terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pacote sofre restrições em portos, trens e estradas



O governo superestimou as projeções para o retorno financeiro das duas primeiras concessões de rodovias federais do Programa de Investimento em Logística lançado pela presidente Dilma Rousseff em agosto, com previsão total de investimento de mais de R$ 200 bilhões.

Por causa disso, teve que ser adiado o leilão de rodovias em Minas (BR-040 e BR-116), marcado para a semana passada, depois que ao menos três empresas informaram que não participariam.

A justificativa, apurou a Folha, é que as projeções de crescimento da economia e de arrecadação do pedágio estavam infladas.
Com isso, a taxa de retorno ficaria ainda menor que os 6% prometidos pelo governo, já considerados insuficientes pelas empresas do setor.
Agora, os ministérios envolvidos (Casa Civil, Fazenda e Transportes) debatem internamente se refazem os estudos ou apenas melhoram as condições de financiamento para elevar o retorno.

A primeira opção levaria a uma demora maior nos leilões. Já a segunda não resolveria a insegurança gerada pela fragilidades dos levantamentos iniciais.
A versão oficial para o adiamento é que seria necessário refazer contas após novas medidas adotadas pela Fazenda para reduzir juros do financiamento para o setor.

FERROVIAS E PORTOS

O programa de rodovias não é o único a gerar descrédito entre os investidores -o governo também enfrenta problemas com as concessões de ferrovias e portos.
Nesta semana, o governo envia uma comitiva ao exterior para "vender" os projetos federais de concessão e atrair investimentos externos. Mas a oposição do empresariado nacional ao pacote já é forte.

Em ferrovias, a previsão era que os estudos de viabilidade de 6 dos 12 trechos a ser concedidos estivessem divulgados em dezembro. Os estudos não foram publicados porque o governo ainda não fechou um modelo concreto sobre como as companhias vão usar as novas ferrovias.

Sem isso, as interessadas não podem iniciar análises para apresentar proposta.
Outro problema é que não há acordo com as atuais concessionárias para a devolução dos trechos que compõem o Ferroanel de São Paulo, a obra considerada mais importante do pacote.

Dos três trechos do Ferroanel que comporiam uma só concessão, o governo teria que retomar dois.
No caso de portos, empresas decidiram paralisar investimentos previstos por causa das incertezas geradas pela MP que mudou todo o setor.

Na quinta passada, a pedido do Planalto, Jorge Gerdau, presidente da Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade (ligada à Casa Civil), reuniu-se com líderes do setor para ouvir os problemas.

O governo está disposto a alterações, desde que se mantenha a competitividade.
 
Fonte: Folha de São Paulo
 

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