quarta-feira, 25 de abril de 2012

1.200 crianças são prejudicadas




Doentes estão, há mais de três meses, sem a "bombinha", principal medicamento contra as crises de asma

Respiração ofegante, peito pesado, noites mal dormidas e muitas idas e vindas ao hospital. Essa tem sido a rotina da pequena Nívia Oliveira, 4. Ela está há mais de três meses sem tomar o beclometasona aerossol, medicamento da conhecida "bombinha", que diminui as crises de asma, evitando atendimentos de emergência e até internações. Nívia é uma das 1.200 crianças que sofrem com a falta do remédio, segundo a médica que lida diariamente com asmáticos, Alexssandra Maia.

O remédio está em falta nos postos de saúde da Capital, nos hospitais Albert Sabin e do Coração e até nas prateleiras das farmácias de Fortaleza. "Minha filha já foi internada várias vezes e não passa mais um dia sem ter uma crise. Era para ela tomar diariamente o remédio. Estou sofrendo muito por ver a Nívia doente", destaca Márcia Barros, garçonete e mãe da menina.

Conforme Alexssandra Maia, essa medicação era antes distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o Programa de Atenção Integral à Criança com Asma (Proaica) no Ceará. "No momento, existe um total desabastecimento, e cerca de 1.200 crianças estão sofrendo muito sem beclometasona", conta médica pneumopediatra .

Para a profissional, a falta da medicação tem repercutido, inclusive, nas rotinas hospitalares. Segundo ela, já é notório o aumento de crianças com crises e precisando de leitos nas unidades do município e do Estado. "Com as chuvas, os pequenos acabam adoecendo mais e ficando mais vulneráveis", explica.

Conforme a médica pneumopediatra, a Promotoria de Justiça de Saúde já está ciente do caso, já foram enviados ofícios informando a gravidade da situação. Alexssandra Maia diz que o laboratório farmacêutico foi procurado para informar os motivos do desabastecimento.

"Até agora, ninguém conseguiu explicar o motivo real. Só sei que houve um problema com o gás que produz o remédio e tiveram que tirar o estoque, mas não repuseram ainda. Tem que agilizar isso", afirma a médica.

O Ministério da Saúde informa não ter tido conhecimento ainda do total desabastecimento no Ceará, mas reforça que a compra e a distribuição deste medicamento é de total responsabilidade do Estado e do município.

"O beclometasona aerossol oral faz parte do chamado componente básico da assistência farmacêutica. Os municípios e Estados têm autonomia para disponibilizá-los conforme a demanda da população. O Ministério publica, a cada dois anos, uma Relação Nacional de Medicamentos. A partir dela, cada município faz sua própria lista", detalha.

Solicitação

A Célula de Assistência Farmacêutica (Celaf), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informa que o medicamento já foi solicitado para compra, o processo encontra-se em fase de conclusão. "Finalizado o pregão nº 6, o medicamento será entregue o mais rápido possível pela empresa vencedora, normalizando a sua distribuição", detalha.

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) avisa que estava tentando garantir a compra de algumas doses para os hospitais, mas aguarda regularização da situação por parte da SMS.

IVNA GIRÃO
REPÓRTER




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