quinta-feira, 14 de junho de 2012

Países emergentes podem criar fundo para sustentabilidade


A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável vai até o dia 22 de junho

Rio de Janeiro. As negociações da Rio +20 começaram oficialmente, ontem, com uma proposta dos países em desenvolvimento para a criação de um fundo de US$ 30 bilhões por ano para o desenvolvimento sustentável. A sugestão elaborada pelo G77, bloco que reúne um grupo de 130 países pobres e emergentes, na última rodada de negociações informais, no começo do mês em Nova York deve ser um dos debates mais acalorados da conferência realizada no Rio de Janeiro.

"A proposta tem grande respaldo no grupo e faz parte da negociação conduzida", disse o negociador-chefe do Brasil, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo. Segundo ele, a discussão sobre financiar o desenvolvimento sustentável é crucial, especialmente quando os países doadores, os mais afetados pela crise econômica, "se retraem quanto a compromissos assumidos no passado e têm dificuldades de projetá-los no futuro".

Figueiredo não deu detalhes sobre a proposta. Não está claro quem seriam os doadores, nem se os países emergentes fariam alguma contribuição. No Rio fala-se, porém, em dinheiro novo, ou seja, o fundo não poderia ser constituído com verbas remanejadas de programas de assistência ao desenvolvimento já implementados.

Compromisso

Ontem, a presidente Dilma Rousseff (PT) pediu o compromisso de todos os países com um modelo de desenvolvimento sustentável que não oscile segundo a economia e seja baseado em três princípios: "incluir, crescer, preservar". Ela criticou países ricos pelas medidas para enfrentar a crise econômica. Na visão da presidente, os ajustes trazem retrocessos sociais e ambientais. "Vemos conquistas dos países avançados na área da inclusão e do desenvolvimento social sofrerem duro revés. Não consideramos que o respeito ao meio ambiente só se dá em fase de expansão do ciclo econômico", disse.

A presidente tem feito reiteradas críticas às medidas adotadas por países europeus como Grécia, Espanha, França e Alemanha, especialmente em relação ao corte de gastos e de benefícios sociais. Ao citar o exemplo brasileiro de "redução definitiva e perene da desigualdade com inclusão e justiça social", ela afirmou que o modelo será mantido independentemente da economia.

Dilma foi ao Parque dos Atletas, vizinho ao Riocentro, sede da conferência mundial, acompanhada de dez ministros. Ela visitou o Pavilhão Brasil, onde o governo mostrará em vídeos e exposições experiências brasileiras de sustentabilidade.

Dilma citou dados ambientais como exemplo do crescimento sustentável. Segundo ela, o desmatamento foi reduzido em 77% desde 2004 e o Brasil é responsável por 75% das áreas de preservação ambiental criadas no planeta deste 2003.

Críticas

A formulação do novo Código Florestal pelo governo brasileiro foi criticada no terceiro dia de uma conferência paralela à Rio+20, que reúne pesquisadores do Brasil e de fora do País, na PUC-Rio. Segundo eles, o texto que está no Congresso coloca espécies brasileiras em risco porque diminuiu áreas florestais.

Para Lidia Brito, diretora de política de ciência da Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura (Unesco), os cientistas brasileiros precisam se posicionar antes que a lei seja aprovada.

Fonte:Diario do Nordeste

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