A categoria, que comemora no estado de São Paulo seu dia no próximo
domingo, 30 de junho, tem praticamente a metade dos seus integrantes na classe
B após 15 anos de batente, com renda mensal
de dez a 20 salários mínimos.
Essa e outras conclusões são de
uma pesquisa da Raízen, empresa especializada em energia renovável com ênfase
no setor de produção dos derivados da cana, como o etanol automotivo e o
açúcar.
O estudo aponta que a maioria dos caminhoneiros da atualidade entrou na
profissão seguindo os passos do pai ou de familiares. Só que o mesmo não
acontece hoje. A maior parte dos filhos de motoristas de caminhão, que hoje tem
aceso a uma universidade, não pretende “herdar” a atividade.
A mesma pesquisa revela, ainda,
que a escolaridade média dos caminhoneiros em atividade vai apenas até a quarta
série do ensino fundamental.
Foram ouvidos 300 profissionais
de todas as regiões do país e apontou dados sobre a visão que os motoristas têm
da própria atividade.
Mesmo integrando a classe B, a
maioria dos caminhoneiros diz acreditar que a vida na estrada e o salário não
melhoraram. Mas os entrevistados afirmam que a qualidade das estradas avançou e
avaliam que suas famílias têm uma vida mais confortável em relação aos últimos
cinco anos.
Quase a metade dos caminhoneiros
(49%) está na profissão há mais de 15 anos. Sua idade média fica entre 31 e 40
anos, sendo que a maioria (77%) é casada e tem até dois filhos. Enquanto muitos dos filhos cursam o
ensino superior (35% dos profissionais ouvidos têm herdeiros fazendo ou
pretendendo fazer faculdade), a maioria dos caminhoneiros não tem o ensino
médio. Praticamente a metade (48%) deles integra a classe B.
A pesquisa também mostra que o
ofício de caminhoneiro está deixando de ser
hereditário. Só 3% têm filhos que optaram pela mesma atividade dos pais. Os
herdeiros de 62% não pretendem ser motoristas.
“A pesquisa mostra que a estrada
ficou mais dura porque o lar ficou mais confortável”. A opinião é de Mariana
Santarém, gerente do Clube Irmão Caminhoneiro. “Já está havendo uma carência de
profissionais no mercado”, afirma, referindo-se ao fato de os filhos de
caminhoneiros estarem optando por outras atividades, face à maior escolaridade
e ao crescente número de atividades profissionais à disposição.
Filhos de motorista preferem
seguir em outras profissões
O caminhoneiro Ademar Norgang de
Oliveira, de 57 anos, é pai de quatro filhos, mas apenas um deles seguiu seus
passos.
“Os outros não gostaram da ideia.
O mais velho é mecânico, o segundo é metalúrgico e o quarto, policial militar.
Só o terceiro, que sempre gostou de andar comigo, adotou a profissão”, conta
Oliveira. Ele não atribui à distância da família ou à rotina estressante a
escolha dos filhos que decidiram não ser caminhoneiros. “Foi do gosto pessoal
de cada um”, conclui o profissional.
A pesquisa da Raízen mostra que
boa parte (45%) dos caminhoneiros atualmente na ativa seguiram o ofício por
conta da influência de familiares. O índice dos que acreditam que as estradas
do país melhoraram atinge 55%, enquanto 66% acreditam que sua família leva uma
vida mais confortável hoje do que há cinco anos. Para 40%, a vida melhorou de
uma forma geral. Mas nem tudo é boa impressão. Para 62%, o salário piorou e,
para 43%, a vida nas estradas também está mais difícil nos dias de hoje.
Categoria exige atendimento de
qualidade ao abastecer
Trabalhadores que passam dias
sozinhos na estrada, os caminhoneiros preferem lidar com frentistas falantes,
mas com postura profissional. Essa preferência é apontada por 85% dos
entrevistados. A exigência de qualidade no atendimento nos postos de
combustível é primordial para 78% dos motoristas ouvidos.
Fora o preço do diesel, banheiros
limpos nos postos são o aspecto mais valorizado por 60% dos caminhoneiros. A
segurança durante as paradas é considerada fator primordial para 93% dos
entrevistados, sendo mais valorizada que a limpeza geral e o espaço para
estacionamento no pátio do posto de abastecimento.
A qualidade do diesel é mais
importante para 88% da amostra na comparação com o conforto oferecido pelo
posto.
Fonte: Diário
de São Paulo
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