Dia Mundial do
Meio Ambiente: Transporte Público é fundamental para respeito à vida
Estudo do IPT
mostra que corredor de ônibus pode reduzir entre 38% e 74% as emissões de
poluição
ADAMO BAZANI –
CBN
Neste dia 05
de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi estabelecida
pela ONU – Organização das Nações Unidas em 1972 e marcou a abertura da
Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano.
Daquela época
para cá, muita coisa mudou, para o bem e para o mal.
Hoje, falar
sobre meio ambiente não é mais para especialistas e ecologistas. A necessidade
fez com que o assunto fosse mais aceito e assimilado pela população em geral.
Mas na
prática, desde a Conferência até agora, os avanços tecnológicos e da mudança
gradual de cultura foram praticamente anulados pela forma desordenada como se
deu o crescimento urbano em diversas partes do mundo e pelas políticas públicas
que insistem ainda em algumas ações, como o privilégio ao transporte
individual.
Não se pode
falar em sustentabilidade e preservação do meio ambiente sem citar o transporte
coletivo.
As redes que
favorecem a integração entre metrô e corredores de ônibus modernos são uma
forma inteligente de ocupar o espaço urbano e poupar a natureza.
De acordo com
a Cetesb, que é a Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, 90%
das emissões de poluentes no ar na maior cidade da América Latina, a Capital
Paulista, são provenientes do excesso de veículos nas ruas.
A simples
substituição de carros por ônibus com a instalação de corredores exclusivos já
traz um grande alívio para o trânsito e para os pulmões. Um corredor de ônibus
recebe veículos articulados e biarticulados que podem transportar com conforto
entre 150 e 250 passageiros de uma só vez. Levando em consideração que cada
carro só anda com duas pessoas em média, estes ônibus podem substituir de 75 a
125 carros de passeio.
Um estudo do
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, de 2010, revela que onde há
corredores de ônibus, a redução de emissão de monóxidos de carbono e de
hidrocarbonetos pode ser de 38%. O estudo levou em conta todos os corredores da
Capital Paulista. Outra conclusão é que quanto menos interferência o corredor
de ônibus sofrer do trânsito, mais eficiente, do ponto de vista ecológico
inclusive, ele vai ser. É o caso do Expresso Tiradentes, que liga o Centro de
São Paulo a parte da Zona Lestes. A redução de poluentes neste corredor de
ônibus foi de 74%.
O número se
explica porque além de tornar o transporte público mais atraente, permitindo
aos ônibus velocidades maiores, o bom desempenho operacional nos corredores,
com menos freadas e acelerações, faz com que os ônibus poluam menos e gastem em
média 20% menos combustível se fossem cumprir as mesmas linhas em vias comuns.
Vale ressaltar
que o estudo ainda não leva em consideração as novas tecnologias de restrição
de emissões para veículos pesados a diesel que têm como base as normas
internacionais Euro V. Desde janeiro de 2012, só podem ser produzidos para o
Brasil ônibus e caminhões Euro V. A redução de emissão de alguns elementos,
como o Óxido de Nitrogênio, pode chegar a 63% e até 80% de redução de materiais
particulados.
Também é
importante destacar que os corredores de ônibus podem ser integrados à cidade
de maneira sustentável com a implantação de áreas verdes ao longo do trajeto,
como é o caso da Linha Verde de Curitiba e do Corredor Metropolitano ABD,
operado pela Metra e que possui cerca de cinco mil árvores plantadas pela
empresa transportadora.
Os corredores
por serem espaços exclusivos, com espaço maior e pavimento melhor podem receber
veículos mais caros e de tecnologia de tração independente do petróleo, como a
circulação de trólebus, ônibus elétrico-híbridos, a etanol e até hidrogênio.
O que falta é
ampliação de áreas para os transportes coletivos para que haja menos espaço
para carro e mais para as pessoas.
Assim, pensar
no meio ambiente é pensar na qualidade de vida das pessoas. E não há cidade com
qualidade de vida sem investimento em transporte público.
Adamo Bazani,
jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Fonte: CNT
Nenhum comentário:
Postar um comentário