segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lula suspende viagens e inicia tratamento hoje


A primeira sessão de quimioterapia do tratamento de Lula contra o câncer na laringe acontece hoje, em SP
São Paulo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu sua agenda de viagens nacionais e internacionais dos próximos três meses para se dedicar ao tratamento do câncer diagnosticado em sua laringe. Os compromissos estão cancelados até o fim de janeiro de 2012.

O ex-presidente começa hoje, às 9h, o tratamento médico. Ele passará o dia todo no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde permanecerá internado até terça-feira pela manhã. Para hoje, está marcada a primeira sessão de quimioterapia destinada a combater o tumor.

Ontem, em seu apartamento em São Bernardo do Campo, São Paulo, Lula evitou os amigos, mesmo os mais íntimos, e cercou-se da mulher, Marisa Letícia, dos filhos e dos netos. Não perdeu o bom-humor e as tiradas que marcam sua trajetória.

No sábado, ao ter a confirmação de que o tratamento contra o câncer pode fazê-lo perder o cabelo e a barba, reclamou, lembrando que terá em fevereiro, no carnaval, um compromisso inadiável: o desfile da escola de samba Gaviões da Fiel, do Corinthians, seu time do coração.

Recluso, Lula evitou até a varanda do apartamento, de onde sempre vê o movimento na rua e na quadra de futebol ao lado do prédio. Sua única aparição foi num relance, flagrado pelos fotógrafos, em que ele brincava com o neto Pedro, de um ano e dois meses.

A única visita ontem foi a do médico pessoal do ex-presidente, o cardiologista Roberto Kalil, diretor de cardiologia do hospital Sírio-Libanês. Kalil fez uma visita de meia hora. Ao sair, o médico disse que Lula estava extremamente bem humorado e confiante. Kalil disse não poder avaliar se a doença irá prejudicar a participação de Lula na articulação política do Partido dos Trabalhadores.

O médico Luiz Paulo Kowalski, que faz parte da equipe do Sírio-Libanês que cuida de Lula, disse que o câncer do ex-presidente tem como causas o tabagismo e a herança genética. A doença levou à morte dois de seus irmãos.
Fonte: Diario do Nordeste. 

sábado, 29 de outubro de 2011

Gastos do Ministério do Esporte ultrapassam R$ 5 bilhões


Projeções feitas pelo Ministério do Planejamento para o ano que vem mostram que os investimentos e despesas do Esporte vão se multiplicar, na carona de eventos mundiais. Só os jogos olímpicos receberão em 2012 R$ 835 milhões.
O ritmo de gastos nos últimos oito anos e nove meses desenha uma curva cujo ápice coincide com a realização dos jogos Pan Americanos de 2007. A explosão de gastos nos jogos aumentou as preocupações com realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, eventos que dão maior visibilidade ao ministério. Em 2007, os gastos estimados em R$ 409 milhões saltaram para R$ 3,7 bilhões, em meio a denúncias de superfaturamento nas obras do Pan.
Entre 2003 e 2010, as pontas da curva de gastos, o orçamento do Ministério do Esporte cresceu 500%. Análise feita com base em dados registrados pelo Tesouro Nacional e pesquisados pela ONG Contas Abertas mostra, porém, que nenhuma ação do ministério supera os custos do programa Esporte e Lazer na Cidade, de grande apelo político no Congresso Nacional.
Destinado ao desenvolvimento e implantação de núcleos de esportes nos municípios, o Esporte e Lazer na Cidade é destino de boa parte das emendas parlamentares apresentadas no Congresso. Desde o início da gestão PCdoB, consumiu R$ 1,2 bilhão.
O valor é três vezes maior do que o destinado ao treinamento de atletas no programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento. E 24% maior do que o custo do Rumo ao Pan.
O programa Esporte e Lazer na Cidade foi alvo de auditorias da Controladoria Geral da União (CGU), que identificaram o desvio de verbas públicas, além da falta de prestação de contas ou licitações com suspeita de favorecimento. Em São Valério da Natividade (TO), uma quadra de esportes foi construída ao final de estrada de terra e tão distante do centro que caiu em desuso. Em Santo Antonio de Palma (RS), outra quadra foi construída com dinheiro público e reservada a uma comunidade religiosa.
O Orçamento de 2012 ainda ganhará o reforço de emendas no Congresso Nacional. A proposta inicial do governo partiu de R$ 1,6 bilhão de gastos. Além dos R$ 835 milhões destinados aos Jogos Olímpicos, sobretudo por meio de repasses às confederações, o projeto de lei orçamentária prevê R$ 230 milhões de gastos em ações de promoção e monitoramento da Copa do Mundo. O programa Segundo Tempo, pivô da queda de Orlando Silva, o governo prevê a aplicação de R$ 190 milhões em 2012. As informações são do jornalO Estado de S. Paulo.

