A discussão sobre acidentes de trânsito acaba esbarrando na polêmica lei que regulamenta a jornada de trabalho dos caminhoneiros (12.619/12).
- Essa lei foi elaborada por quem não conhece o
transporte rodoviário de carga e é impossível de ser cumprida. Com essa lei, o
frete vai aumentar em 35% e a economia não iria suportar, alerta o presidente
do Movimento União Brasileira de Caminhoneiros, Nélio Botelho.
A lei, que entrou em vigor em agosto, prevê
descanso obrigatório de 30 minutos a cada 4 horas de direção e 11 horas diárias
de repouso. Estão previstas multas para quem não cumprir os períodos de
descanso.
Entidades do setor, no entanto, argumentam que as
rodovias não têm infraestrutura adequada para oferecer locais de descanso em
número suficiente e de forma segura.
As rodovias brasileiras estão abandonadas pelo
governo, reclama Botelho.
- Não há a menor infraestrutura, nenhuma segurança.
As medidas anunciadas pelo governo vêm em boa hora, mas eu acho que para que se
consertar vai demorar muito tempo para colocar a situação em ordem.
Levantamento
Por causa da polêmica gerada pela lei, o Conselho
Nacional de Trânsito suspendeu por 180 dias a fiscalização. O superintendente
de serviços de transporte de cargas da ANTT, Noboru Ofugi, explica que nesse
tempo não serão construídos pontos de descanso, mas será feito um levantamento
para saber onde existem pontos de descanso.
- O governo vai identificar as rodovias que teriam
os pontos de descanso e que poderiam ser fiscalizadas. A lei precisa de algumas
adequações, mas na verdade é necessário que se tenha um ponto de descanso. Às
vezes o caminhoneiro pode estar cansado, até mesmo por situações da via, e pode
causar um acidente, afirma o especialista em trânsito Márcio de Andrade.
Mas Nélio Botelho discorda.
- O caminhoneiro não é o grande vilão das estradas.
Isso é uma injustiça! Ele é um profissional extremamente responsável, pai de
família, recebe orientações e cursos profissionalizantes
das empresas para quem ele trabalha. O caminhão é a ferramenta de trabalho dele
e ele tem que zelar pelo caminhão, não pode estar tomando rebite.
Ele diz que a maior parte dos acidentes é causado
por motoristas de carros particulares.
- O veículo particular, sim, está associado a
álcool e a drogas. Se houvesse nesse País, uma estatística para determinar
verdadeiramente quais são os acidentes provocados por caminhões, eu garanto que
o índice seria muito menor.
Márcio de Andrade, no entanto, explica que vários
fatores geram acidentes: as condições das vias, das placas de sinalização,
imprudência, negligência, imperícia, estrutura viária aumento da frota.
- É necessário investir no transporte público de
qualidade para que o condutor se sinta confortável e7para deixar o veículo em
cada e usar o transporte coletivo de massa, diminuindo o número de veículos nas
ruas.
Para o especialista regras mais rígidas, como
prisão para quem dirige embriagado, podem reduzir o número de acidentes.
- Além disso, se o governo investisse mais em
campanhas educativas e em fiscalização, poderia haver uma redução no número de
acidentes.
Fonte: O Norte