quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Dominada por caminhões, Régis tem na serra trecho mais perigoso



O aumento no número de mortes em uma das estradas mais importantes do país preocupa. A Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo à região Sul, já foi chamada de Rodovia da Morte.
Os acidentes são por vários motivos, mais dois são principais: imprudência dos motoristas, e insegurança da rodovia, que ainda não está duplicada na Serra do Cafezal. Os 30 quilômetros dessa serra são considerados críticos.
Na segunda-feira (9), dois caminhões bateram de frente e duas pessoas morreram. A equipe do Bom Dia Brasil foi até o local e mostra os problemas e os flagrantes impressionantes em uma das principais estradas do país.
A estrada está livre, o trecho é duplicado, mas motorista do caminhão não consegue fazer a curva e tomba. Mais um acidente do mesmo jeito é flagrado por outra câmera de segurança.
As imagens foram gravadas na principal ligação entre as regiões mais ricas do país: a Rodovia Régis Bittencourt. De São Paulo a Curitiba são 402 quilômetros, viagem que não é das mais longas, mas é das mais perigosas.
“Essa rodovia aqui é triste. Qualquer coisinha os caras estão batendo, rodovia perigosa”, diz o caminhoneiro Orenaldo Aquino dos Santos.
Mas por que quase todo dia acontece um acidente grave nessa estrada? São várias explicações. A Régis é uma rodovia dominada por caminhões. “De uma fila de 100 veículos, 10 a gente pode verificar que são carros, o restante são caminhões”, explica o chefe da comunicação social da PRF, Maciel Junior.
É difícil um acidente em que eles não estejam envolvidos. No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal registrou só no trecho paulista 4.388 acidentes e 121 mortes. De janeiro a novembro desse ano, foram 3.450 ocorrências, mas o número de mortos já é maior: 122.
Tem vezes que motoristas e pedestres se arriscam. É o caso de pessoas que atravessam a rodovia mesmo perto da passarela. Outras vezes, a estrada não ajuda. Perto de São Paulo, o retorno é pela pista mesmo.
“Dá muito medo, a gente vê muito acidente”, lembra uma motorista.
A Serra do Cafezal, em Miracatu, a mais ou menos 140 quilômetros de São Paulo, é o trecho mais perigoso da rodovia. Ele ainda não foi totalmente duplicado e volta e meia o trânsito fica bastante complicado quando tem um caminhão quebrado na pista.
O motorista disse que estava esperando o guincho havia dois dias. “É perigoso também de vir alguém, bater atrás, perder freio, porque é uma descida”, conta o caminhoneiro Marcos Pereira de Lima.
Ainda bem que a carreta dele quebrou no sentido Curitiba, porque é o único que tem acostamento. A Serra do Cafezal tem pouco mais de 30 quilômetros de extensão. O início e o fim estão duplicados, mas ainda falta a maior parte: 19 quilômetros.
O número de acidentes – só no trecho de serra – vem caindo desde o início das obras, mas continua alto: de janeiro a novembro desse ano foram 308 e 10 mortes.
A viagem de Célio terminou no trecho. Ele transportava uma carga de 10 toneladas quando perdeu o freio na descida. “Acabou o freio do caminhão, joguei na traseira do outro para parar, senão não parava”, conta.
Ninguém se machucou. Mas com tantas fatalidades, a Régis Bittencourt ainda carrega o estigma de Rodovia da Morte. “Na Régis é toda hora, não tem jeito, principalmente na Serra do Cafezal”, lamenta um caminhoneiro.
“Eu peguei alergia de fazer São Paulo por causa da serra”, diz outro caminhoneiro.
A Autopista Régis Bittencourt, que administra a rodovia, afirma que o número de mortes caiu 30% entre 2010 e 2012 no trecho entre São Paulo e Curitiba. Ainda assim foram quase 140 mortes só nesse trecho. É muita coisa na principal ligação terrestre entre as duas regiões mais ricas do país.

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