Fonte: Diario do Nordeste

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Alunos do IFCE temem perder o semestre



A maioria dos alunos do Instituto Federal do Ceará (IFCE) continua sem previsão de retorno às aulas. A rotina de estudos continua alterada e os prejuízos no desenvolvimento das pesquisas se acumulam ao longo desses três meses de paralisação - começou em 1º de agosto. Dos 23 mil alunos matriculados nos cursos presenciais e a distância., apenas cinco mil voltaram às aulas.

Isso porque, até agora, apenas os campi de Acaraú, Cedro, Crato, Iguatu e Juazeiro do Norte, além do campus avançado de Aracati, retornaram suas atividades após a decisão nacional de suspensão da greve.


Ao todo, são 23 campi e campus avançado do IFCE em todo o Estado. Na Capital, são sete mil alunos. A greve é nacional, mas cada uma das sedes tem autonomia para decidir pela paralisação, que tem duração indeterminada. Representantes do Sindicato de Servidores do IFCE (Sindisifce) alegam que precisam trabalhar a pauta local de reivindicações para decretar a suspensão.


Carga de 30 horas para chefe administrativo, progressão funcional dos professores, inclusão no regime de dedicação exclusiva, além da formação de grupos de trabalho para discutir a administração da instituição, são alguns dos pontos de interesse levantados pela categoria. Está marcada para hoje uma reunião entre as lideranças sindicais e o reitor.



De acordo com o reitor do IFCE, Cláudio Ricardo Gomes de Lima, havia o compromisso de dialogar com a categoria quando fosse resolvida a pauta nacional. “Estamos cumprindo o que foi acertado. Esperamos que a greve acabe, já que os prejuízos são enormes para a sociedade”, comenta.


Caso a categoria opte pela continuidade da greve, o reitor do IFCE não descarta a possibilidade de perda do semestre. “Acho que o bom senso deve liderar e a categoria retorne às atividades. Porém, se insistirem nesse processo, há risco sim”.


Para o membro da direção do Sindisifce, Eulálio Costa, a decisão de continuidade da greve está vinculada à aceitação das condições apontadas. “Vamos tentar dialogar os pontos que estamos sofrendo”, detalha. Na próxima terça-feira, às 15 horas, será realizada assembleia na reitoria para discutir as propostas apresentadas e decidir sobre a continuidade da greve.


O estudante Vitor Carvalho, 23, do oitavo semestre do curso de Engenharia de telecomunicação, tem aproveitado a falta de aulas para acompanhar as assembleias.


Ele ficou surpreso com o longo período de paralisação. “Dizem que vão compensar as aulas, mas já sei que vai ser difícil me formar no próximo ano”, calcula. Para ele, a greve tem prejudicando os alunos. “O governo deveria iniciar logo uma negociação para definir a situação”.

Confronto das ideias
Você é a favor da continuidade greve no IFCE?

SIM 
Compromisso
“A decisão do Ceará em continuar na greve é legítima e serve para trabalhar a pauta local de reivindicações. Quem está sendo intransigente é o governo federal. Temos o compromisso de minimizar os prejuízos gerados pela greve. Vamos fazer o que for possível para repor as aulas”.


Venício Soares de Oliveira, diretor do Sindisifce


NÃO 
Desnecessária
“A greve tem prejudicado os alunos e o desenvolvimento das pesquisas. Todo esse tempo sem aulas chega a ser um absurdo. Foram feitas várias assembleias, mas nada foi resolvido ainda. A continuidade da greve é desnecessária. Os alunos acabam se sentindo desanimados”.

Marcos Medeiros, estudante de engenharia de telecomunicações

Viviane Gonçalves 
OPOVO


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Aprovada multa de até R$ 4 mil por trabalho irregular em feriado




A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, nesta quarta-feira (24), projeto de lei do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) que atualiza o valor da multa aplicada ao empregador que não concede repouso semanal remunerado ao empregado ou deixa de pagar pelo trabalho em feriados. A matéria recebeu decisão terminativa da comissão.

