sexta-feira, 28 de junho de 2013

Vida na estrada tem o seu valor



A categoria, que comemora no estado de São Paulo seu dia no próximo domingo, 30 de junho, tem praticamente a metade dos seus integrantes na classe B após 15 anos de batente, com renda mensal de dez a 20 salários mínimos.
Essa e outras conclusões são de uma pesquisa da Raízen, empresa especializada em energia renovável com ênfase no setor de produção dos derivados da cana, como o etanol automotivo e o açúcar.
O estudo aponta que a maioria dos caminhoneiros da atualidade entrou na profissão seguindo os passos do pai ou de familiares. Só que o mesmo não acontece hoje. A maior parte dos filhos de motoristas de caminhão, que hoje tem aceso a uma universidade, não pretende “herdar” a atividade.
A mesma pesquisa revela, ainda, que a escolaridade média dos caminhoneiros em atividade vai apenas até a quarta série do ensino fundamental.
Foram ouvidos 300 profissionais de todas as regiões do país e apontou dados sobre a visão que os motoristas têm da própria atividade.
Mesmo integrando a classe B, a maioria dos caminhoneiros diz acreditar que a vida na estrada e o salário não melhoraram. Mas os entrevistados afirmam que a qualidade das estradas avançou e avaliam que suas famílias têm uma vida mais confortável em relação aos últimos cinco anos.
Quase a metade dos caminhoneiros (49%) está na profissão há mais de 15 anos. Sua idade média fica entre 31 e 40 anos, sendo que a maioria (77%) é casada e tem até dois filhos. Enquanto muitos dos filhos cursam o ensino superior (35% dos profissionais ouvidos têm herdeiros fazendo ou pretendendo fazer faculdade), a maioria dos caminhoneiros não tem o ensino médio. Praticamente a metade (48%) deles integra a classe B.
A pesquisa também mostra que o ofício de caminhoneiro está deixando de ser hereditário. Só 3% têm filhos que optaram pela mesma atividade dos pais. Os herdeiros de 62% não pretendem ser motoristas.
“A pesquisa mostra que a estrada ficou mais dura porque o lar ficou mais confortável”. A opinião é de Mariana Santarém, gerente do Clube Irmão Caminhoneiro. “Já está havendo uma carência de profissionais no mercado”, afirma, referindo-se ao fato de os filhos de caminhoneiros estarem optando por outras atividades, face à maior escolaridade e ao crescente número de atividades profissionais à disposição.
Filhos de motorista preferem seguir em outras profissões
O caminhoneiro Ademar Norgang de Oliveira, de 57 anos, é pai de quatro filhos, mas apenas um deles seguiu seus passos.
“Os outros não gostaram da ideia. O mais velho é mecânico, o segundo é metalúrgico e o quarto, policial militar. Só o terceiro, que sempre gostou de andar comigo, adotou a profissão”, conta Oliveira. Ele não atribui à distância da família ou à rotina estressante a escolha dos filhos que decidiram não ser caminhoneiros. “Foi do gosto pessoal de cada um”, conclui o profissional.
A pesquisa da Raízen mostra que boa parte (45%) dos caminhoneiros atualmente na ativa seguiram o ofício por conta da influência de familiares. O índice dos que acreditam que as estradas do país melhoraram atinge 55%, enquanto 66% acreditam que sua família leva uma vida mais confortável hoje do que há cinco anos. Para 40%, a vida melhorou de uma forma geral. Mas nem tudo é boa impressão. Para 62%, o salário piorou e, para 43%, a vida nas estradas também está mais difícil nos dias de hoje.
Categoria exige atendimento de qualidade ao abastecer
Trabalhadores que passam dias sozinhos na estrada, os caminhoneiros preferem lidar com frentistas falantes, mas com postura profissional. Essa preferência é apontada por 85% dos entrevistados. A exigência de qualidade no atendimento nos postos de combustível é primordial para 78% dos motoristas ouvidos.
Fora o preço do diesel, banheiros limpos nos postos são o aspecto mais valorizado por 60% dos caminhoneiros. A segurança durante as paradas é considerada fator primordial para 93% dos entrevistados, sendo mais valorizada que a limpeza geral e o espaço para estacionamento no pátio do posto de abastecimento.
A qualidade do diesel é mais importante para 88% da amostra na comparação com o conforto oferecido pelo posto.
Fonte: Diário de São Paulo


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