Dirigir sem pressa.
Fornecer informações apenas a motoristas conhecidos. Não deixar os
conhecimentos enferrujarem. Esses são alguns dos conselhos que caminhoneiros
que iniciaram suas andanças há décadas dão aos menos experientes. Embora haja
saudosismo, parte do romantismo ficou para trás. Os mais velhos sabem: as
inovações em veículos pesados facilitam – e muito – a vida dos motoristas de
primeira viagem. “Tudo que eu aprendi foi na prática, pois na época em que
comecei, os caminhões e as estradas não tinham as condições de hoje”, relembra
Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de São
Paulo (Sindicam-SP) e 38 anos só de volante. Formuladas por profissionais do
setor, conheça sete dicas fundamentais para os iniciantes.
Reciclar-se é essencial
Para
não ficar para trás na profissão, procurar cursos, aulas e leituras que
aperfeiçoem o conhecimento do motorista é a principal dica. Com tecnologia cada
vez mais desenvolvida, é preciso que os caminhoneiros de primeira viagem saibam
como funciona o veículo que operam. “O equipamento hoje é completamente
diferente. Na minha época, ouvíamos um barulho diferente e já sabíamos onde
estava o problema no caminhão”, contaClaudinei Pelegrini, presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM). Fazer cursos de direção
defensiva, logística e atendimento a clientes e parceiros auxiliam o
profissional a conhecer o conteúdo como um todo.
Informações importantes? Apenas para conhecidos
Ao
parar em postos para abastecer, comer ou usar o banheiro, o caminhoneiro pode
ser abordado por pessoas interessadas em sua carga, em seus pertences pessoais
e no próprio caminhão. Falar somente o necessário aos desconhecidos ajuda a
evitar roubos e assaltos. Dar carona também se tornou perigoso. Muitos deixam
de parar para ajudar outros caminhoneiros por medo e desconfiança, afirma
Laerte José de Freitas, vice-presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do
Paraná (Sindicam-PR).
Fazer do jantar da noite o almoço do outro dia
Com
os prazos apertados entre uma entrega e outra ou para economizar, alguns
motoristas deixam a fome de lado e não param no horário do almoço. O conselho
de Pelegrini é cozinhar em maior quantidade ao fazer o jantar. Assim, o
motorista pode guardar parte da comida para o outro dia. No seu tempo, conta,
andava com três panelas de pressão no veículo, cozinhava à noite e esquentava o
mesmo prato ao meio-dia do dia seguinte. “É um horário complicado, mas agora,
com as pausas obrigatórias, fica mais fácil”, ressalta.
O melhor descanso é o travesseiro
“O
grande mal que hoje assola os caminhoneiros que estão começando é a pressa”,
acredita Pelegrini. Mesmo com a Lei do Descanso, a fiscalização – ainda fraca –
não tem feito com que os motoristas parem a cada quatro horas ou 300
quilômetros rodados. Alguns chegam a dirigir por mais de 15 horas sem parar,
tudo para chegar a tempo no local de entrega. Também há quem abuse dos
inibidores de sono e fiquem até duas noites sem dormir, o que, além de um dano
para a própria saúde, é um perigo. “Mas nós, anciões da profissão, sabemos bem
que o melhor rebite é o travesseiro”, diz o presidente da ABCAM. Dormir bem faz
com que o caminhoneiro acorde disposto, revigorado e cheio de energia. É o mais
eficaz.
Dirija com paciência e segurança
Ver
pelo vidro retrovisor um enorme caminhão pode amedontrar condutores de veículos
leves – que, nas estradas, fogem e fazem manobras para sair de perto dos
veículos de carga pesada. Manter a cautela e prestar atenção é a recomendação
de Freitas. “Sempre orientamos os caminhoneiros para que se esquivem desse tipo
de confronto”, afirma. A dica é que o motorista mantenha a distância regular e
respeite a sinalização e a velocidade da estrada, para não criar tumultos ou
assustar quem dirige veículos leves.
Descansar nas paradas obrigatórias
Já
que são obrigatórias, é uma boa ideia por parte do caminhoneiro aproveitar as
pausas a cada quatro horas ou 300 quilômetros percorridos. Relaxar de 15 a 30
minutos e se alongar no resto do tempo previsto faz com que o trabalhador
recomponha a energia perdida e não se torne sedentário. “A lei ajudará muito a
estruturar a vida do caminhoneiro”, garante Norival de Almeida Silva,
presidente do Sindicato de Caminhoneiros de São Paulo. Aproveitar o descanso
para ler, fazer atividades leves ou até mesmo dar uma caminhada para esticar as
pernas são outros conselhos válidos.
Revisões frequentes, caminhão sadio
Realizar
manutenções frequentes e revisar o veículo sempre que chegar à quilometragem
limite também é uma recomendação que os profissionais veteranos dão aos que
estão começando. Cultivar o caminhão sempre em bom estado impede problemas
futuros ou repentinos no caminhão. Passar mais de seis meses longe da concessionária
é um erro, pois provavelmente, antes disso o veículo terá operado o suficiente
para ser revisado. Outro conselho válido é aderir ao Programa Despoluir, uma
iniciativa que pretende medir a quantidade de poluentes que o caminhão está
emitindo para a atmosfera, para que o caminhoneiro regularize o veículo. Já as
frotas aprovadas recebem um selo atestando que estão dentro das normas exigidas
pelos órgãos ambientais. “A CNT tem sido rigorosa nesse sentido, pois dá para
ver de longe a fumaça preta que sai do caminhão”, afirma Freitas.
Fonte: Transporte & Logística
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