Governo prevê aumento de 7%. Impacto sobre o IPCA
faz com que o governo busque conter outros preços, como o dos ônibus.
Caso chegue às bombas de combustível, o reajuste de
7% no preço da gasolina previsto pelo governo federal poderá ter impacto direto
entre 0,13 ponto e 0,28 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). A elevação deve ocorrer no preço pago pelas
distribuidoras – ou seja, o preço das refinarias. A União estuda modos de
reduzir esse impacto, entre eles, o aumento na proporção de álcool na
gasolina e a redução de impostos que incidem sobre o combustível. Os preços da
gasolina têm participação de 3,9% no IPCA.
Caso o governo, para amenizar o efeito do reajuste
sobre os preços, eleve o porcentual da mistura do etanol sobre a gasolina de
20% para 25%, esse impacto tende a ser menor. Esse aumento da mistura não seria
adotado de imediato, mas sim depois, provavelmente quando as prefeituras das
principais capitais do país levarem suas tarifas de ônibus, o que deve
pressionar bastante a inflação.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad,
reconheceu ontem que recebeu pedido do governo federal para adiar o reajuste
das passagens. O tema foi tratado com o prefeito de São Paulo pela presidente
Dilma Rousseff e pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda, que alegaram
justamente o impacto sobre o índice de preços. “Nós não faremos agora o aumento
da tarifa, devemos fazer mais para o meio do ano, possivelmente em junho”,
admitiu Haddad.
Prognósticos
O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano,
calculou um impacto de 0,18 ponto porcentual sobre o IPCA, sem nenhuma
alteração tributária. Se a mistura de álcool na gasolina passar de 20% para
25%, esse efeito cairia para 0,14 ponto porcentual. “Depende do comportamento
do preço do álcool. Mantidas as condições de mercado, seria isso”, observou.
A economista-chefe da Rosenberg & Associados,
Thaís Marzola Zara, calcula um impacto de 0,22 ponto porcentual no IPCA deste
ano, considerando a manutenção de 20% da mistura de álcool anidro na gasolina.
Já o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, fala em 0,28 ponto. A
estimativa, disse, tem como base o cenário em que o porcentual de 20% da
mistura de etanol seja mantido no primeiro semestre e elevado 25% na segunda
parte do ano.
Opinião
“Venezuelização”?
Franco Iacomini, editor de Economia
Que bom que o governo percebeu que a inflação está
alta. Neste momento, Brasília está tomando medidas que podem conter ou reduzir
preços em três frentes: vai usar dinheiro do
Tesouro para cumprir a promessa de baixar em média 20% as contas de luz (16% no
caso dos consumidores residenciais); tentará convencer, na base da amizade, os
novos prefeitos a não aumentar a tarifa do transporte urbano; e pretende
adicionar mais álcool e, provavelmente, também cortar impostos da gasolina. Não
vai dar certo. Pode conter o IPCA deste ano dentro da meta, mas os instrumentos
são artificiais demais. No fim, quem paga todas essas contas é o contribuinte –
afinal, o governo também tem contas a pagar e precisa arrecadar. Usar dinheiro
público para subsidiar o consumo é a estratégia da Venezuela. Rendeu muita
popularidade a Hugo Chávez, mas quebrou o Estado. Melhor seria não arriscar.
Fonte: Fetropar
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