De acordo como a proposta aprovada (PLC 43/11), o valor da multa deverá ficar entre R$ 40,25 e R$ 4.025,33, a ser aplicada em função da natureza da infração, de sua extensão e da intenção de quem a praticou. A reincidência e a oposição à fiscalização, além do desacato à autoridade, levarão o infrator a receber a penalidade em dobro.

O relator da matéria na CAS, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), recomendou a aprovação do projeto por concordar com a necessidade de atualização do valor da multa, estabelecida pela lei que trata do repouso semanal remunerado e do pagamento de salário nos feriados (Lei 605/49). Na opinião do senador, como o valor atual é irrisório, não inibe o mau empregador nem pune efetivamente o descumprimento desses direitos.

Portaria ministerial, explicou o relator, regulamentará os critérios para a definição do valor da multa a ser aplicada. Esses parâmetros, disse o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), são motivos de preocupação, uma vez que há grande diferença entre os limites mínimo e máximo.

Se não houver recurso para que seja votado pelo Plenário, o projeto seguirá direto à sanção presidencial, já que o Senado não alterou o texto vindo da Câmara. 

Da Agência Senado

79% das rodovias no CE estão em má qualidade


Entre as regiões do País, o Nordeste ocupa a terceira posição quanto à qualidade das rodovias. Sudeste e Sul lideram

Fortaleza. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em todo o País, revela que 79% dos 3.269 quilômetros de estradas federal e estadual no Ceará estão em má qualidade. O resultado foi divulgado ontem. São 2.584 quilômetros de rodovias no Estado classificados entre regular, ruim e péssima.

A pesquisa avaliou as condições das rodovias de todos os Estados brasileiros, levando em conta aspectos de administração pública ou privada, sinalização, pavimentação, além de outros itens de infraestrutura.

No caso do Ceará, a pesquisa mostrou que uma estrada federal, a BR-403, na Região dos Inhamuns, e a CE-138, no extremo Leste do Estado, foram consideradas péssimas.

São tidas como ruins, outros trechos da BR-403 (na Zona Norte e nos Inhamuns), e das BRs 404 (nos Inhamuns), a 122 e 230 (no Sul). Já as CEs em situação ruins foram apontadas a 292, 386 (no Sul) e a 060 (no Norte do Estado). Ao todo, somam 1.332 quilômetros em situação regular; 977 quilômetros ruins; e 275 quilômetros em péssima situação.

No tocante à pavimentação, são 1.413 quilômetros regulares, 637Km ruins e 200Km péssimos. No aspecto de sinalização, a pesquisa aponta 930Km em situação regular, 833Km ruins e 633Km em péssimo estado.

Para o coordenador do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Márcio Moura, a pesquisa é reveladora das distorções regionais. Enquanto os Estados do Sul, que privatizaram suas rodovias, apresentam mais de 40% em boa avaliação, esse número não ultrapassa 5% na região do Nordeste, onde todas as estradas são administradas pelo serviço público.

No entanto, ele observa que, ao mesmo tempo em que os proprietários de empresas de transporte reclamam da qualidade das rodovias federais, essas são as principais responsáveis pela precarização da pavimentação. Ele disse que o excesso de carga tem sido um fator preponderante para reduzir a vida do útil do asfalto. Ou seja, uma pavimentação que deveria durar cinco anos, hoje gira em torno de dois anos.

"Temos feito constantes operações para averiguar cargas acima do peso dos caminhões e, ao longo de 2011, já foram registrados mais de 600 veículos com peso acima da carga permitida. Somente com a Operação arga Pesada, desencadeada em setembro passado, foram apreendidos mais de 200 toneladas de produtos transportados acima do peso permitido", disse ele.
Recuperação


Enquanto isso, o diretor de Planejamento do Departamento Estadual de Rodovias (DER), Joaquim Percílio, considerou a pesquisa desatualizada. Ele disse que os itens apontados como ruins e péssimos já foram objeto de recuperação e das atividades de tapa buraco. Citou como exemplo a CE-060, que foi totalmente recuperada no trecho compreendido entre Aracoiaba e Quixadá, e a CE-292, que liga os Municípios de Juazeiro e Barbalha até a BR-116.

