quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Termina hoje prazo para passarelas


Caso o Dnit não inicie os trabalhos de seis elevados, incorrerá multa diária de R$ 550 a partir do dia 13

A vida por um fio. Assim se sente a secretária Verônica Rocha ao tentar cruzar as mais de oito faixas da BR-116, Km 3. Nessa arriscada travessia diária, gasta mais de meia hora esperando, sentindo um frio na barriga, temendo a própria vida. E as estatísticas são realmente assustadoras, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF): 521 acidentes, 193 feridos e oito mortos entre janeiro e agosto de 2013 nos 14 Km que cortam, hoje, 
Fortaleza.

Quem mora ou trabalha no entorno do Km 3 da BR-116 corre riscos diários nas travessias. De janeiro a agosto, já foram 521 acidentes na via FOTO: BRUNO GOMES
"Já vi minha tia morrer atropelada aqui. O povo não aguenta mais a situação. O fluxo de carros aumentou muito e está impossível passar com segurança".
A esperança de Verônica, de outros moradores e trabalhadores da região é que novas passarelas sejam construídas. Mas, as notícias não são as melhores, segundo a Justiça Federal. Acaba hoje o prazo de 90 dias (acordado após audiência pública no Ministério Público Federal - MPF - no dia 12 de junho) para que o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) inicie as obras dos seis elevados. A reportagem do Diário do Nordeste cruzou a via, na tarde de ontem, e nenhum sinal de futuras obras.
Limite
Com esse termo de audiência, o Dnit deveria instalar - até a data limite de hoje - passarelas provisórias. Segundo a recomendação do MPF, teriam que estar instaladas nos Km 3,6; Km 7,3; Km 9,6; Km 12,5; Km 20 e Km 25. O objetivo do acordo firmado, segundo o documento, é reduzir o número de acidentes com pedestre no trecho urbano.
Segundo a Justiça, com o fim do prazo formal hoje, o órgão deverá pagar um multa de R$ 500 por cada dia de atraso. Nos primeiros 15 quilômetros, a velocidade máxima permitida deverá ser mantida em 60 Km/h, com as devidas placas de sinalizações para orientação dos motoristas.
Descrente de que o Dnit cumpra esse prazo acordado, o borracheiro Expedito Júnior torce para que mais ninguém seja atropelado. "Eu já perdi dez amigos e familiares, todos morreram tentando atravessar a BR-116 aqui na altura do Km 3. Uma tristeza. Toda vez que tento passar, penso: será que é a minha vez agora?", indaga. Os amigos riem, dizem: "cara, cada um tem seu dia e hora certa". E assim, os moradores e trabalhadores também reclamam da falta de respeito de motoristas e motociclistas.
"Têm uns que fazem é pisar no acelerador quando veem alguém querendo passar. Uma cena lastimável", conta o autônomo Patrick Alisson. Situação pior, diz ele, é daqueles mais idosos, deficientes, crianças, pessoas com mobilidade afetada.
Distância
Quem mora ou trabalha naquela área fica com pouca alternativa. Nesse caso citado, a passarela construída mais próxima está há quase 2 Km de distância. "Ou se morre atropelado ou assaltado", ainda brinca Patrick Alisson.
E a Polícia Rodoviária Federal (PRF) diz estar atenta ao problema, lamenta os óbitos e reforça a importância desses elevados. "Tivemos um crescimento da cidade, e isso mudou essa característica de rodovia. A BR-116 passou a ter um fluxo bem maior. Por ser larga demais, se torna mais complicada ainda" diz a chefe do núcleo de comunicação da PRF, Neurismene Oliveira.

Em relação à gravidade, o tipo de acidente que mais gera mortes, na BR-116, segundo a PRF, é o atropelamento que acontece, principalmente, entre às 18h e às 20h10, nos perímetros urbanos. Há dois pontos mais críticos: km 10 ao 20.
Nesses oito primeiros meses, o órgão registrou 2.637 acidentes, 1.592 feridos e 147 mortos, nas rodovias federais cearenses. Só na BR-116, uma das mais extensas e com intenso fluxo, foram 1.164 acidentes, (44% do total), 587 feridos e 58 mortes.
Sobre o referido prazo, o Dnit não deu retorno aos questionamentos feitos pela reportagem.
Fonte: Diario do Nordeste


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