Alfredo Nascimento (PR-AM) anunciou que vai reassumir sua cadeira no Senado; ele autorizou a quebra de seus sigilos bancário e fiscal e se colocou à disposição do Ministério Público
AGÊNCIA BRASIL
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A BR-222, no Ceará, tem quase um terço que requer cuidado dos motoristas; ao todo, são 103 Km em estado ruim.
É o segundo integrante do governo a deixar o cargo em seis meses; o filho de Nascimento teria enriquecido ilicitamenteBrasília. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), não resistiu às acusações de superfaturamento de obras e recebimento de propina envolvendo servidores e órgãos ligados à pasta e pediu demissão do cargo ontem. Em seis meses de governo da presidente Dilma Rousseff, ele é o segundo a deixar o cargo - o primeiro foi o ex-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci (PT-SP).
A crise se intensificou com a acusação de que o filho de Nascimento, o arquiteto Gustavo Morais Pereira, teria aumentado seu patrimônio de forma ilícita. A empresa de Pereira teria tido crescimento de 86.500% em dois anos, de acordo com o jornal "O Globo".
As suspeitas de corrupção no Ministério dos Transportes começaram após reportagem da revista "Veja" afirmando haver participação da cúpula do ministério em irregularidades. Segundo a reportagem, empreiteiros e consultorias de engenharia pagavam de 4% a 5% de "pedágio político" sobre o valor das obras do governo federal feitas com verbas do ministério. O caso ganhou repercussão e a presidente Dilma pediu que a Controladoria-Geral da União (CGU) investigasse as acusações.
Ontem, Nascimento afirmou que não foi informado sobre as investigações do Ministério Público Federal sobre seu filho. Ele disse que está à disposição do Ministério Público para prestar qualquer esclarecimento.
"Alfredo Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal", afirma a nota do Ministério.
Nascimento também anunciou que pretende reassumir sua vaga no Senado e a presidência nacional do PR.
Investigações
No entanto, o PSOL anunciou que vai ingressar hoje com representação no Conselho de Ética da Casa contra o ex-ministro por quebra de decoro parlamentar. O partido argumenta que, se ele não tem condições de continuar na pasta, não deve reassumir sua vaga de senador.
Segundo o senador Demóste-nes Torres (DEM-GO), a oposição no Senado irá insistir para criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Dilma já fez quatro alterações no primeiro escalão. Além da demissão de Palocci, houve o remanejamento do ministro Luiz Sérgio, da Secretaria de Relações Institucionais para a pasta da Pesca. Em troca, a ministra Ideli Salvatti, titular da Pesca, assumiu a pasta de Relações Institucionais.
Para o cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa, Carlos Melo, as mudanças evidenciam o problema estrutural do modelo de coalizão. Segundo ele, a base aliada de quase 400 parlamentares favorece as denúncias. "Quando o governo não premia todos os grupos, há um festival de denúncias e dossiês", afirmou. Leia mais em Negócios
APÓS RECLAMAÇÕES
Governo Cid ´não torceu´ por queda
Em nota, o chefe de gabinete do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), Ivo Gomes, afirmou, ontem, que o Governo do Estado não torceu pela queda de nenhum ministro.
"A chefia do gabinete do governador Cid Gomes espera que o próximo titular da Pasta (dos Transportes) recupere as BRs do Ceará, que, aliás, continuam em péssimas condições", disse Ivo Gomes no comunicado.
No último dia 7 de maio, o governador chamou o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, de "inepto, desonesto e incompetente" e de "laia" e "antro de roubalheira" a Pasta dele e o Dnit. "Há vários anos, (Nascimento) tem discriminado o Ceará e feito com que as nossas BRs tenham características absolutamente diferentes", afirmou. Nascimento, então, entrou com um processo de injúria e difamação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra Cid. A abertura do inquérito foi barrada pela Assembleia.
No último dia 9 de junho, Nascimento visitou o Ceará e pediu "desculpas" pelo estado das estradas e disse que Cid "tinha razão" ao reclamar.
O Ceará tem cerca de 1.800 Km de rodovias federais. As principais são as BR-116 e a BR-222, esta em pior estado. Segundo o próprio Dnit, a BR-222 tem quase um terço que requer cuidado dos motoristas.
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