Após assembleias, motoristas e
cobradores de ônibus aprovaram a greve. Sindiônibus deve ser informado da
paralisação ainda hoje
Motoristas
e cobradores de ônibus decidiram entrar em greve a partir da próxima
terça-feira, 19. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do
Ceará (Sintro) deve entregar, na manhã de hoje, o aviso de suspensão dos
serviços, por tempo indeterminado, ao Sindicato das Empresas de Transporte de
Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).
Depois de
aprovarem a paralisação no fim da tarde de ontem, motoristas e cobradores
organizaram manifestação, que foi até o shopping Benfica. Por mais de uma hora,
pelo menos sete ônibus bloquearam a avenida Tristão Gonçalves, na frente da
sede do Sintro, de onde partiram os manifestantes.
Logo se
formou um engarrafamento na avenida Imperador. No percurso, os manifestantes
convocavam para participar do protesto os colegas que trabalhavam nos ônibus.
Alguns paravam os veículos, e os passageiros eram obrigados a descer. Às 18
horas, uma multidão de passageiros aguardava a chegada dos coletivos em frente
ao shopping, na avenida Carapinima.
Todavia,
ainda há esperança de que seja encontrada proposta de consenso entre motoristas
e empresários. O Sintro não descarta o adiamento da greve caso seja apresentada
uma contraproposta do Sindiônibus, que tem até segunda-feira, 18, para formular
a alternativa. Presidente do sindicato patronal, Dimas Barreira confirma que
procurará reunir-se com o Sintro antes de segunda: “Convocaremos reunião no fim
de semana, se necessário”.
A
paralisação de motoristas foi definida em duas assembleias, realizadas na manhã
e na tarde de ontem, na sede do sindicato. Dos cerca de 600 trabalhadores
presentes, a maioria se posicionou favorável ao movimento paredista.
Além do
Sindiônibus, também devem receber o aviso de greve a Prefeitura de Fortaleza e
o Governo do Estado, já que os trabalhadores do transporte metropolitano
aderiram à interrupção das atividades.
De acordo
com o Sintro, a greve deveria começar já na próxima segunda-feira, 18. No
entanto, como a intenção é impedir a saída dos coletivos ainda nas garagens, a
paralisação começará oficialmente na terça, 19, pela manhã.
Domingo
Neto, presidente do Sintro, justifica a suspensão do serviço: “Quem decidiu
pela greve não foram os trabalhadores, mas o Sindiônibus. Eles não estão
abertos à negociação. Nós não queríamos a greve, mas o Sindiônibus não se
preocupa com o usuário”. Dimas Barreira rebate: “Se uma greve se inicia, a gente
vai para um processo de dissídio coletivo. E quem passa a decidir é o TRT.
Vamos jogar tudo das negociações fora. Não é benefício para ninguém”.
Domingo
adianta que o Sintro irá cumprir todas as exigências da Lei da Greve e as
determinações que forem estabelecidas pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Trabalhadores
Trabalhadores
Um
motorista, cuja identidade O POVO opta por preservar, avalia que os lucros
obtidos pelas empresas justificam o pedido de reajuste. “Dobrou o número de
passageiros. E qualquer prejuízo que se tenha no ônibus é a gente que paga”,
protesta. Outro condutor se queixa das suspensões.
ENTENDA
A NOTÍCIA
Já foram
realizadas oito rodadas de negociação entre motoristas e empresários e não
houve avanço. Sintro pede aumento de 15%, mas o Sindiônibus oferece 4,88% de
reajuste. O sindicato dos trabalhadores reduziu o pedido de 25% para 15%.
Saiba
mais
Da pauta
de negociações do Sintro, constam 48 itens. Um exemplo é o fim da dupla função
de motorista e cobrador em micro-ônibus, além de seguro saúde, redução de carga
horária para trabalhadores estudantes em dias de prova.
A Lei de
Greve prevê que os trabalhadores de serviços essenciais informem, com
antecedência de 72 horas, as empresas e os usuários antes de deflagarem greve
O Sintro
pede um reajuste de 15% no salário, cesta básica de R$ 80, além de vale
refeição de R$ 12. O sindicato das empresas de ônibus propõe aumento de 4,88% e
manutenção dos valores já praticados nos demais benefícios.
O Sintro
reivindica salário de R$ 1.463,95 para motoristas e de R$ 844,10 para
cobradores. Os salários atuais são, respectivamente, R$ 1.273 e R$ 734. A cesta
básica é de R$ 70 e o vale refeição é de R$ 7. O sindicato também pede a
redução da jornada de trabalho de 7h20min para 7 horas.
Fonte: O
Povo
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