quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Preço da gasolina e do diesel pode subir em setembro




Ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária, na semana passada, indicou espaço de aumento de 5% para os combustíveis, o que fez subir ações da Petrobras

Ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária, na semana passada, indicou espaço de aumento de 5% para os combustíveis, o que fez subir ações da Petrobras (Winnetou Almeida: 24/abr/2013)

O recuo da inflação e a recente queda do dólar abrem uma janela para o governo liberar o aumento da gasolina e do diesel nas refinarias da Petrobras em setembro, de acordo com especialistas. Para eles, é inevitável que o governo conceda algum alívio para o caixa da empresa ainda neste ano.

A mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na semana passada, indicou espaço de aumento de 5% para os combustíveis, o que animou o mercado e fez subir as enfraquecidas ações da estatal.

Somado a isso, a possibilidade da volta da conta petróleo, que subsidia o aumento de preços para frear a inflação, também ajudou a reacender a expectativa de um aumento iminente, apesar das negativas do Governo Federal.

Uma possível invasão da Síria pelos EUA, porém, pode mudar totalmente o cenário, preveem os analistas, devido ao impacto que isso teria no preço do petróleo, que poderia chegar a US$ 150 o barril.

Com os preços defasados em relação ao mercado internacional em torno de 30%, tanto para a gasolina como para o diesel, a Petrobras vem perdendo cerca de R$ 1 bilhão por mês para importar os combustíveis a preço internacional mais alto do que revende no mercado interno. Com uma guerra, essa defasagem ficaria ainda maior.

Momento do ajuste

Um eventual ajuste em meados deste mês não teria um grande impacto na taxa de inflação medida pelo IPCA, diz o professor Luiz Roberto Cunha, da PUC/RJ. “Já deveriam ter feito (o aumento), mas, com o resultado de agosto (alta de 0,24% ante julho), que reduziu o IPCA em 12 meses, abre-se uma boa oportunidade”, disse o economista.

A inflação nos últimos 12 meses caiu de 6,27% em julho para 6,09% em agosto, segundo dados do IBGE. A expectativa de Cunha é que, com um aumento de 10% para os combustíveis em setembro, a inflação neste mês suba 0,55%, e não o 0,4% inicialmente previsto, o que vai frustrar a intenção do governo de fechar o ano com inflação mais baixa do que a de 2012 (5,84%). “Qualquer alta de gasolina agora tende a reverter a trajetória de queda da inflação”, disse.

De acordo com a consultoria LCA, um ajuste da gasolina em meados de setembro levaria o IPCA de outubro a 0,58%. O peso da gasolina no IPCA é da ordem de 3%, enquanto o do diesel é de 0,13%. Para o ex-diretor do BC Carlos Tadeu de Freitas, o fator decisivo para a alta será o comportamento do dólar e da demanda do consumo. “Com o dólar na faixa de R$ 2,30, e com a demanda mais fraca, que vai de setembro a outubro, esta é a melhor hora”, afirmou.

Mercado irá comemorar o aumento

Pedro Galdi, da SLW Corretora, brinca que “ontem” é o melhor momento para o ajuste. “Se houver reajuste, certamente o mercado comemorará, mas a empresa ainda terá prejuízo com o negócio”, explicou o especialista.

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, não espera reajuste dos combustíveis neste ano. Mas diz que, se o governo resolver amenizar perdas da Petrobras, deverá fazê-lo o mais rápido possível.

“A Petrobras está muito endividada”, afirma Pires. “Qualquer aumento que se dê agora vai fazer apenas cócega no caixa da empresa, mas é melhor do que nada”, argumentou Adriano Pires.

O câmbio joga contra a Petrobras ao encarecer as importações de gasolina e tornar mais urgente um reajuste para recompor o caixa da companhia. Mas um evento alheio à companhia pode neutralizar tal efeito negativo: a maior produção de álcool e a consequente queda dos seus preços.

Fonte: Jornal A Crítica


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