sexta-feira, 21 de junho de 2013

Combustível, falta de infraestrutura e lei provocam alta de 50% no frete


O aumento de mais de 10% do preço do diesel e a fiscalização intensiva da Lei 12.619/12 – que ficou conhecida como lei do descanso, por estabelecer a obrigatoriedade de uma pausa a cada quatro horas trabalhadas pelos motoristas – foram os principais motivos apontados pelos empresários do setor para uma alta de até 30% do frete. Os 20% restantes são resultado do tempo de espera para a descarga de veículos em portos ou pela passagem pelas fronteiras secas do País.
“Houve aumento acumulado de mais de 10% no preço do combustível, que representa um terço do preço do frete hoje, aliado à aplicação da lei dos caminhoneiros, que aumentou o tempo de viagem e diminuiu a produtividade”, disse ao DCI o diretor comercial corporativo da Gafor Logística, Luís Carlos Magalhães. “Com isso, os fretes foram reajustados entre 15% e 25%. Sem contar que, em algumas regiões, na bomba, o diesel subiu acima dessa marca, já que o biodiesel depende da safra, atingindo aumento de 12%”, argumentou ainda.
Para tentar agilizar as operações, a Gafor investiu na contratação de mais motoristas, o que explica o impacto no preço. “Isso aumenta o custo final, obviamente. O caminhão só pode rodar com o mesmo motorista por 10h, então precisa haver outro motorista que assuma o caminhão e siga viagem”, explicou.
O presidente da Coopercarga Logística, Osni Roman, também aponta a lei do descanso e o aumento do preço do combustível como os principais fatores na alta do frete. “Dependendo da operação e do cliente, foi possível reduzir o impacto para 7% a 8% de aumento, em negócios mais dedicados, com cargas específicas. Em outros não foi possível segurar e o aumento chegou a 20%”, explicou ao DCI.
Serviços
Outro fator apontado como responsável pelo aumento por empresários e especialistas é a falta de infraestrutura portuária. Em São Paulo, por exemplo, no Porto de Santos, os transportadores chegaram a esperar mais de 24h para descarregar, devido à dificuldade nos pátios reguladores no início deste ano. “À medida que você tem um veículo parado, não há o que fazer para solucionar o problema. Isso impactou demais as empresas que trabalham com isso”, afirmou o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), Manoel Souza Lima.
O executivo da Gafor reforça o argumento: “Um caminhão não pode ficar parado por 24h esperando para descarregar. Isso é custo logístico e reflete no preço do frete. Para que o frete volte a cair, os modelos de embarque e desembarque têm que mudar, é preciso agilizar o processo”, afirmou Magalhães.
Além disso, ele destaca que o funcionamento precário dos serviços públicos nas fronteiras secas também dificulta o transporte. “Nós fazemos transporte rodoviário internacional, entre Brasil e Argentina, por exemplo. E a mesma medida de funcionamento 24h para órgãos como a Receita Federal, por exemplo, deveria funcionar nas fronteiras secas, já que levamos de 12h a 24h para atravessar a fronteira, só para cumprir burocracia. Isso se for um dia útil, porque de sábado e domingo, os órgãos não funcionam”, afirmou Magalhães.
Controle de poluentes
Questionados sobre a regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que determinou, no mês passado, a aplicação de multas para caminhões e ônibus que emitirem poluentes acima do permitido, os empresários negam a possibilidade de prejuízos. “O controle de poluentes já era obrigatório, então já tínhamos programas de controle de emissão de poluentes”, declarou Roman.
A medida do Contran, entretanto, deve atingir diretamente cerca de 870 mil caminhoneiros autônomos no País. Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindican-SP), Norival de Almeida, ainda é difícil calcular o impacto financeiro da regra, mas já é possível ver alguns entraves na prestação de serviços. “A maioria das transportadoras utiliza os serviços dos autônomos, somos 62% do transporte nacional hoje. Não vamos deixar de prestar o serviço, mas pode ser que as empresas tenham que reagendar o transporte de algumas cargas”, explicou ao DCI. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a idade média da frota brasileira é de 16,4 anos. Para Silva, o fator pode ser um complicador, não só para o tempo da manutenção, como para o custo.

Fonte: DCI

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