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segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Prejudicados pelo cansaço e pela greve
Para evitar atrasos, vários candidatos "madrugaram" nos terminais de ônibus e nos locais de prova
Além da tensão de prestar vestibular, estudantes tiveram outros "inimigos" no segundo dia de realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em Fortaleza. O cansaço e a insegurança pesaram, principalmente para os alunos da rede estadual, que ficaram cerca de dois meses sem aula por conta da greve dos professores. Outra reclamação foi o tempo de prova considerado curto - de cinco horas e meia, no máximo - para a realização de 90 questões de matemática e suas tecnologias, linguagens, códigos e a redação.
Tirando uma hora para feitura do texto e meia hora para marcar o cartão, sobram apenas três horas e meia, uma média de dois minutos e meio para se dedicar a cada uma das questões. "Está sendo muito puxado. As provas são longas, muito texto e pouco tempo. A canseira está batendo. Estou louca que acabe logo toda essa maratona", comentou a jovem estudante, Ingrid Costa, 18 anos.
Diferente do sábado, em que muitos alunos perderam a prova ao se atrasarem, a turma tentou ser mais pontual. Por temor de encontrar os portões fechados, da demora dos ônibus ou dos engarrafamentos, candidatos "madrugaram" nos terminais de ônibus, nas paradas dos coletivos e nos locais de prova. Já às 9h30, uma hora e meia antes da liberação das entradas, foi possível encontrar filas se formando nas escolas e pessoas sentadas nos batentes tentando revisar algum conteúdo de última hora.
AtrasoMesmo assim, alguns se atrasaram. Na Universidade Estadual do Ceará (Uece), por exemplo, pelo menos três alunos foram proibidos de fazer a prova. Estavam ou sem documentos ou chegaram após o meio-dia. Bastante chateada, a estudante Rafaela Souza, 22 anos, nem acreditou quando viu os portões fechados na Uece. Ela até quis botar a culpa no trânsito, na falta de ônibus, mas depois confessou. "Tive outros problemas e acabei relaxando mesmo com o horário e saí tarde de casa. Uma pena. Próximo ano faço novamente", comentou a jovem. No sábado, 25,29% dos mais de 5,3 milhões de candidatos faltaram às provas de ciências humanas e ciências da natureza, o que representa mais de 1,35 milhão de candidatos.
Mesmo com o movimento mais intensificado e as longas filas nos terminais do Papicu e da Parangaba, não houve tumulto. O trânsito ficou saturado, principalmente no centro da cidade, na Avenida Washington Soares, Bezerra de Menezes e demais vias de grande concentração de escolas. "Eu esperei muito tempo na parada de ônibus. A sorte foi que eu sai cedo de casa. Nem deu zebra", afirmou Patrícia Oliveira, 16 anos.
Em nota, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) afirmou ter reforçado a frota de coletivos. Além dos ônibus que já costumam circular aos sábados e domingos, 80 veículos extras fizeram o deslocamento da população.
A aluna Samara Brito, 17 anos, disse até ter se saído bem na prova de sábado, fez uma boa pontuação, mas achava que poderia ter rendido mais. "Minha escola ficou dois meses sem aula. Uma injustiça se comparado com os alunos da rede particular. Ficamos em desvantagem. Vi que tinha uns conteúdos que caíram que eu não tinha tido aula sobre o assunto", lamentou a pré-universitária.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) reconhece a quebra no ritmo da aprendizagem dos alunos. Entretanto, informa que foram realizadas, ainda em 2010, ações importantes para que os alunos se preparassem por meio de programas e aulões nos fins de semana.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
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