Ao contrário do que alguns pensam, o rebite é uma
droga perigosa. O médico Dirceu Rodrigues Alves Jr., da Associação Brasileira
de Medicina de Tráfego (Abramet), explica que o rebite é uma anfetamina,
substância que estimula o sistema nervoso central, inibe o apetite e causa
insônia – daí o seu uso por aqueles que desejam ficar acordados.
Alves Jr. observa, no entanto, que o efeito do
rebite só dura cerca de quatro horas. Daí o usuário que quer se manter acordado
tem que tomar outro e depois outro e depois… “O problema é que, quando a dose
atinge um pico no sangue, o usuário pode sofrer um apagão repentino da mente”, explica.
Ou mesmo do coração. Esse é um dos efeitos mais graves da droga, capaz de
causar acidentes muito graves nas rodovias.
Mas os males do rebite não param por aí. O usuário
de anfetamina pode ficar dependente (viciado). Outro problema é a desnutrição,
porque diminui a fome. “O rebite provoca hipoglicemia, que é a diminuição do
açúcar no sangue, causando o embotamento do cérebro, tonturas, náuseas, vômito
e, finalmente, o estado de desnutrição”, afirma o médico.
Pior estão fazendo os caminhoneiros que usam
maconha e cocaína. Segundo ele, é uma mistura “extremamente perigosa”. “Essas
drogas também dão insônia, mas provocam alterações visuais. O usuário perde a
visão lateral e de profundidade. E ainda tem alucinações, principalmente à
noite”, explica.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho
de Mato Grosso do Sul, Paulo Douglas Almeida de Moraes, a percepção de que é
normal se drogar para produzir salário para o motorista e lucro para o patrão é
“subproduto do sistema de transporte rodoviário que a Lei 12.619 visa
eliminar”. “É preciso dar um basta a esse genocídio rodoviário intencionalmente
provocado em nome do lucro”, declara. Genocídio, pra quem não sabe, é a
eliminação (assassinato) regular de indivíduos de um certo grupo – neste caso,
principalmente, os caminhoneiros.
Fonte: Revista Carga Pesada
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