terça-feira, 27 de março de 2012

VISÃO FORA DE FOCO


Além da obesidade, diabetes e outros males que afetam a saúde do motorista de caminhão, problemas com a visão também têm se destacado com um dos grandes inimigos enfrentados pelos carreteiros que passam muito tempo sem ir ao médico ou que não seguem as recomendações dos profissionais de saúde. Texto Evilazio de Oliveira

É difícil saber se o motorista de caminhão está enxergando bem a rodovia, os demais veículos, a sinalização de trânsito ou até mesmo os documentos que assina. Sob alegação da falta de tempo, normalmente ele procura auxílio quando a situação se agrava muito, ou, então, passa por avaliações esporádicas nas rodovias, em ações patrocinadas por órgãos do governo ou empresas particulares. Nesses casos, o carreteiro que eventualmente apresente sintomas mais graves de alguma moléstia é aconselhado a procurar ajuda médica especializada, o que evidentemente poderá não ser feito pela alegação de "absoluta falta de tempo". Enquanto isso, a tendência é de que o mal detectado progrida. Os problemas de visão dos motoristas é uma realidade muito mais grave do que se imagina.

Dados do programa Saúde na Estrada, por exemplo, criado pela Ipiranga para exames de saúde gratuitos a motoristas de caminhão, atendeu em 2011 30.792 profissionais em 14 Estados e detectou que ao menos 20% (6.158) apresentaram problemas de visão. Além disso, 70% dos motoristas examinados estão com o peso acima do normal; 22,7% apresentaram pressão arterial alterada e 12,7 % estão com o nível de açúcar acima do normal. Em Uruguaiana/RS, Comandos da Saúde nas Rodovias, envolvendo a Polícia Rodoviária Federal, Universidade do Pampa, Exército e Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) - avaliaram 222 motoristas de caminhões. A ação envolveu entrevistas e exames visuais, audição, força física, peso, diabetes, glicose, colesterol, pressão arterial e batimentos cardíacos. Ao final, 52,94% (117 motoristas) apresentaram alterações no teste de Campimetria, que mede o campo visual periférico do indivíduo. Essas alterações podem ser causadas por uma série de fatores que devem ser melhores investigados.
Conforme os resultados das avaliações, 83% dos motoristas estão acima do peso e pelo menos 50% dos entrevistados são fumantes. Em 2008, durante abordagem semelhante, o diagnóstico mais preocupante foi a grande quantidade de motoristas hipertensos, número que diminuiu este ano. As ações nas estradas permitem que o motorista fique sabendo de eventuais alterações na saúde e é aconselhado a procurar orientação médica, o que dificilmente acontece. A grande maioria apenas se submete a exames anuais determinados pelas empresas empregadoras ou o teste de acuidade visual ao renovar a CNH.

 FONTE: Revista Carreteiro

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