O aumento
de mais de 10% do preço do diesel e a fiscalização intensiva da Lei 12.619/12 –
que ficou conhecida como lei do descanso, por estabelecer a obrigatoriedade de
uma pausa a cada quatro horas trabalhadas pelos motoristas – foram os principais motivos
apontados pelos empresários do
setor para uma alta de até 30% do frete. Os 20% restantes são resultado do
tempo de espera para a descarga de veículos em portos ou pela passagem pelas
fronteiras secas do País.
“Houve aumento
acumulado de mais de 10% no preço do combustível, que representa um terço do
preço do frete hoje, aliado à aplicação da lei dos caminhoneiros, que aumentou o tempo de viagem
e diminuiu a produtividade”, disse ao DCI o diretor comercial corporativo da
Gafor Logística, Luís Carlos Magalhães. “Com isso, os fretes foram reajustados
entre 15% e 25%. Sem contar que, em algumas regiões, na bomba, o diesel subiu
acima dessa marca, já que o biodiesel depende da safra, atingindo aumento de
12%”, argumentou ainda.
Para tentar
agilizar as operações, a Gafor investiu na contratação de mais motoristas, o
que explica o impacto no preço. “Isso aumenta o custo final, obviamente. O caminhão só pode rodar com o mesmo
motorista por 10h, então precisa haver outro motorista que assuma o caminhão e
siga viagem”, explicou.
O presidente da
Coopercarga Logística, Osni Roman, também aponta a lei do descanso e o aumento
do preço do combustível como os principais fatores na alta do frete.
“Dependendo da operação e do cliente, foi possível reduzir o impacto para 7% a
8% de aumento, em negócios mais
dedicados, com cargas específicas. Em outros não foi possível segurar e o
aumento chegou a 20%”, explicou ao DCI.
Serviços
Outro fator
apontado como responsável pelo aumento por empresários e especialistas é a
falta de infraestrutura portuária. Em São Paulo, por exemplo, no Porto de
Santos, os transportadores chegaram a esperar mais de 24h para descarregar,
devido à dificuldade nos pátios reguladores no início deste ano. “À medida que
você tem um veículo parado, não há o que fazer para solucionar o problema. Isso
impactou demais as empresas que trabalham com isso”, afirmou o presidente do
Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de São Paulo
(Setcesp), Manoel Souza Lima.
O executivo da
Gafor reforça o argumento: “Um caminhão não pode ficar parado por 24h esperando
para descarregar. Isso é custo logístico e reflete no preço do frete. Para que
o frete volte a cair, os modelos de embarque e desembarque têm que mudar, é
preciso agilizar o processo”, afirmou Magalhães.
Além disso, ele
destaca que o funcionamento precário dos serviços públicos nas fronteiras secas
também dificulta o transporte. “Nós fazemos transporte rodoviário
internacional, entre Brasil e Argentina, por exemplo. E a mesma medida de
funcionamento 24h para órgãos como a Receita Federal, por exemplo, deveria
funcionar nas fronteiras secas, já que levamos de 12h a 24h para atravessar a
fronteira, só para cumprir burocracia. Isso se for um dia útil, porque de
sábado e domingo, os órgãos não funcionam”, afirmou Magalhães.
Controle de
poluentes
Questionados sobre
a regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que determinou, no
mês passado, a aplicação de multas para caminhões e ônibus que emitirem poluentes
acima do permitido, os empresários negam a possibilidade de prejuízos. “O
controle de poluentes já era obrigatório, então já tínhamos programas de
controle de emissão de poluentes”, declarou Roman.
A medida do
Contran, entretanto, deve atingir diretamente cerca de 870 mil caminhoneiros
autônomos no País. Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores
Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindican-SP), Norival de
Almeida, ainda é difícil calcular o impacto financeiro da regra, mas já é
possível ver alguns entraves na prestação de serviços. “A maioria das
transportadoras utiliza os serviços dos autônomos, somos 62% do transporte
nacional hoje. Não vamos deixar de prestar o serviço, mas pode ser que as
empresas tenham que reagendar o transporte de algumas cargas”, explicou ao DCI.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a idade média da
frota brasileira é de 16,4 anos. Para Silva, o fator pode ser um complicador,
não só para o tempo da manutenção, como para o custo.
Fonte:
DCI
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