quarta-feira, 20 de julho de 2011

VEICULOS PESADOS LEVAM RISCOS AS BR´S



Ocorrências com caminhões e ônibus correspondem a cerca de 36% dos acidentes nas BRs que cortam o Estado
Acidentes envolvendo caminhões e ônibus são potencialmente mais perigosos e vêm ocorrendo com frequência nas estradas cearenses. Ambos são veículos pesados, de grandes dimensões, e provocam um impacto maior quando ocorre uma colisão ou tombamento. No caso dos ônibus, o risco de mortes é ainda maior, por conta do número de passageiros transportados a cada viagem.

Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que os acidentes envolvendo ônibus e caminhões correspondem a 36,26% das ocorrências em rodovias federais em 2010. Foram 1.371 acidentes, com 239 feridos e 36 mortos.

Já de janeiro a junho de 2011, este número chegou a 702 dos 1.940 acidentes ocorridos no período, o que corresponde a 36,18%. No total, 122 pessoas ficaram feridas e outras 13 morreram.

Até o fechamento da edição, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) não forneceu o número de acidentes nas rodovias estaduais neste ano.
Manutenção
Além da perícia dos motoristas e das condições das estradas, a falta de manutenção dos ônibus pode concorrer para a ocorrência de acidentes. Foi o que aconteceu no último domingo, quando um ônibus tombou na BR-222 matando sete pessoas em Tianguá.

Testemunhas, que vinham do Piauí para um passeio em Fortaleza, dizem que o motorista gritou que o veículo estava sem freios. Na estrada, a aparência externa do ônibus indicava mau estado de conservação.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelo transporte de passageiros interestadual, disse que o veículo em questão era cadastrado junto ao órgão como veículo autorizatório (que realiza serviço eventual de transporte). Além disso, tinha autorização para realizar a viagem entre Teresina e Fortaleza.

Mas para ter permissão para trafegar, o veículo deve portar um Laudo de Inspeção Técnica (LIT), que tem validade de um ano. Ou seja, não há controle se são feitas manutenções antes ou depois de cada viagem. Outro problema é que a legislação da ANTT, herdada do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dner), não prevê limite para a vida útil do veículo e sua respectiva troca.

O coordenador substituto da Unidade Regional do Ceará da ANTT, Washington Marinho, acrescentou que as fiscalizações buscam coibir tanto a circulação de veículos sem manutenção em dia quanto os veículos que realizam transporte clandestino. Em ambos os casos, há a retenção do veículo.
Intermunicipal
Todos os dias, cerca de 300 veículos fazem o transporte de passageiros no Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé. Para garantir a segurança do transporte de linha regular e complementar (por meio de vans) intermunicipal, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) garante realizar vistorias nos veículos a cada chegada ou partida do terminal.

Segundo a gerente do Núcleo de Fiscalização de Transporte do Detran, Auxiliadora Abraão, além de checar se a documentação do motorista e do veículo estão em dia, os agentes verificam as condições de limpeza e conforto do veículo, além da parte mecânica, elétrica e condição dos pneus.

Caso seja constatada irregularidade, o veículo fica retido na garagem. O setor responsável não informou, ontem, quantos veículos foram flagrados em más condições.
KAROLINE VIANAREPÓRTER
ACIMA DO PESO
4.887 carros notificados no primeiro semestre
Outro temor que ronda as estradas são os acidentes envolvendo caminhões. De acordo com a Resolução número 07/2008, veículos com peso total acima de 45 toneladas ou articulados (com duas carrocerias) só podem trafegar nas rodovias federais. Mas diante das más condições destas, muitos caminhoneiros buscam as rodovias estaduais, infringindo a lei.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, só no primeiro semestre de 2011 foram flagrados 4.887 caminhões acima do peso nas CEs, enquanto durante todo ano passado foram lavrados 3.501 autos de infração por conta da prática.

"Além de diminuir a vida útil da malha viária das rodovias estaduais, que não suporta este peso, a presença desses grandes veículos aumenta o risco de acidentes. Isso porque as rodovias estaduais têm, em média, três metros de largura em cada faixa, e esses veículos tipo ´rodotrem´ possuem dimensões bem maiores. Isso aumenta o risco de colisão ou tombamento", alerta o comandante da PRE, coronel Túlio Studart.

A fim de coibir a prática, além da fiscalização nos postos, a PRE garante que vem reforçando a presença de agentes nos pontos de ligação entre as rodovias federais e estaduais. Diante do flagrante, o caminhoneiro recebe um auto de infração e é obrigado a voltar para a BR.

Exaustão

Além das condições das estradas, outro fator que concorre para os acidentes são as condições de trabalho dos caminhoneiros. Segundo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Ceará (Sindicam-CE), José Tavares Filho, a jornada de trabalho dos caminhoneiros é, em média, de 14 horas por dia, quase sempre ininterruptas. Tudo por conta da concorrência entre as empresas e a pressão para a entrega das encomendas no menor prazo possível.

"O ideal seria que os caminhoneiros tivessem jornadas de oito horas de trabalho e 11 de descanso, sendo que essas oito horas tenham intervalos de dez minutos a cada duas horas ou 100 quilômetros rodados", defende Tavares Filho.

Outro problema apontado por ele é o uso que muitos caminhoneiros fazem de inibidores de sono e de apetite, para se manter alertas e não ter que parar para se alimentar. "Chega a um ponto em que a pessoa não aguenta e pode ocorrer um acidente", explica.

O motorista Elildo Dutra largou o transporte de cargas e há seis meses trabalha numa empresa de ônibus. Ele diz que a empresa faz revisão no veículo a cada viagem e manutenção a cada 45 mil quilômetros rodados. "A vistoria é importante para as nossas vidas", afirma.


Fonte: Diario do Nordeste

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