Joaquim Percílio disse que a precarização das rodovias estaduais decorreram da erosão provocada pelas chuvas que foram intensas este ano, mas também porque alguns trechos funcionaram como "rota de fuga" para BR-222. Ou seja, os motoristas, para evitar os buracos, recorriam as CE-257, que liga Santa Quitéria a Canindé, ou 085 (também conhecida como Sol Poente), ligando Itapipoca a Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Nacional

Mais da metade das rodovias brasileiras pode ser considerada de qualidade ruim, péssima ou regular. A 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011 constatou que 12,6% da malha são consideradas ótimas; 30%, boas; 30,5%, regulares; 18,1%, ruins; e 8,8% estão em péssimas condições. Isto equivale a 57% em má qualidade.

Nesta edição do levantamento, 92.747Km foram avaliados, o que representa 100% da malha federal pavimentada, as principais rodovias estaduais pavimentadas e as concessionadas. São 1.802Km a mais do que o analisado na pesquisa realizada anteriormente.

O objetivo do estudo, realizado pela CNT e pelo Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat), é avaliar as condições das rodovias brasileiras pavimentadas segundo aspectos perceptíveis aos usuários, identificando as condições das vias - em relação ao pavimento, à sinalização e à geometria da via - que afetam o conforto e a segurança.

Para fazer a análise, 17 equipes da CNT percorreram o Brasil durante 39 dias, entre 27 de junho e 4 de agosto deste ano. Os resultados são apresentados por tipo de gestão (pública ou concedida), por tipo de rodovia (federais ou estaduais), por região e por unidade da Federação brasileira.
Regiões

Como nos anos anteriores, a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte aponta que o Sudeste do País é a região que apresenta as melhores condições de rodovias. Do total de 26.778Km avaliados, 24,6% são classificados como em ótimo estado; 30,7% como bom; 28,2%, regular; 13,2%, ruim e 3,3%, péssimo.

Logo em seguida, aparece a Região Sul, com 19,7% do total de 16.199Km analisados como em ótimo estado; 40,7% em bom estado; 26,3% classificadas como regulares; 10,7% como ruins e, ainda, 2,6% como péssimas.

O Nordeste, por sua vez, com 25.820Km estudados, possui 3,8% das estradas ótimas; 33%, boas; 32,8%, regulares; 17,7%, ruins e 12,7%, péssimas.

Dos 14.151Km de rodovias avaliados no Centro-Oeste, 6,4% estão em ótimas condições; 22,7% em bom estado; 35%, regulares; 26,7%, ruins; e 9,1% em péssimo estado.

O Norte, por sua vez, com 9.799 km analisados, conta com apenas 0,8% das estradas avaliadas como ótimas; 12,7% como boas; 31,4% como regulares; 31,8% como ruins e 23,2% como péssimas.
Pavimento

Em relação à qualidade de pavimentação, os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2011 mostram que 46,6% das estradas apresentam pavimento ótimo; 5,5%, pavimento bom; 33,9%, regular; 11,2%, ruim; e 2,8%, péssimo. Nesse quesito são observados itens como se o pavimento está perfeito, com buracos e se obriga redução da velocidade.

De acordo com o estudo, o pavimento das rodovias, em geral, apresenta defeitos que acabam prejudicando a atividade de transporte de cargas e de passageiros no país.
Sinalização

Sobre os aspectos de sinalização, são conferidas as condições das faixas, visibilidade e legibilidade de placas. Da malha analisada, 16,6% tiveram sua sinalização classificada como de ótimo estado; 26,5% como bom; 28,7%, regular; 14,3%, ruim e 13,9%, péssimo.

A variável geometria da via identifica as soluções de engenharia implantadas nas rodovias para atenuar o impacto das condições de topografia e relevo sobre o deslocamento de veículos, aumentando a segurança dos usuários.

Geometria da via inclui itens como pista simples de mão dupla, faixa adicional de subida, pontes e viadutos, entre muitas outras variáveis. Da extensão pesquisada, 88,3% é de pista simples de mão.

O estudo da CNT identificou que 4,2% da extensão avaliada teve sua geometria classificada como ótima (3.895Km). Outros 19% estão como bons; 27,3% como regulares; 17,5%, ruins; e 32%, péssimos.

