O governo superestimou as projeções para o retorno
financeiro das duas primeiras concessões de rodovias federais do Programa de
Investimento em Logística lançado pela presidente Dilma Rousseff em agosto, com
previsão total de investimento de mais de R$ 200 bilhões.
Por causa disso, teve que ser adiado o leilão de
rodovias em Minas (BR-040 e BR-116), marcado para a semana passada, depois que
ao menos três empresas informaram que não participariam.
A justificativa, apurou a Folha, é que as projeções
de crescimento da economia e de arrecadação do pedágio estavam infladas.
Com isso, a taxa de retorno ficaria ainda menor que
os 6% prometidos pelo governo, já considerados insuficientes pelas empresas do
setor.
Agora, os ministérios envolvidos (Casa Civil,
Fazenda e Transportes) debatem internamente se refazem os estudos ou apenas
melhoram as condições de financiamento para elevar o retorno.
A primeira opção levaria a uma demora maior nos
leilões. Já a segunda não resolveria a insegurança gerada pela fragilidades dos
levantamentos iniciais.
A versão oficial para o adiamento é que seria
necessário refazer contas após novas medidas adotadas pela Fazenda para reduzir
juros do financiamento para o setor.
FERROVIAS E PORTOS
O programa de rodovias não é o único a gerar
descrédito entre os investidores -o governo também enfrenta problemas com as
concessões de ferrovias e portos.
Nesta semana, o governo envia uma comitiva ao
exterior para "vender" os projetos federais de concessão e atrair
investimentos externos. Mas a oposição do empresariado nacional ao pacote já é
forte.
Em ferrovias, a previsão era que os estudos de
viabilidade de 6 dos 12 trechos a ser concedidos estivessem divulgados em
dezembro. Os estudos não foram publicados porque o governo ainda não fechou um
modelo concreto sobre como as companhias vão usar as novas ferrovias.
Sem isso, as interessadas não podem iniciar
análises para apresentar proposta.
Outro problema é que não há acordo com as atuais
concessionárias para a devolução dos trechos que compõem o Ferroanel de São
Paulo, a obra considerada mais importante do pacote.
Dos três trechos do Ferroanel que comporiam uma só
concessão, o governo teria que retomar dois.
No caso de portos, empresas decidiram paralisar
investimentos previstos por causa das incertezas geradas pela MP que mudou todo
o setor.
Na quinta passada, a pedido do Planalto, Jorge
Gerdau, presidente da Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade (ligada à
Casa Civil), reuniu-se com líderes do setor para ouvir os problemas.
O governo está disposto a alterações, desde que se
mantenha a competitividade.
Fonte: Folha de São Paulo
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