento da ação durante o
período de estabilidade. O único pressuposto ao direito à estabilidade e à
conversão deste em indenização, caso ultrapassado o período de garantia, é o
fato de a empregada estar grávida no momento da dispensa sem justa causa.
A decisão
foi unânime.
(Cristina
Gimenes/CF)
Processo: RR-564-86.2013.5.03.0010
Fonte:
TST
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