Por isso, ainda de acordo com o documento, melhorias do tipo duplicação, implantação ou melhoria da faixa adicional de subida, e melhoria da sinalização e proteção das curvas e pontes precisam ser urgentemente empregadas.
Sudeste
57% do total de rodovias pesquisadas no País também estão em má qualidade, nas classificações de regular, ruim ou péssima. As melhores rodovias estão situadas na Região Sudeste
 Fonte: Diario do Nordeste.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Médicos do SUS suspendem atendimento por 24 horas


Os setores de urgência e emergência foram os únicos não afetados; 21 Estados do País participaram do protesto

Às 11 horas da manhã de ontem, o ambulatório do Hospital Albert Sabin estava praticamente vazio. As poucas pessoas que chegavam ouviam logo na recepção que todas as consultas e procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) teriam de ser remarcados. A unidade de saúde foi uma das que aderiu à paralisação nacional dos médicos do SUS durante toda a terça-feira. Os atendimentos foram suspensos durante 24 horas em 21 Estados do Brasil, dentre eles o Ceará. Apenas os setores de urgência e emergência não foram afetados.

Uma dona de casa que não quis se identificar chegou cedo ao Hospital Albert Sabin para a consulta de acompanhamento da filha mais velha, que havia marcado há quatro meses. Quando chegou, se deparou com a notícia de que nenhum médico do ambulatório da unidade faria atendimento devido à paralisação. "Vou esperar até março para uma nova consulta. Ainda bem que é só acompanhamento, não é nada grave. Mas é um transtorno você sair da sua casa, chegar cedo, para não ser atendido", disse.

Durante toda a manhã, apenas uma médica ficou no hospital para atender somente a casos mais graves e que não poderiam esperar pela remarcação. Segundo a assessoria do Albert Sabin, somente as consultas foram suspensas. As cirurgias eletivas marcadas para o dia aconteceram normalmente. A assessoria informou ainda que o hospital não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a paralisação, mas que os médicos que compareçam pela manhã logo aderiram à greve e que todas as consultas adiadas ontem foram remarcadas sem transtornos.
Resultados


Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), José Maria Melo, embora ainda não seja possível contabilizar quantos profissionais aderiram à paralisação dos médicos do SUS no Ceará, o resultado da ação foi positiva.

Para ele, a suspensão não trouxe mais prejuízos à população além dos que a própria defasagem do SUS têm causado. "Nós só paramos um dia. Mas todo dia morre gente em fila de hospital pelas condições precárias de saúde", afirma.

O objetivo da paralisação era protestar contra as baixas remunerações e más condições de trabalho na rede pública, além da falta de recursos destinados ao SUS. A reivindicação salarial da categoria na Capital já é negociada com a Prefeitura. Uma nova reunião dos representantes dos dois setores deverá ocorrer no início de novembro.

A paralisação nacional foi coordenada pela Comissão Pró-SUS, composta por representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Ainda ontem, foi realizada uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Ceará em homenagem aos 70 anos do Sindicato dos Médicos do Ceará.
Longa espera

No Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o cenário foi diferente do observado no Hospital Albert Sabin. Os serviços do ambulatório da unidade funcionaram normalmente e nenhum procedimento foi desmarcado. Filas e muita espera marcaram o dia na unidade.

Segundo o médico clínico do HGF, Sérgio Liebmann, profissionais da unidade não atendem pelo SUS, por isso não suspenderam o atendimento. "Eles atendem pelo Ministério da Saúde, pelo Município e pelo Estado. Não tem motivo para pararmos", explica. Ao contrário do Albert Sabin, apenas as cirurgias eletivas estão suspensas desde a semana passada no HGF, porém, os serviços de urgência e emergência funcionam normalmente.

Liebmann afirma ainda que, por conta da grande demanda, a demora para marcar procedimentos e ser atendido pode ser longa. "Era preciso que as redes primárias e secundárias da saúde funcionassem de forma adequada. Temos uma demanda enorme, não temos condição de atender a todos. Você vê vans trazendo gente de outros municípios para ser atendida aqui todo dia. Vem gente de todo o Estado. Fica difícil", relata.

A cabeleireira Rita de Cássia Castro Silva esperava há quase duas horas para ser atendida em sua consulta de retorno após 15 dias de uma cirurgia. "Estou recém-operada, ainda sinto dor. É muito desconfortável ficar tanto tempo sentada", reclamou.
Dentistas

Os dentistas da rede municipal de Fortaleza também fizeram uma manifestação ontem, Dia do Dentista. Eles se vestiram de preto e afirmaram que a saúde está de luto na Capital. A categoria está de greve há seis dias, e realiza apenas procedimentos urgentes ou emergentes.

