O Movimento União Brasil
Caminhoneiro (MUBC) participa no próximo dia 19, em Brasília, de uma reunião
visando mudanças na Lei 12.619, a Lei do Descanso. A reunião será com a bancada
do transporte rodoviário de carga, grupo que, segundo o presidente do MUBC,
Nélio Botelho, reúne quase 70 deputados federais, sob a coordenação de Nelson
Marquezelli (PTB-SP).
A
ideia é que a Câmara aprove um projeto de lei reduzindo de 11 horas para 8
horas o tempo de descanso entre dois dias de trabalho previsto na Lei 12.619.
Junto com representantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Botelho
levou o pedido à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, dia 25 de janeiro. “A
ministra disse que apoia nosso pleito, mas que esta é uma questão a ser
resolvida no Congresso”, afirma.
O
MUBC é a única entidade de caminhoneiros que vêm se manifestando contrária a
lei. “Não é que somos contra, é que ela é impossível de ser cumprida. Como
está, vai provocar um aumento de frete bastante elevado, vai exigir o dobro de
frota de caminhões, o triplo de motoristas e já estamos com falta de
profissionais”, ressalta. Para ele, a lei vai “complicar totalmente a economia
e parar o País”, no momento em que será colhida uma safra recorde.
Questionado
se o aumento nos fretes não beneficia o próprio transporte de carga, ele diz
que não. “É um aumento de frete para cobrir os custos adicionais da lei e não
vai para o bolso nem dos donos de transportadoras, nem dos caminhoneiros”,
afirma.
De
acordo com ele, com 8 horas de descanso, o impacto será menor. “Quando houver
pontos de parada para os caminhoneiros descansarem, até podemos pensar em 11
horas”, declara. Botelho afirma que a alteração deve servir tanto para
autônomos como para motoristas empregados. “A lei não deveria diferenciar as
duas categorias. Somos todos trabalhadores”, ressalta.
Mas
os deputados ligados ao agronegócio e ao MUBC querem uma mudança mais rápida:
através de Medida Provisória editada pelo governo. “A tramitação de um novo
projeto seria muito demorada e burocrática, precisamos de uma medida mais ágil
e de efeito imediato”, diz o deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC), em nota
enviada à imprensa.
Segundo
ele, a lei prejudica “especialmente a agricultura, que se encontra em plena
colheita de grãos”. “Isso será sentido no bolso do consumidor, que pagará ainda
mais caro pelos alimentos, uma vez que o frete sofrerá um aumento cerca de 50%,
inviabilizando o transporte brasileiro”, declara.
A
Lei 12.619, sancionada no ano passado, é fruto de debates promovidos pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT) e conta com o apoio da NTC&Logística,
associação nacional que representa as maiores empresas de transporte de cargas
do País. E também com o apoio de várias entidades que representam os
caminhoneiros empregados e autônomos, como a Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), da União Nacional dos
Caminhoneiros do Brasil (Unicam) e da Confederação Nacional dos Transportadores
Autônomos (CNTA), que congrega os Sindicam´s.
Fonte: Carga Pesada
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