terça-feira, 15 de maio de 2012

Após um ano de manifestações na BR-222´ a buraqueira continua




Reportagem percorreu os 140Km feitos pelo protesto contra os buracos na BR-222 e o problema persiste

Sobral Um ano após o "Rally na BR", que protestou contra a buraqueira na rodovia, os problemas de tráfego no trecho entre Fortaleza e Sobral persistem. A viagem feita de ônibus, que antes poderia durar até quatro horas, hoje supera as cinco horas. As construtoras Delta, Camter e Getel, do consórcio responsável pelas obras, têm canteiros de obras em diferentes trechos. Onde tem homens trabalhando, o tráfego torna-se lento em decorrência das obras. É o que se verifica entre os Municípios de Sobral, Forquilha, Irauçuba e Itapajé. Onde o trabalho até agora não começou, entre Itapajé e Umirim, os motoristas enfrentam o pior trecho, pois a buraqueira é constante na via.

A rodovia foi construída na década de 70, ligando Fortaleza ao Estado do Pará, em 1.811,6Km de extensão. No Ceará, 348 quilômetros passam por reforma. Esta é a primeira vez que o trabalho inclui restauração total do asfalto.

Falta de respeito

Tendo como ponto de partida Sobral, o Rally percorreu 140Km até chegar a Umirim, trecho considerado em pior estado de conservação. O fotógrafo Wellington Macedo, organizador do "Rally na BR", diz que o motivo do protesto há um ano foi a "falta de respeito" do Ministério dos Transportes e do Dnit, em relação às lideranças políticas do Ceará.

"Governador, deputados e prefeitos, há mais de 20 anos, tentam uma solução para a recuperação definitiva da BR-222", diz ele. O protesto foi o primeiro do gênero realizado no País.

Dois dias antes do "Rally", a Empresa Guanabara havia desviado as rotas de seus ônibus devido ao estado precário da rodovia. A gerência de manutenção da empresa declarou, na época, que o maior prejuízo era o tempo perdido. As viagens de Sobral a Fortaleza dobraram a duração. O percurso esburacado também era um problema, pois o passageiro se sentia inseguro. Fora isso, o custo de manutenção dos ônibus havia aumentado com o intenso desgaste.

Com os desvios de empresas e mesmo motoristas particulares, o comércio sentiu a consequência. Em Itapajé, principal parada dos ônibus, o restaurante Brazeiros chegou a funcionar com metade da equipe, de acordo com uma funcionária. Agricultores e vendedores diversos também sofreram com a diminuição do trânsito. Barraquinhas que ficavam à beira da estrada foram abandonadas. Algumas ainda estão de pé, porém, sem uso. Ainda no ano de 2011, foram iniciadas as obras para restauração do trecho. O prazo de entrega seria de dois anos. Todo o cronograma está atrasado. Do acesso oeste a Sobral até ao distrito de Patos, são 48,8Km sob responsabilidade da construtora Delta. Alguns pontos já apresentam obras avançadas. 15,3Km estão em obras. Entretanto, nenhum trecho foi concluído.

No canteiro de obras, um funcionário da Delta, que não quis se identificar, disse que a empresa teve que parar o trabalho por duas vezes nos últimos nove meses devido a problemas encontrados no asfaltamento antigo. Trechos remendados acumulavam umidade e precisaram ser totalmente refeitos.

Quem sai de Sobral rumo a Fortaleza pela BR-222 encontra uma pista lisa, com asfalto em bom estado até Forquilha. Depois deste Município, apesar das boas condições da via, a pista ainda não apresenta sinalização horizontal. Segundo o mesmo funcionário da Delta, esta sinalização só poderá ser feita após a conclusão de todo o asfalto, o que ainda não há prazo para ser feito. No acostamento, após a saída de Forquilha, é comum encontrar grandes áreas com entulhos diversos, numa verdadeira rampa de lixo.

Paradas para obras atrasam as viagens

Saindo de Forquilha, pela BR-222, em direção ao Distrito de Patos, o trecho ainda apresenta boas condições de tráfego, porém, são necessárias duas paradas. Organizadas por técnicos de segurança da Delta, responsável pelo trecho, as paradas do tráfego viabilizam a realização dos trabalhos é uma das vias do trecho. O intervalo é de 15 minutos em média.

Próximo a saída de Patos, o motorista encontra os primeiros buracos, que aumentam à medida em que se aproxima da cidade de Irauçuba. Nesse trecho, a construtora responsável é a Camter. Nas proximidades de Irauçuba, a situação da rodovia piora, para reclamação dos motoristas. Assim fez um deles, que faz o transporte escolar na região, e preferiu não se identificar. "Os 11 quilômetros da estrada deveriam estar prontos, porém, mal o asfalto foi feito", afirmou.

Nas proximidades de Irauçuba, um carro-pipa tombou na última semana, devido à buraqueira. De acordo com o motorista do carro-pipa, Calmon Pacheco, o eixo da roda quebrou devido aos buracos e se soltou, danificando também o reservatório de água. Neste dia, a Vila São Joaquim ficou sem abastecimento.

Na saída de Itapajé rumo a Umirim são 30 quilômetros sobre buracos. O trecho tem a Getel como a empresa responsável. Crianças ficam à beira da estrada para, em troca de moedas, tapar buracos com areia tirada do acostamento.

No trecho 48,3Km, entre Sobral e Forquilha, de responsabilidade da Delta, a obra passou mais de quatro meses parada.

Nenhum trecho foi concluído, porém, uma faixa de 15Km está sendo trabalhada. Em alguns pontos, como no Km 197, falta colocar a última camada do asfalto. Segundo trabalhadores nos canteiros de obras, estão havendo demissões diárias. Acreditam ser devido às denúncias de envolvimento da empresa no escândalo do "Caso Cachoeira".

Por volta do Km 183, iniciou-se a sinalização das paradas temporárias para andamento das obras em uma das faixas de tráfego. Os trechos de paradas temporárias mudam ao longo dias conforme a continuidade das obras.

Em Itapajé, o movimento é intenso e toda a extensão da BR-222 que cruza a cidade apresenta reforma e ainda muita buraqueira.

De acordo com o gerente do restaurante Brazeiros, Antônio Eudes de Sousa Pereira, antes do início das obras na via, o tráfego de veículos na rodovia já reduziu drasticamente, de tal forma que a administração precisou demitir cerca de 20 funcionários. O restaurante passou a contar com uma equipe de menos de dez pessoas trabalhando em turnos dobrados. Carros de passeio, agências de turismo e companhias de ônibus desviaram a rota para Itapipoca, o que prejudicou a economia local.

"O trecho da BR-222 que passa pela cidade é palco de muitos acidentes", disse ele. Mesmo com as obras, quase todo dia há pelo menos um acidente. No último domingo, foram duas colisões registradas.

Fonte: Diario do Nordeste

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