segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estradas ruins custam a empresas 13% da receita


Estradas ruins, carga e descarga em centros urbanos e falta de ferrovias custam às empresas brasileiras 13% de suas receitas brutas.

Em 
pesquisa inédita, a Fundação Dom Cabral, maior escola de negócios do país, analisou o peso do chamado "custo logístico" de companhias cujas cadeias dependem do transporte de bens.

O transporte de longa distância é o que pesa no fim do mês, responsável por 38% do total, segundo apontaram as 126 empresas ouvidas, que representam 20% do PIB.

O item engloba a manutenção de caminhões e reposição de pneus, um desdobramento das estradas ruins, e custo de combustível. O setor que mais sofre é o agropecuário, seguido do de construção.

Os gastos com infraestrutura não são restritos às empresas, mas elevam os preços ao consumidor e minam a capacidade de a empresa investir, diz Paulo Rezende, coordenador do núcleo de Infraestrutura e Logística da 
FDC.

"Alguém tem que pagar a conta", afirma. Em um primeiro momento, 
são os consumidores que pagam quando as as empresas podem repassar os custos.

Quando não podem, são obrigadas a diminuir a margem operacional e a cortar investimentos. Já as que não suportam o estrangulamento na operação transferem o custo para os produtores.

Apesar dos desdobramentos, o custo logístico não pode ser zerado. A questão levantada é quanto dele se deve a uma infraestrutura ruim. Para chegar à resposta, a FDC comparou a situação brasileira com a dos EUA, um país igualmente continental e com boa infraestrutura.

Enquanto no Brasil, a cada R$ 100 faturado, R$ 13,10 são custo logístico, nos EUA, são R$ 7,50. A diferença entre um e outro é a "ineficiência da logística brasileira", diz Rezende. "Os produtos do país já partem R$ 5,60 mais 
caros que os americanos."

A FDC calculou que o custo logístico representa 12% do PIB. A diferença entre esse nível e os 8% do PIB americano gastos com logística custa ao Brasil US$ 83,2 bilhões.

"Da porteira para dentro, a indústria brasileira moderniza e investe. Na hora que vai transportar, muitos dos ganhos são perdidos."

Depois dos gastos com estradas ruins, o custo de armazenagem e de distribuição urbana são os que mais pesam.

Para reduzir os custos, 70,7% das empresas citaram como solução melhores ferrovias e que integrem-se a outros meios de transporte.

O alinhamento entre a demanda de empresários e a iniciativa do governo de privatizar ferrovias e estradas anunciada em agosto são "coisa rara", afirma Rezende. Mas representa um avanço.

O pacote prevê dobrar a extensão das rodovias e das ferrovias nos próximos cinco anos, a um custo de R$ 80 bilhões. 


Fonte:Folha de S. Paulo

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