Os dentistas pedem gratificações dos planos de cargos e carreiras e melhores condições de trabalho.
REGINA PAZ
ESPECIAL PARA CIDADE

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Acessibilidade é problema nas vias da Capital


Três avenidas visitadas pelo O POVO apresentaram falhas quanto ao nivelamento do asfalto, mais alto que a calçada. Pedestres, especialmente pessoas com deficiência, sofrem.

A psicóloga precisou do dobro de atenção para chegar ao outro lado da rua. Tateou o chão cuidadosamente com a bengala. Os passos eram miúdos. Do contrário, Ana Kristia da Silva Martins, 23, cairia no fosso de dois palmos e meio entre uma das calçadas e a pista.

Cega desde os 18 anos em decorrência da evolução de um glaucoma, ela aceitou o convite do O POVO de visitar vias onde o excesso de asfalto aplicado pela Prefeitura de Fortaleza comprometeu quesitos básicos de acessibilidade.

A situação mais delicada encontrada pela reportagem foi no encontro da avenida Antônio Sales com a rua Nogueira Acioly. Não bastasse o drible dado na coluna de uma loja que “engoliu” parte do passeio da avenida, a jovem lidou com três desafios: a falta das faixas de pedestres (há somente sinalização vertical), o nível elevado do asfalto em relação à calçada da rua e a distância entre os dois pavimentos de ambas as vias.

Qualquer descuido resultaria em acidente. Ou algo mais grave, diante do intenso fluxo de veículos da Antônio Sales. “Em situações assim, tenho que contar com a sorte de alguém parar e me ajudar ou com o meu ouvido mesmo. Se vier um carro mais novo, desses mais silenciosos, posso morrer atropelada”, lista Ana Kristia.
 
Recorrência

Na avenida Santos Dumont, são inúmeras as ocorrências. É possível diagnosticar problemas em quase toda a via recapeada. Há pontos em que o canteiro central é apenas um filete de concreto.

Algo agravado pelo estado de conservação de algumas calçadas e a irrisória quantidade de rampas de acesso a pessoas com deficiência (física e visual) ou com a mobilidade comprometida (idosos e gestantes).

Situação similar na rua Tibúrcio Cavalcante. Há asfalto demais para calçada de menos nos cruzamentos com a avenida Santos Dumont e a rua Desembargador Leite Albuquerque. Ao ponto de caber um pé número 41 inteiro na distância entre calçada e asfalto.

Um risco, especialmente para a senhorinha que corta a rua em direção ao supermercado a passadas pra lá de despreocupadas. Além de facilitar o escoamento da água da chuva e, consequentemente, o alagamento do passeio. “Numa rodovia, você pode subir meio metro do asfalto sem tanta preocupação, porque o trânsito é quase que exclusivamente de veículos. Numa cidade, isso não pode acontecer nunca”, critica o coordenador do Laboratório de Mecânica dos Pavimentos (LMP) do curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jorge Soares.

SERVIÇO 
Solicite recapeamentos.
 
Fala Fortaleza: 0800285 0880

SER I: 3433 6800
 
SER II: 3216 1800

SER III: 3433 2501
 
SER IV: 3433 2800
 
SER V: 3433 2900
 
SER VI: 3488 3181
 
SER do Centro: 3105 1333


300
MIL toneladas de asfalto serão utilizadas pela Prefeitura até dezembro, seja em tapa-buracos ou recapeamentos.
 
90
milhões. Esse será o valor pago por insumos e serviços de 2011 inteiro. Em 2010, foram R$ 40 milhões. Em 2009, R$ 20 milhões.
 
845
vias foram beneficiadas por trabalhos de tapa-buracos e/ou recapeamentos de janeiro a outubro deste ano. Mais 129 km receberão reparos.
  
Ao contrário do que muita gente pensa, o asfalto não é o produto que vemos sendo aplicado em ruas e avenidas por equipes da Prefeitura. Aquilo é a massa asfáltica, resultado de uma mistura de asfalto (líquido fornecido pela Petrobras) com os chamados agregados (areia, pó de pedra, brita, arisco etc).
 
Desde agosto, a Prefeitura atua com duas usinas de asfalto. Uma pertence ao poder público municipal, enquanto a outra foi terceirizada e fica em Maracanaú.

Para recapear 1km de pavimento, utiliza-se, em média, 1.000 toneladas de massa asfáltica. O trecho custa cerca de R$ 200 mil aos cofres públicos.