Uma
pesquisa de opinião realizada com motoristasprofissionais aponta que, se
tivessem a oportunidade, 55% dos caminhoneiros deixariam a profissão e que 86%
não gostariam que o filho seguisse o mesmo caminho. Ao todo, foram ouvidos
1.512 motoristas profissionais que frequentam a Casa do Cliente das empresas
Randon.
“A partir deste
resultado a pergunta que fica é: teremos motoristas profissionais amanhã?”,
afirma Nereide Tolentino, coordenadora da pesquisa, consultora do Programa
Volvo de Segurança
no Trânsito (PVST) e especialista em
comportamento do motorista. “Considerando que a continuidade de pai para filho
está em declínio, que a profissão oferece riscos e baixa qualidade de vida, e
que a característica de liberdade e aventura não existe mais, já que hoje tudo
é controlado, corremos o risco de ter um apagão de mão de obra especializada”,
afirma.
Atualmente, o
Brasil vive a realidade da falta de motoristas profissionais. Estimativas
apontam que 10% da frota de caminhões estaria parada por falta de
condutores qualificados. Este número corresponde a mais de 100 mil veículos.
Além da baixa
qualidade de vida e dos riscos que envolvem a profissão, outra dificuldade
enfrentada pelo setor é a necessidade de uma melhor qualificação, devido à
maior sofisticação e alto grau de tecnologia embarcada nos caminhões. “Durante
as entrevistas, ficou claro que o que levou os caminhoneiros mais velhos a
optarem pela profissão foi uma remuneração razoável, apesar da pouca
escolaridade. Porém, os jovens com maior escolaridade têm muitas outras
oportunidades”, diz Nereide.
Do total de
entrevistados, 70% revelaram que tinham um sonho de ser caminhoneiro desde a infância e 53% que
iniciaram na profissão por influência familiar. O que mais os atrai na
profissão é a oportunidade de conhecer lugares (31%), a possibilidade de
conhecer novas pessoas (19%) e o sentimento de liberdade (11%).
A pesquisa revela
também que 76% dos caminhoneiros informam que a maioria dos colegas de
profissão usa rebite; que 59% alegam que têm algum problema de saúde, como dor
nas costas, pressão alta, estresse e obesidade; e que 93% considera a profissão
arriscada devido ao alto número de acidentes, roubos e assaltos.
Saídas
Uma das saídas
apontadas pela coordenadora da pesquisa é uma mudança radical na condição de
trabalho do motorista profissional, que não pode se resumir apenas a uma
diminuição da carga horária de direção.
“Só reduzir a carga
horária não vai resolver o problema. Carga horária e remuneração, apesar de
importantes, não são as principais queixas dos caminhoneiros. Ele sente falta
de laços afetivos e de passar mais tempo com a família. Qualquer coisa que
prolongue o tempo dele fora de casa, ele acha ruim”, argumenta Nereide.
Uma das soluções
apontadas pela especialista é o rodízio de motoristas, como já acontece no
transporte rodoviário de passageiros. Outra é investir na valorização e no
desenvolvimento, oferecendo treinamentos e um acolhimento de melhor qualidade
nos pontos de carga e descarga. “Com um número maior de profissionais
satisfeitos, teremos mais gente interessada neste tipo de trabalho, pois viajar
e dirigir uma máquina possante é algo que fascina jovens e adultos”, destaca
Nereide.
Um dos exemplos de
bom acolhimento são as Casas do Cliente que oferecem aos motoristas um ambiente
que proporciona qualidade de vida. Além de uma boa estrutura para descanso e
higiene, ele recebem uma boa refeição, podem assistir filmes, conversar com os
colegas de profissão, jogar e ler livros e revistas deixados à disposição.
Perfil dos
entrevistados
Idade
17% têm até 30 anos
65% têm de 31 a 50 anos
18% têm acima de 60 anos
65% têm de 31 a 50 anos
18% têm acima de 60 anos
Estado Civil
14% são solteiros
86% são casados
98% têm filhos
86% são casados
98% têm filhos
Escolaridade
31% cursaram até a
5º série
31% cursaram até 8º série
29% possuem ensino médio
3% possuem graduação
31% cursaram até 8º série
29% possuem ensino médio
3% possuem graduação
Origem da profissão
70% tinham a
expectativa de ser motorista de caminhão desde a infância.
53% iniciou na profissão por influência familiar.
29% trabalhavam em atividades agrícolas antes de serem caminhoneiros
53% iniciou na profissão por influência familiar.
29% trabalhavam em atividades agrícolas antes de serem caminhoneiros
Tempo de viagem
42% das viagens têm
mais de 6 dias
42% têm entre 2 e 6 dias
14% têm apenas um dia
42% têm entre 2 e 6 dias
14% têm apenas um dia
Fonte: Volvo
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