Caminhoneiros que trabalham no Porto de Santos decidiram bloquear, até a próxima sexta-feira, a entrada do Terminal de Contêineres (Tecon), administrado pela Santos Brasil, em Guarujá. A decisão foi motivada, conforme alegação da categoria, pelo não cumprimento do acordo assinado pela empresa com autoridades da cidade na última sexta-feira. Entre as reivindicações, estão o pagamento da estadia para os motoristas e agilidade nas operações de carga e descarga de mercadorias.
Desde às 10 horas, caminhoneiros que utilizam os terminais portuários localizados na Margem Esquerda do Porto de Santos bloqueiam a Santos Brasil e reclamam da lentidão na liberação dos caminhões que realizam operações de carga e descarga na empresa.
Nesta sexta-feira, às 14 horas, Prefeitura de Guarujá, Santos Brasil, representantes da categoria e Ministério Público se reúnem na tentativa de solucionar o impasse.
Enquanto isso, segundo a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), o congestionamento da Domênico Rangoni chega a sete quilômetros, do km 250 ao km 248 e do km 1 ao km 5, na SP-248. Ainda de acordo com a empresa, o monitoramento no trecho jáé reforçado com viaturas e apoio da Polícia Rodoviária. A Ecovias informou que está em entendimentos com Prefeitura de Guarujá e Codesp para acabar com os reflexos da manifestação na estrada.
Reclamação
Segundo os caminhoneiros, a paralisação foi motivada pela falta de cumprimento de um acordo firmado entre a Santos Brasil e os motoristas, na última sexta-feira, quando o congestionamento provocado pelo excesso de caminhões causou reflexos nas rodovias Anchieta e Imigrantes. Na oportunidade, Prefeitura do Guarujá, Codesp, sindicato da categoria, empresas portuárias e trabalhadores, firmaram um compromisso para por fim aos congestionamentos nas proximidades da Rua do Adubo, principal acesso aos terminais.
Apesar da promessa de um novo encontro para discutir a situação, durante a tarde e a noite de desta terça-feira, diretores da empresa, representantes da Prefeitura e caminheiros tentaram se acertar. Eles chegaram a conversar durante pouco mais de quatro horas, mas nada foi resolvido. “Estamos com mais de mil caminhoneiros parados aqui. Não é possível que a empresa não perceba a nossa situação”, desabafou o manifestante João Carlos da Silva.
A categoria quer o pagamento de estadia a cada hora adicional (após as 2 horas iniciadas de espera, pede-se o vale de R$ 45,00, como previsto na legislação), além de “agilidade” nas operações do terminal (que chegam a durar quase um dia, conforme relatos). “Ontem mesmo, eu vim de Cubatão para cá (Santos Brasil) e fiquei mais de 10 horas dentro do terminal”, completou o caminhoneiro Ricardo Santos, que deixou o veículo na fila do pátio da empresa, na noite desta terça, e voltou para casa.
"A ALL (América Latina Logística) está respeitando sua parte no acordo. Reduziu o tempo de espera e absorveu toda a carga de granéis. A Santos Brasil, por sua vez, não cumpriu o que prometeu e o resultado é isso aí", disse o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Contêineres de Guarujá e Santos (Sindcon), José Nilton de Oliveira, o Doidão.
Ainda de acordo com o dirigente sindical, a empresa se comprometeu em reservar quatro gates para as operações de motoristas da região, aumentar o número de balanças em funcionamento e agilizar as operações dentro do terminal, o que não aconteceu.
Segundo Oliveira, das sete balanças existentes no terminal, apenas quatro estão em funcionamento. Além disso, o sistema de liberação está lento. Com isso, os caminhoneiros levam de seis a oito horas para operar no terminal, quando na verdade todo processo poderia ser completado em duas horas.
A categoria quer o cumprimento da lei 11.442, de 05/1/2007. 'Queremos o respaldo da justiça para que a empresa cumpra o acordo firmado", disse Doidão. A lei, citada por ele, dispõe sobre o transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros, mediante remuneração.
Outro lado
Segundo a Santos Brasil, o terminal está operando normalmente. A capacidade operacional não foi reduzida e todos os gates e balanças estão fucionando como o habitual. O serviço só não está normalizado devido ao bloqueio dos caminhoneiros que impede o acesso ao terminal.
Fonte: A Tribuna On-line
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