sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Descanso para caminhoneiros continua gerando polêmica



A discussão sobre acidentes de trânsito acaba esbarrando na polêmica lei que regulamenta a jornada de trabalho dos caminhoneiros (12.619/12).

- Essa lei foi elaborada por quem não conhece o transporte rodoviário de carga e é impossível de ser cumprida. Com essa lei, o frete vai aumentar em 35% e a economia não iria suportar, alerta o presidente do Movimento União Brasileira de Caminhoneiros, Nélio Botelho.

A lei, que entrou em vigor em agosto, prevê descanso obrigatório de 30 minutos a cada 4 horas de direção e 11 horas diárias de repouso. Estão previstas multas para quem não cumprir os períodos de descanso.

Entidades do setor, no entanto, argumentam que as rodovias não têm infraestrutura adequada para oferecer locais de descanso em número suficiente e de forma segura.

As rodovias brasileiras estão abandonadas pelo governo, reclama Botelho.

- Não há a menor infraestrutura, nenhuma segurança. As medidas anunciadas pelo governo vêm em boa hora, mas eu acho que para que se consertar vai demorar muito tempo para colocar a situação em ordem.


Levantamento

Por causa da polêmica gerada pela lei, o Conselho Nacional de Trânsito suspendeu por 180 dias a fiscalização. O superintendente de serviços de transporte de cargas da ANTT, Noboru Ofugi, explica que nesse tempo não serão construídos pontos de descanso, mas será feito um levantamento para saber onde existem pontos de descanso.

- O governo vai identificar as rodovias que teriam os pontos de descanso e que poderiam ser fiscalizadas. A lei precisa de algumas adequações, mas na verdade é necessário que se tenha um ponto de descanso. Às vezes o caminhoneiro pode estar cansado, até mesmo por situações da via, e pode causar um acidente, afirma o especialista em trânsito Márcio de Andrade.

Mas Nélio Botelho discorda.

- O caminhoneiro não é o grande vilão das estradas. Isso é uma injustiça! Ele é um profissional extremamente responsável, pai de família, recebe orientações e cursos profissionalizantes das empresas para quem ele trabalha. O caminhão é a ferramenta de trabalho dele e ele tem que zelar pelo caminhão, não pode estar tomando rebite.

Ele diz que a maior parte dos acidentes é causado por motoristas de carros particulares.

- O veículo particular, sim, está associado a álcool e a drogas. Se houvesse nesse País, uma estatística para determinar verdadeiramente quais são os acidentes provocados por caminhões, eu garanto que o índice seria muito menor.

Márcio de Andrade, no entanto, explica que vários fatores geram acidentes: as condições das vias, das placas de sinalização, imprudência, negligência, imperícia, estrutura viária aumento da frota.

- É necessário investir no transporte público de qualidade para que o condutor se sinta confortável e7para deixar o veículo em cada e usar o transporte coletivo de massa, diminuindo o número de veículos nas ruas.

Para o especialista regras mais rígidas, como prisão para quem dirige embriagado, podem reduzir o número de acidentes.

- Além disso, se o governo investisse mais em campanhas educativas e em fiscalização, poderia haver uma redução no número de acidentes.

Fonte: O Norte

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